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Coluna Letrados
Por: Magda Simone – Professora de Língua Portuguesa
Maria da Conceição Evaristo de Brito. Vou chamá-la pelo nome completo, demonstrando o mesmo respeito que ela tem por suas personagens: Angelina Devaneia da Cruz, Aurora Correa Liberto, Antonieta Véritas da Silva, Dolores dos Santos, Dalva Amarato, Eleonora Distinta de Sá. Mulheres que ganham feição na nossa mente, enquanto desvendamos suas histórias.
O livro Canção para ninar menino grande é, segundo as críticas, “um mergulho na poética da escrevivência e ao mesmo tempo um tributo ao amor sob uma ótica poucas vezes vista na literatura brasileira”. O termo “escrevivência” é a junção das palavras “escrever e vivência”, e marca a obra dessa autora. Ela escreve sobre si e sobre o outro. Ela escreve sobre mulheres e para mulheres, valorizando suas vivências.
Em Canção para ninar menino grande, na medida em que as mulheres/personagens me eram apresentadas, eu as reconhecia. Uma delas é uma parente minha, que viveu anos em silêncio, fazendo-se de cega e surda diante das aventuras do marido. A outra é uma vizinha que me confessou se contentar toda a vida com o máximo que seu homem pode oferecer, apesar de pouco.
Eu conheço a mulher que nutre ódio por aquela que se apossou de seu amor, que deseja matá-la, mas só até se lembrar que a outra é ela mesma: mulher-sororidade.
Eu conheço a mulher que se desnuda, mergulha e se banha, sem pudor ou receio do que os outros vão dizer: mulher-liberdade.

Eu conheço a mulher que se esquece de ser ela mesma e pula no abismo, sem se dar conta de toda a força que traz dentro de si: mulher-desespero.
Eu sou colega da mulher que vive por um fio e espera ardentemente que brote o jasmim que plantou em seu jardim: mulher-esperança.
Eu trago em mim um pedaço de cada uma dessas mulheres. Sou Pérola, Antonieta, Dalva, Juventina…mulheres que cantam e ninam seus meninos grandes, e os ensinam que chorar é coisa de gente.
E quanto a ele? O Jasmim, personagem da obra? Um crápula? Um não príncipe? Não muito diferente de muitos homens da vida real, só depois de menino grande, depois de fazer muitas mulheres chorarem, é que aprendeu, com uma mulher, a enxergar suas próprias dores e as dores alheias, aprendeu a chorar.
Nesta leitura, enquanto me despedia das personagens da vida real de Evaristo, entendi que são essas mulheres de carne e memória que continuam costurando o tecido da vida — fio por fio, lágrima por lágrima.
*O texto é de livre pensamento da colunista*
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