X Jogos Capixabas de Medicina é manchado com denúncia de homofobia

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Esporte
Por: José SalucciJornalista

O que era para ser um evento de celebração ao esporte e união entre os cursos de medicina, acabou sendo marcado por uma cena de discriminação. A 10ª edição dos “Jogos Capixabas de Medicina” (JCM), que aconteceu nos dias 16, 17, 18, 23, 24 e 25 de maio, encerrou suas atividades no último domingo sob um clima de indignação: a torcida de medicina da Ufes foi expulsa do evento.

Com a participação das turmas de medicina das principais faculdades do Espírito Santo, incluindo: Unesc, Emescam, Multivix Vitória, Multivix Cachoeiro, UVV e Ufes, o evento evidenciou sua face fraterna: reuniu mais de 12 mil pessoas em torno de atividades esportivas e culturais. O JCM, que teve sua maior estrutura montada entre todas as edições, mesmo com histórico de evento renomado, acabou manchado por um episódio de homofobia e discriminação registrados durante a programação.

No segundo dia de competição, num sábado (17), o jogo de handebol entre a Medicina da Ufes x Medicina Multivix (Cachoeiro de Itapemirim), um membro da torcida da Ufes usou um megafone puxando gritos homofóbicos e preconceituosos relacionado a um atleta da Multivix. Na ocasião, expressões como ‘viadinho’, ‘gordo’, ’13 toneladas’ – se referindo ao número da camisa do jogador – foram termos pejorativos usados por uma torcedora. Nesse momento, a torcida da Ufes corroborou com os gritos, inflamando o ambiente e constrangendo os participantes.

O jogo estava sendo transmitido ao vivo no youtube. Toda vez que o jogador da Multivix pegava na bola, os gritos eram proferidos novamente pela torcida. Estavam presentes no Clube dos Estivadores, no bairro Camará/Serra, muitas famílias dos atletas. Os parentes do jogador da Multivix acompanhavam a transmissão pela plataforma digital.

Tais comportamentos evidenciados no ambiente da quadra, não puderam sofrer nenhuma interrupção arbitrária do organizador do evento, Vagner Loppes. No caso, o “Jogos Capixabas de Medicina” obteve arbitragem contratada e, a autoridade nesse caso em registar qualquer tipo de infração antidesportiva, ficou na responsabilidade do coordenador de arbitragem, que anotou na sumula o episódio homofóbico e preconceituoso.

Segundo o produtor Vagner Loppes, CEO da VL Boutique, na segunda-feira (19), houve uma reunião entre ele, o coordenador de arbitragem, e os seis (06) presidentes das atléticas das faculdades. Na ocasião, reivindicaram a expulsão da torcida da Ufes, do JCM, dos últimos quatro dias de jogos. Os alunos de medicina da Ufes continuaram a frequentar o evento, apenas o espaço cedido para a torcida é que não foi mais liberado.

Tal decisão, também passou pelo crivo do atleta da Multivix, que foi passivo de violência psicológica. Ele foi chamado para ser ouvido e pôde se manifestar sobre o fato. O atleta ficou de acordo com a decisão da organização em expulsar a torcida de Medicina da Ufes, do restante do evento. O time de handebol de medicina da Ufes permaneceu no campeonato. A partir dessa punição, não houve mais ocorrência de expressões homofóbicas e preconceituosas nos jogos.

O produtor Vagner Loppes, que organiza o evento há seis (06) edições, disse nunca ter visto um caso semelhante ou nessa escala, nos “Jogos Capixabas de Medicina”. “Como organizador dos jogos, eu, certamente, repudio esse tipo de atitude. São pessoas jovens, e já passou da hora de mudar essa mentalidade. O mundo caminha em outra direção e não é isso que esperamos dos nossos futuros médicos.  Precisamos cobrar mais humanidade da nossa juventude”, disse o CEO da VL Boutique.

Redes sociais

Nas redes sociais e em depoimentos enviados à organização, participantes denunciaram comportamentos discriminatórios por parte de algumas delegações. Os relatos incluem desde ofensas verbais até atos explícitos de exclusão e preconceito, gerando revolta entre os estudantes e público presente.

A organização do evento divulgou nota afirmando que repudia qualquer forma de discriminação e que está apurando os fatos junto às atléticas e instituições de ensino envolvidas. “O JCM – Jogos Capixabas de Medicina – reafirma seu compromisso com o respeito à diversidade, à dignidade da pessoa humana e com a promoção de um ambiente esportivo seguro, inclusivo e acolhedor para todos os participantes. Repudiamos, de forma categórica, qualquer manifestação discriminatória, seja de natureza religiosa, racial, social, cultural, por orientação sexual, identidade de gênero ou qualquer outra forma de intolerância.”, diz o comunicado.

A expectativa é que os responsáveis sejam identificados e que medidas concretas sejam tomadas para que os próximos eventos garantam um ambiente seguro, inclusivo e acolhedor a todos os participantes.

A reportagem entrou em contato com o aluno da Multivix de Cachoeiro de Itapemirim, mas não obteve resposta. Quanto a atlética de medicina da Ufes, o jornal está aberto para receber o direito de resposta.


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