Coluna Criativos
Por: Samuel J. Messias – Consultor Empresarial
À medida que a economia global continua a emitir sinais ambivalentes, com períodos de crescimento seguidos por incertezas e volatilidade, as empresas se veem diante de um imperativo estratégico: preparar-se para o próximo ciclo econômico. A transição para uma nova fase da economia não é mais uma questão de “se”, mas de “quando”, e as organizações que prosperarão serão aquelas que construírem resiliência, agilidade e capacidade de inovação em seu DNA. A preparação transcende o simples corte de custos ou a reação a crises; ela envolve uma reconfiguração fundamental de estratégias, operações e liderança para antecipar e capitalizar as oportunidades que surgem em cenários de mudança.
Neste artigo exploro as principais frentes em que as empresas estão se preparando para navegar e liderar em um novo ciclo econômico. Analisaremos como a combinação de planejamento estratégico dinâmico, transformação digital acelerada, desenvolvimento de resiliência operacional e uma nova abordagem à liderança e gestão de talentos estão se tornando os pilares para o sucesso sustentável em um ambiente de negócios em constante evolução.
Os pilares da preparação estratégica
A preparação para um novo ciclo econômico se apoia em um conjunto de estratégias integradas que permitem às empresas não apenas sobreviver a turbulências, mas também emergir mais fortes. A seguir, detalhamos os pilares fundamentais que estão no centro dessa preparação.
- Planejamento Estratégico Dinâmico e Gestão Ágil
A era do planejamento estratégico como um documento estático, revisado anualmente, chegou ao fim. Empresas líderes estão adotando uma abordagem contínua e dinâmica, tratando o planejamento como um guia vivo que informa as decisões diárias. Segundo Marcus Marques, CEO do Grupo Acelerador, “o planejamento estratégico dá clareza sobre o ponto de partida, o destino desejado e os passos necessários para alcançar esse objetivo”. Essa clareza permite que as decisões sejam seguras e ajustáveis, corrigindo o rumo conforme necessário.
Uma pesquisa da McKinsey & Company corrobora essa visão, apontando que organizações que apostam em gestão ágil e planejamento estratégico detalhado conseguem se adaptar melhor às demandas do mercado . Isso envolve uma análise profunda do estado atual do negócio, a definição de metas claras e a criação de planos de ação executáveis, com monitoramento constante para identificar e corrigir gargalos antes que se tornem críticos.
- Transformação Digital como Núcleo Operacional
A transformação digital deixou de ser uma opção para se tornar uma necessidade vital. Em 2025, as tecnologias digitais não são apenas ferramentas de suporte, mas o próprio núcleo da estratégia empresarial. As tendências que moldam essa transformação são diversas e interconectadas.
A Inteligência Artificial (IA) Generativa surge como uma força proeminente, permitindo a criação de conteúdo e soluções personalizadas em tempo real. Seu impacto se estende desde a otimização de campanhas de marketing até o desenvolvimento de produtos e a melhoria do atendimento ao cliente por meio de chatbots inteligentes .
Paralelamente, a Hiper automação promove uma integração fluida entre diferentes sistemas, como ERPs e CRMs. Essa abordagem permite o compartilhamento de dados em tempo real, a automação de processos complexos, a redução de erros e um consequente aumento da produtividade geral .
A Segurança Cibernética evoluiu para se tornar um pilar estratégico. As empresas estão implementando soluções robustas como autenticação multifatorial e criptografia, além de utilizar IA para antecipar e mitigar ameaças, garantindo a proteção de dados e a manutenção da confiança do cliente .
Finalmente, a Sustentabilidade Digital ganha destaque com a adoção de tecnologias verdes, como a computação em nuvem e data centers eficientes. Essas práticas não apenas minimizam o impacto ambiental, mas também fortalecem a imagem da marca e geram vantagens econômicas .
