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Coluna Letrados
Por: Giovandre Silvatece – Roteirista
Olá, leitor(a) da coluna Letrados! Em meu último artigo, intitulado “A propagação do carnaval através do samba e do cinema”, comentei sobre os ritmos que influenciaram o samba, como a polca e o minueto, como também a influência do samba em outros gêneros musicais, como o jazz, o reggae e a música latina.
Sendo um entusiasta do Rock’n’Roll, não pude deixar de citar exemplos da influência do samba no rock, como no caso das músicas “Sympathy for the Devil” e “Fool in the Rain”, dos Rolling Stones e Led Zeppelin, respectivamente. Poderia, inclusive, ter mencionado a música “No Return”, da banda Kinks, uma vez que essa música se trata, de fato, de uma bossa, gênero originário do samba.
Mas se a influência do samba no rock não pareça algo tão contundente como a ligação do samba com a música latina e o rock com o blues, o brasileiro conseguiu unir esses dois gêneros, ainda que distintos, no maior festejo do país, o carnaval.
Ao som do Rock
Lembro que a primeira vez que eu ouvi um rock sendo tocado no Carnaval foi pela TV, em 1981, quando um grupo carnavalesco do Nordeste tocou “Imagine” num momento da festa em que decidiram homenagear John Lennon, assassinado poucos meses antes. Na época, achei um tanto estranho, um rock, que se caracteriza por um ritmo lento, tocado em meio à multidão carnavalesca… Porém, foi deveras compreensível, afinal eles estavam saudando aquele que havia sido o líder da maior banda de rock de todos os tempos, pela menos na opinião de boa parte do público e da crítica. Mas mesmo após aquela surpresa, eu jamais poderia imaginar que o rock seria introduzido ao Carnaval de forma tão incisiva.
Refiro-me aos blocos carnavalescos que, há algum tempo, não só se inspiram no rock, mas que também celebram o carnaval cantando músicas desse gênero musical.
Dentre os blocos carnavalescos que têm como tema o Rock, estão o Bloco Emo, cujo desfile, neste ano, ocorrerá na Brigadeiro Faria Lima (1º/03); Bloco Toca Rauuul, que desfilará na Praça Tiradentes, Rio de Janeiro (02/03), e que neste ano homenageará os oitenta anos de Raul Seixas; Bloco 77 – Os Originais do Punk, que desfilará por diversas ruas de São Paulo (01/03); e o Bloco do Sargento Pimenta, uma clara referência à música e ao álbum homônimo “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, dos Beatles, que desfilará no Aterro do Flamengo (03/03), sendo que neste ano o Bloco também fará uma homenagem, neste caso aos 80 anos de Elis Regina, que durante a sua carreira também gravou músicas dos Beatles, como “Yesterday” e o medley final do Abbey Road – “Golden Slumbers /Carry That Weight/The End”, o qual contou com a participação de Milton Nascimento.
Além das “marchinhas roqueiras”, também há shows de rock que acontecem de forma frequente durante os carnavais, como o Palco do Rock, em Salvador (1º a 04/02), evento que ocorre desde 1994; o Rock Folia, na Alquimia Taberna Bar (28/02 a 03/03), em Brasília; e o Monka Folia, no Monka Cervejaria (1º/03), em Belo Horizonte. E tem também a Ressaca do Carnarock, no Correria Music Bar, na Praia de Itaparica, Vila Velha.
Pois bem, como bem expressou o poeta do cerrado, Luciano Spagnol, “Carnaval é tempo de se apaixonar”, então, por que não levar a música que tanto nos encanta para essa grande festa? Não é mesmo!?
Em tempo: Adeus a Roberta Flack
Nesta semana, perdemos a grande cantora e pianista Roberta Flack (10/02/1937 – 24/02/2025), que vinha sofrendo de esclerose lateral amiotrófica – ELA desde 2022. Em sua longa carreira, obteve um forte reconhecimento de crítica e público, tendo recebido diversas premiações do Emmy, como melhor performance vocal e/ou melhor gravação do ano. Em meio à sua extensa discografia, encontram-se músicas como “The First Time Ever I Saw Your Face” e “Feel Like Makin’ Love”, mas foi com a bela “Killing Me Softly with His Song” que ela atingiu o auge de sua carreira e conquistou o público brasileiro já nos idos de 1970. RIP Roberta Flack!
*O texto é de livre pensamento do colunista*
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