Coluna Terceira Voz
Por: José Salucci – Jornalista
Caro leitor (a), da coluna Terceira Voz, você já ouviu ou conhece o termo ‘questão social’?
O que se identifica como questão social são as expressões concretas de uma desigualdade que está na estrutura da sociedade. Expressões concretas: fome, exploração sexual, prostituição, racismo, trabalho infantil, trabalho escravo, violência urbana, entre outros fatos sociais.
Se lhe fosse perguntado o que é questão social, talvez a reposta mais imediata que viria à sua mente seria: a pobreza.
A pobreza é, de fato, uma face do desenvolvimento do capitalismo. Porém, a expressão questão social aponta para um problema ainda mais profundo, relacionado à própria gênese do capitalismo.
Uma das concepções mais difundidas da questão social é a de Iamamoto e Carvalho: “A questão social não é senão a expressão do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção mais além da caridade e repressão”.
Assim, a questão social é mais que a pobreza e se expressa por meio dessas questões que evidenciam as desigualdades geradas pelo modo de produção capitalista.
Diante desse cenário, aparece o Terceiro Setor com propósito de mitigar os reflexos dessas vulnerabilidades sociais, que impactam negativamente milhares de pessoas. Dessa forma, urge, na atualidade, elaborar, construir, edificar e consolidar projetos sociais que atendam os parâmetros das necessidades em territórios que são assolados pela questão social.
Diante dessa problemática, dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) revela que, o Brasil possui, aproximadamente, 930 mil OSCs, mas um outro dado chama a atenção: 30% delas estão “inaptas”. Isso corrobora para que o trabalho no Terceiro Setor seja mais lento, onde precisa-se de celeridade para enfrentar as questões sociais.
Se formos falar de Terceiro Setor no estado do Espírito Santo, de acordo com o Instituto Jones Santos Neves, em 2023, o Terceiro Setor, foi responsável por 54.139 empregos formais diretos, distribuídos em 18.156 estabelecimentos. As áreas de maior empregabilidade são Saúde (mais de 21 mil postos) e Organizações Associativas (mais de 22 mil).
Entre qualidades e fraquezas, o Terceiro Setor está se erguendo a cada dia de forma voluntaria, participativa, coletiva e profissional na esfera da sociedade, mas ainda há muito chão para se asfaltar.
Em dias atuais, a ausência do Terceiro Setor resultaria em um vácuo significativo nas políticas públicas brasileiras. Sem as OSCs, as lacunas do Estado permaneceriam sem resposta adequada, agravando a exclusão social e aprofundando desigualdades históricas. Diante disso, o Terceiro Setor cumpre um importante papel, com ações complementares à atuação do Estado e do setor privado para responder os anseios da questão social no Brasil.
*O texto é de livre pensamento do colunista*




