Às vezes sinto que a modernidade nos inutiliza. Desde que os CD’s vieram, perdemos o nosso vinil. Acabou a delícia de levantar o braço da vitrola. Os vinis tentaram voltar e o streaming de áudio os engoliram e acabaram com nossa identidade musical. Para onde foram os Beatles?(Let it be?).
O streaming de vídeo quase fechou as portas dos cinemas e fechou as nossas portas. A tela grande, agora, tem o tamanho das cifras de quem pode comprar. As telonas, agora, estão em casa. Os celulares silenciaram os telefones (ninguém “liga” mais), abafaram a saudade, onipresentes.
Transformaram os abraços em videochamadas, as lágrimas em emojis e emotions. A sabedoria se transmutou em respostas prontas; ferramenta de pesquisa, que responde, simplifica… Emudece. Limita. (Inundação de algoritmos?)
Agora o sei que nada sei é a net que tudo sabe. O médico, o professor, serão excluídos digitais?
Agora o excluído é o cara que quer ler um livro de papel? É o cara que não tem Tik Tok, que não tem “dancinha”, mas adquiriu o TOC?
São perguntas retóricas…(Silêncio).
Agora, de dentro do meu quarto, posso ver e ouvir as notícias do oriente, mas não mais andar na esquina da minha rua… Tem droga lá! E eu não viajo, nem na esquina, nem pro Japão. Se pesquisar, vai pro Jalapão.
E o Musk, esse carro sem “chauffer”, quer nos colocar um chip! E agora, José? E se o carro descontrolar? E se o chip nos desnortear? E se os satélites virarem lixo e desequilibrarem a terra?
Nossa! Ai, ai, ai! Será o juízo final?
Pelo amor de Deus, anjos do céu, se tiver Wi-Fi aí, desliguem o celular!
Jefferson Tiradentes – É escritor e poeta.