No jogo da resiliência, ACARBO completa 40 anos de capoeira

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Cultura/Capoeira
Por: José Salucci – Jornalista

Santo Amaro (BA) – A Associação de Capoeira Arte e Recreação Berimbau de Ouro (ACARBO) comemora 40 anos de serviços socioeducativos e culturais prestados no Brasil e no exterior. Para celebrar essa trajetória histórica, capoeiristas de diversos estados brasileiros e de outros países se reúnem desde a última quarta-feira (03) em Santo Amaro da Purificação (BA), no evento “Berimbau Tocou”.

A celebração busca reafirmar a importância de um dos grupos mais atuantes na preservação e difusão da cultura popular brasileira.

“A expectativa do evento é o fortalecimento das nossas tradições, a valorização da diversidade, a troca de saberes populares e a integração entre os participantes e a sociedade em geral”, afirma Mestre Macaco, coordenador da ACARBO.

Roda livre de capoeira. / Foto: Jornal Merkato. Clique na imagem!

A programação do encontro é uma verdadeira imersão cultural, com festas dançantes, samba de roda, oficinas, palestras e o tradicional batizado, realizados em diversos pontos da cidade.

Cultura que transforma

Na manhã desta sexta-feira (05), terceiro dia do evento, uma oficina e uma roda de capoeira movimentaram a Sociedade Filarmônica Lira dos Artistas, uma histórica escola de música e socialização do município.

Diretor e professor da instituição, Francisco Fã, 66 anos, expressou a alegria de receber a celebração. “Estamos neste prédio desde 1973, quando fui aluno de música. Nossa entidade foi fundada em 1º de março de 1908 e tem 117 anos de história. Sempre abrimos as portas para eventos sociais e fico muito feliz em receber a ACARBO, que celebra 40 anos não apenas de capoeira, mas de um importante trabalho de socialização”, destacou.

O coração do atabaque

Um dos pontos altos da manhã foi a oficina “Okan” — que significa “coração” em iorubá —, ministrada pelo Formado Shrek, de 24 anos, sendo 15 deles dedicados à capoeira. Ele explicou que o foco foi o samba de caboclo, que tem origem no candomblé, e o samba de recôncavo.

“Costumo dizer que é o ‘okan orin’, o ‘coração do tocador’. Trouxe para esta oficina um pouco da minha vivência religiosa, do terreiro, e expandi para a capoeira. Usamos três atabaques — rum, rumpi e lé —, nos quais se encontra a base desses dois tipos de samba”, detalhou o oficineiro.

O jogo de pergunta e resposta

A programação de oficinas da manhã foi encerrada pelo Mestre Val, baiano de Teixeira de Freitas radicado há 14 anos no Recife (PE), onde desenvolve um trabalho com a capoeira. Ele reforçou a filosofia por trás dos movimentos.

“A capoeira é um jogo de pergunta e resposta. Dentro da nossa movimentação, precisamos saber buscar ambos. É preciso ter sempre uma pergunta para uma resposta, para que você não fique perdido na roda”, comentou o mestre.

Conexão internacional

O evento também conta com a presença de participantes de outros países, como a italiana Marika Marianello. Professora de capoeira em Roma, ela está no Brasil há três meses para vivenciar a cultura local e estreitar laços com a ACARBO, já que Mestre Macaco apadrinha seu grupo na Itália, o “Água de Beber”.

“Conheci o Mestre Macaco em Roma. Na aula de hoje, gostei muito da presença da APAE e também da oficina de atabaque. Aprender o ritmo do samba é muito importante para nós”, afirmou a professora.

Marika Marianello, de camisa verde. / Foto: Jornal Merkato. Clique na imagem!

 

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