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Coluna Letrados
Por: Magda Simone – Professora de Língua Portuguesa
Essa é a segunda Resenha Poética da série “Vamos falar de leitura?”. Se você está chegando agora, leia a resenha sobre o livro Dom Casmurro, na Coluna Letrados. (Clique).
Se você pudesse viver todas as histórias dos livros que lesse, você leria mais? Imagine poder escolher, numa biblioteca, um livro que te transportasse para uma vida diferente, tendo a oportunidade de tentar corrigir alguns erros. Quais você corrigiria?
Essa foi a reflexão a que me levou o livro A Biblioteca da meia-noite. Escrito por Matt Haig, traduzido por Adriana Fidalgo, foi publicado no Brasil em 2021, pela editora Bertrand Brasil. Vendeu mais de 29 mil cópias, até meados de 2024. E eu entendo o porquê.
Confesso que me senti atraída pelo título, professores de português amam bibliotecas (só perdem para os bibliotecários). E como sou fã do gênero terror, achei que “meia noite” do título remetia a algo bem aterrorizante, o que não é o caso. O livro é classificado como uma obra de ficção especulativa, ou seja, especula sobre temas não realistas, entretanto não é nada aterrorizante.
Mesmo assim, correspondeu às minhas expectativas, eu não conseguia parar de ler. Senti certa empatia pela personagem, com sua vida conturbada e a depressão, que a impede de ver o lado bom das coisas. Nora, minha querida, eu te entendo! Todos passamos por problemas e muitas vezes pensamos em desistir. Sua jornada me fez refletir sobre a vida e suas bifurcações e também sobre opções, decisões, arrependimentos… Na vida, estamos o tempo todo fazendo escolhas que nos afetam e nos movem. Vi que você fez algumas erradas, eu também faço muitas. A diferença é que você teve a opção de viver outras possíveis vidas e tentar achar uma melhor. Já eu, preciso de me arranjar com essa que tenho mesmo, não tenho uma biblioteca da meia noite para mudar meu destino.
Veja, leitor, o poder da leitura. Uma obra de ficção, cujo objetivo maior é nos entreter, pode nos transportar a outros mundos e outras vidas. Nessa leitura, sofri e torci. Em outras, já senti raiva, medo, angústia, nojo… E refletindo sobre isso, chego à conclusão que eu tenho sim uma biblioteca da meia noite! Eu posso, sim, buscar outras vidas em minhas leituras. Não que eu pretenda me alienar, não é isso, mas quero usar esse poder de me transportar para uma vida diferente. Com certeza, vou continuar valorizando a minha, pois ela é fruto de minhas escolhas.
Obrigada, Nora Seed, por mostrar sua fragilidade e me fazer pensar sobre tanta coisa. E enquanto viajar no tempo e no espaço não é uma realidade possível, vou lendo meus livros e vivendo outras vidas, mas com o pezinho bem firme nessa que tenho.
*O texto é de livre pensamento da colunista*
*Você também pode ler o 1º artigo da série: “Vamos falar de leitura?”
*Você também pode ler o 2º artigo da série: “Vamos falar de leitura?” Dom Casmurro.
Magda Simone oferece mentoria em:
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