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Entrevista
Por: José Salucci – Jornalista
Na última sexta-feira (01), a professora de Língua Portuguesa e Literatura, Magda Tiradentes, lançou o seu primeiro livro: “Menina, mostra sua Língua!”.
O evento cultural, que faz parte do projeto “Poéticas na VP: confluências artísticas e culturais”, aconteceu na Biblioteca e Centro Cultural Carlos Corrêa Loyola, em Valparaíso – Serra. Estiveram presentes a secretária de Educação, de Serra, Mayara Cândido, além dos familiares, amigos, colegas de trabalho de Magda Tiradentes.
Confira a entrevista que Merkato realizou com a escritora, abordando o universo infantil da literatura, a importância da leitura entre pais e filhos e educação.
1 – Professora Magda, parabéns pelo lançamento do livro. Agora é oficial, você se tornou uma escritora. Como nasce a escrita em sua vida, e qual a memória que fica dessa noite?
Eu fiquei surpresa com a presença de pessoas que eu nem imaginava que poderiam aparecer. Pessoas que já trabalharam comigo a muito tempo, que estudaram comigo, colegas de graduação, de mestrado. Senti o carinho, o afeto deles muito grande, isso me emocionou.
E, sobre o sentimento de ser escritora, eu escrevo o tempo todo, me vejo como uma escritora e leitora voraz. A partir das minhas leituras muita coisa surge, sou influenciada pelas coisas que eu leio, então esse processo de escrita tem se tornado cada vez mais fácil pra mim. Eu não acredito que eu tenha nascido com nenhum tipo de dom, acho que é a prática do dia a dia, essa dedicação que tenho de escrever.

2 – Por que Menina, mostra sua Língua?
O título surgiu até antes do livro. Sou muito ligada a personagens femininas. E aí veio uma menina na minha cabeça pensando na língua portuguesa, uma menina que tinha curiosidade e que estava aprendendo as riquezas da língua portuguesa. Então, pensei nesse título. É mostrar a língua portuguesa mesmo, mostrar o que que você está aprendendo de bom, de rico da língua portuguesa.
Eu vejo também algumas situações em que uma criança de terceiro ano, quarto ano já está acabando de saber o que é que é um substantivo, um adjetivo, um advérbio, e não consegue perceber o que que tem de muito rico na língua portuguesa. Então por isso que eu pensei: Menina, mostra sua Língua. Mostra pra gente a língua portuguesa e as suas riquezas.
3 – O livro alcança a faixa etária de 6 a 10 anos, o que ele oferece além da leitura?
No final do livro tem um QR Code com um material lúdico para os pais utilizarem com a leitura do livro com uma dinâmica. Eu trouxe um material em PDF de 25 páginas, com um material lúdico para ser usado pelas famílias e que pode ser adaptado também pelos professores em sala de aula, não são exercícios, são brincadeiras.
E, a ideia da dinâmica, depois da leitura do livro, é para falar de palavras, de conhecer palavras, memórias, afetos, brincadeiras, tudo o que a família possa fazer junto. É um pós-leitura.
4 – Magda, você entende que todo livro infantil pode ser trabalhado em sala de aula?
Eu acho que todos podem. Acho até que muitos devem, mas o meu medo é de correr o risco dos professores didatizarem demais a literatura. Por exemplo: quando comecei produzir o material, eu comecei a pensar que eu não queria que o meu livro ficasse estigmatizado de acharem que ele era uma cartilha para ensinar a língua portuguesa, porque não é. Ele pode ser utilizado para vários fins dentro da sala de aula, mas ele é um livro literário. Um livro que tem que ter a estética.
Então, a gente precisa pensar na sala de aula, na estética da obra, e não somente no objetivo didático, e muitos professores fazem isso. Trazem a literatura como um modelo para trazerem uma sequência didática, o que não é errado, mas só isso limita o livro porque ele é de uma riqueza extraordinária para a literatura. O livro ensina as crianças identificarem problemas, identificarem questões do dia a dia, tem coisas que você não precisa ensinar, basta você ler um livro.
Como que a criança vai gostar da leitura, se a leitura se torna uma obrigação para ter um resultado depois?
Então, para mim, todos os livros podem e devem ser usados em sala de aula, mas a gente não pode correr o risco de didatizar demais a literatura, pois ela se torna somente um pretexto para ter uma aula depois.
5 – Nessa faixa etária dos 6 aos 10 anos, como fazer para que essas crianças possam ler mais?
Eu trato principalmente com formação, eu já tratei muito com a mediação de leitura, com um projeto lá do município. Então, o que eu sempre transmito para os professores é também essa dinâmica de deixar que eles descubram o livro, deixar que eles aproveitem o livro. Para as famílias, eu acho que, principalmente, deixar livros nas mãos das crianças.
Eu vejo muitas pessoas que têm caixas e caixas, as crianças têm caixas e caixas de brinquedos, mas não tem um livro literário no quarto. Quando tem, são dois ou três lindos livros que custaram R$ 200 e que a vovó deu e que tem medo da criança estragar, então tá em cima de uma prateleira. Então para mim, livro é para tá na mão da criança para ela brincar, para ela rasgar, para ela botar na boca, para ela aprender que é prazer, que não é uma coisa que tá longe dela, que tá lá em cima que ela não consegue alcançar.
6 – Conselho que você deixa para os pais entre o hábito: uso de um livro ou do celular?
Eu penso o seguinte: ninguém me convence que uma criança vai preferir ficar duas, três, quatro, cinco horas no celular em vez de ir para um ambiente ler com o pai. Então é fazer com.
Nenhuma criança vai preferir ficar horas e horas a menos que ela já esteja viciada, que aí já é o processo que você já tem que tirar o vício.
Mas no desenvolver da vida de uma criança, que você começa a entregar o celular às vezes por necessidade, eu não consigo imaginar uma criança que prefira ficar horas e horas com esse celular do que brincar no parquinho brincar junto com a família.
Eu tenho percebido que o celular virou babá eletrônica. É muito mais fácil para os pais entregarem o celular para criança para poderem ir fazer suas tarefas.
Se a família não tirar tempo para ter esse momento para mostrar para ela o que é bom ser feito além do celular, a criança vai preferir mesmo.
Eu acho que é estar junto, fazer junto, ler junto. Não tem horário, qualquer hora a literatura cabe, em qualquer lugar a literatura cabe.



