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Coluna Letrados
Por: Eleandro da Silva – Professor de Educação Física/Contramestre de Capoeira
Reconhecida pela UNESCO como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, em 2014, a capoeira transcende os aspectos: luta, jogo, dança e arte. Ela se firma como uma complexa expressão de resistência, cultura e identidade afro-brasileira. No Espírito Santo, o projeto “Mais Cultura nas Escolas” materializa esse potencial, utilizando a sabedoria da roda como ferramenta para a formação integral de crianças e jovens.
Iniciado em 2023, o projeto já semeia seus frutos nos municípios de Cariacica, Guaçuí, Viana, Cachoeiro de Itapemirim e Vitória. Seu trabalho culminou, no último dia 16 de agosto, no 1º Encontro Estadual “Mais Cultura nas Escolas”, um evento que reuniu mais de 250 participantes no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). A escolha do local é simbólica: uniu o saber popular da capoeira ao rigor acadêmico, mostrando que ambos os universos não apenas coexistem, mas se fortalecem mutuamente.
A programação do encontro foi um convite à imersão. Os participantes, oriundos de oito núcleos culturais, exploraram laboratórios de pesquisa, vivenciaram oficinas culturais e, claro, celebraram o axé em vibrantes rodas de capoeira. O evento proporcionou um contato direto da juventude com o ambiente universitário, desmistificando o ensino superior e plantando a semente do anseio pelo conhecimento formal.
Um dos pontos altos foi o merecido reconhecimento aos 45 anos de dedicação de Fábio Luiz Loureiro, o Mestre Fábio. Doutor em Educação Física pela UFES e supervisor do projeto, ele é uma figura emblemática que personifica a união entre a prática e a teoria. Sua trajetória, marcada pela responsabilidade, ética e, como diz a sabedoria da roda, pela “vadiagem” de um verdadeiro mestre, inspira gerações a ver a capoeira não como um fim, mas como um caminho para o desenvolvimento humano.

Atualmente, o “Mais Cultura nas Escolas” beneficia diretamente cerca de 320 pessoas, a partir dos seis anos de idade, em oito instituições públicas. As atividades gratuitas vão muito além do jogo: incluem oficinas de construção de berimbau, aulas de maculelê e samba de roda, palestras e rodas de leitura. Como canta um famoso corrido, “quem nunca jogou capoeira, nunca vai me entender”; o projeto permite que essa compreensão seja vivenciada, ensinando valores de respeito, disciplina e pertencimento.
Em um país que ainda luta para superar suas desigualdades estruturais, iniciativas como esta são fundamentais. O 1º Encontro Estadual não foi apenas uma celebração, mas um manifesto. Ele afirma que investir na cultura popular é investir na educação. Como ensinou o mestre Paulo Freire, a educação não transforma o mundo, “educação muda pessoas, pessoas transformam o mundo”. A capoeira, com sua ginga driblou a opressão por séculos, prova ser uma das mais potentes ferramentas da cultura popular para formar cidadãos conscientes, críticos e, acima de tudo, transformadores.
Entende-se que o 1º Encontro Estadual “Mais Cultura nas Escolas” é de suma importância em sua prática, pois possibilita para a comunidade da capoeira no Espírito Santo, quanto para a sociedade capixaba como um todo, o estímulo e incentivo à formação acadêmica da nossa juventude. A educação, em qualquer aspecto, é a principal ferramenta de transformação social.
*O texto é de livre pensamento do colunista*

*Licenciado em Educação Física/Faculdade Mário Schenberg *Especialista em Educação Física Escolar/ Instituto Superior de Educação de Afonso Cláudio. / Foto: Welley Pereira Rodrigues – WPR Produções e Eventos.



