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3 de dezembro de 2024

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Obso… o quê?

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Coluna Letrados
Por: Magda Simone / professora de Língua Portuguesa

Você sabe o que é obsolescência programada? Você pode até não conhecer o termo, mas com certeza se depara com ela em sua vida, o tempo todo. Sabe quando a gente compra aquele eletrodoméstico que dá defeito assim que vence a garantia? Conhece alguém que mal pode esperar o lançamento de uma versão mais nova de algum produto para trocar o seu “velho” modelo por ela? Pois é! Isso é obsolescência programada. Os bens têm vida útil curta, ou se tornam obsoletos, forçando (ou convencendo) o consumidor a comprar cada vez mais.

Desde o século XVIII, com a revolução industrial, as mudanças no processo produtivo facilitaram o aumento da oferta de produtos no mercado. Ao mesmo tempo em que isso aquece a economia mundial, também afeta, e muito, o comportamento humano.

Zygmunt Bauman, sociólogo e filósofo polonês, afirma que “Os tempos são líquidos porque tudo muda tão rapidamente. Nada é feito para durar, para ser sólido”. Em sua obra, denominada Modernidade Líquida, o autor afirma que as relações econômicas (e de consumo) têm fragilizado cada vez mais as relações interpessoais.

Não basta eu ter um celular (que em alguns meses preciso trocar por uma versão mais nova), também preciso de uma capa, película, carregador sem fio… Não basta eu ter um carro para me levar aonde quero. Esse carro precisa ter um motor mais potente, ter um sistema multimídia, roda de liga leve, calotas esportivas e faróis de LED. E um suporte para meu celular.

Em casa, eu preciso daquele guia para cortar vegetais (mesmo que eu não consuma muitos vegetais) e daquele timer que marca o tempo de cozimento do ovo (mesmo que eu deteste ovo, vai que eu precise…). Eu quero aquele produto formidável que vi na TV. Eu trabalho, portanto mereço aquela nova versão daquele celular dos meus sonhos. Eu quero, eu mereço, mas eu realmente preciso? E enquanto os boletos chegam, eu levo a vida na correria, pensando só no quanto preciso trabalhar para dar conta de pagá-los.

E nesse movimento diário de comprar, trocar por algo mais novo, não consideramos que estamos produzindo mais lixo e nos esquecemos que a indústria polui e consome os recursos naturais do planeta, principalmente a água. Também nos esquecemos do que é realmente sólido na vida: as pessoas.

Precisamos de aprender a viver com menos. Valorizar pequenas coisas e o SER acima do TER. Desculpe o clichê, mas ser clichê, em determinados momentos, pode significar estar em interação com as ideias dos outros.

Não estou defendendo o minimalismo, nem que a gente abra mão do que gosta e é importante. Defendo a valorização das relações, a preocupação com o outro e com o mundo.

Precisamos disso, ou somos nós é que vamos nos tornar obsoletos.

*O texto é de livre pensamento da colunista*


Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39

Magda Simone*Mestra em Letras pelo Mestrado Profissional em Letras (IFES). Experiência na docência de Língua Portuguesa (Ensino fundamental II), atua na Secretaria de Educação da Serra, com a Formação Continuada de Professores de Língua Portuguesa. (Imagem: Divulgação) @magdamentoria

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