- Construção de Resiliência Organizacional
A resiliência é a capacidade de uma organização se adaptar, recuperar e prosperar diante de crises e mudanças. Um estudo da McKinsey destaca quatro áreas cruciais para construir resiliência estrutural e gerar valor a longo prazo :
- Crescimento Estruturado: Líderes devem buscar ativamente oportunidades de crescimento, transformando disrupções de curto prazo em “solavancos oportunos” para ganhar mercado. Isso exige uma mentalidade que prioriza o crescimento e a agilidade para responder à mudança.
- Gestão de Talentos: Fechar as lacunas de competências, especialmente as digitais, é fundamental. Empresas resilientes motivam seus profissionais com propósito, oportunidades de carreira e um ambiente de trabalho que valoriza o bem-estar e a flexibilidade.
- Sustentabilidade Integrada: Investir em sustentabilidade ao longo de todo o ciclo econômico não é apenas uma questão de conformidade, mas uma ferramenta para reduzir custos, mitigar riscos de transição e gerar valor com produtos e portfólios ecológicos.
- Cadeia de Suprimentos (Supply Chain) Resiliente: A pandemia expôs as vulnerabilidades de Supply chains otimizados apenas para a eficiência. A reconstrução com foco na resiliência envolve reconfigurar redes, diversificar fornecedores e adotar desenhos de produtos modulares, o que pode reduzir custos e aumentar margens significativamente.
O fator humano: liderança e talentos na nova era
Tecnologia e estratégia, por si sós, são insuficientes. A preparação para um novo ciclo econômico depende criticamente do fator humano. A liderança precisa evoluir, e a gestão de talentos deve se tornar uma prioridade estratégica.
A evolução da diderança
As tendências de liderança para 2025 apontam para um perfil de gestor mais adaptativo, digital, inclusivo e colaborativo. Em um cenário de transformação acelerada, os líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo um ambiente de inovação e resiliência . As cinco facetas da liderança moderna são:
- Liderança Digital: Dominar ferramentas digitais para criar ambientes eficientes e capacitar as equipes no uso de IA e automação.
- Liderança Adaptativa: Cultivar uma mentalidade de crescimento, ajustar estratégias rapidamente e usar o planejamento de cenários para navegar na incerteza.
- Liderança Inclusiva: Construir equipes diversas, que são comprovadamente mais inovadoras, garantindo que todas as vozes sejam ouvidas e valorizadas.
- Liderança Colaborativa: Utilizar metodologias ágeis como Scrum e Kanban para organizar projetos, quebrar silos e fomentar a cocriação.
- Liderança Exponencial: Estimular uma cultura de experimentação, antecipar tendências e conectar-se a ecossistemas de inovação para impulsionar o crescimento.
Gestão de talentos e o futuro do trabalho
A entrada da Geração Z no mercado e a consolidação do trabalho híbrido trouxeram novas demandas por flexibilidade, autonomia e propósito. As empresas que se preparam para o futuro entendem que a retenção de talentos vai além de fatores transacionais como o salário. Pesquisas da McKinsey mostram que os funcionários valorizam cada vez mais elementos relacionais, como o sentimento de pertencimento, o reconhecimento por parte dos gestores e o companheirismo.
Além disso, a escassez de profissionais com competências digitais, citada por quase 90% dos diretores, exige uma abordagem proativa. As empresas líderes estão investindo em programas de capacitação (reskilling e upskilling) e contratando talentos com base no potencial de aprendizado, em vez de se prenderem a requisitos rígidos de experiência e formação.
Conclusão
A preparação para um novo ciclo econômico é uma jornada multifacetada que exige uma transformação profunda e integrada. As empresas que estão se posicionando para o sucesso são aquelas que abandonaram a mentalidade reativa e abraçaram uma postura proativa, fundamentada em planejamento dinâmico, digitalização estratégica, resiliência operacional e uma liderança humanizada e adaptativa.
O futuro pertence às organizações que conseguem harmonizar a eficiência da tecnologia com a criatividade e o propósito de suas equipes. Ao investir nessas frentes de maneira coesa, as empresas não apenas se protegem contra as incertezas do próximo ciclo, mas também constroem as bases para um crescimento sustentável e uma vantagem competitiva duradoura em um mundo em constante reinvenção.
*O texto é de livre pensamento do colunista*





