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Por Samuel J. Messias – Prof. Convidado na Florida University – USA.
Na última segunda-feira (21), o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Luiz de Almeida, se reuniu com movimentos sociais, coletivos, organizações, entidades e familiares de pessoas em privação de liberdade e vítimas de violência institucional.
A visita do ministro, ao Espírito Santo, abriu o projeto “Caravana dos Direitos Humanos”. A ação percorre o Brasil com a missão de avaliar as condições carcerárias em presídios e unidades do sistema socioeducativo de todas as regiões brasileiras, sempre buscando o aprimoramento por meio da cooperação e integração.
Na coluna “Letrados” de hoje, gostaria de destacar o fenômeno da violência escolar, o qual se alastra e, aos poucos, maltrata inúmeras pessoas, ainda mais quando esse problema se faz presente no ambiente escolar.
Violência
A violência é um ato que gradativamente cresce na sociedade contemporânea. São inúmeros casos de violência que pouco a pouco acaba e vai deixando graves sequelas entre os indivíduos, inclusive pondo fim à vida de muitos.
No meio educacional, este fato se faz presente agravando ainda mais o desenvolvimento cognitivo e psicomotor das crianças e adolescentes. Essa consequência vai dos casos simples até os mais dolorosos. A violência se manifesta de diversas maneiras envolvendo todos os participantes do processo educativo.
Nas escolas, as relações do dia a dia deveriam representar respeito ao próximo, através de atitudes que levassem à amizade, harmonia e integração das pessoas, visando atingir os objetivos propostos no projeto político pedagógico da instituição.
Para o presente tema, aproveito o ensejo da visita do ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio de Almeida, que compareceu no Centro de Referência das Juventudes (CRJ), em Itararé, Vitória. O CRJ é um ambiente socioeducativo que emana política pública para as diversas juventudes; é um lugar acolhedor. Que as escolas e a Secretaria de Educação (Sedu), sejam mais receptíveis aos conteúdos emocionais dos alunos e alunas, do que meros repetidores de conhecimentos teóricos.
Corroborando com as coberturas jornalísticas que o Jornal Merkato publicou na última terça-feira (22), a última agenda do ministro, em visita ao estado do Espírito Santo nessa semana, encerrou com uma escuta aos movimentos sociais na Paróquia Santa Tereza de Calcutá, na comunidade de Itararé.
Durante a escuta, por mais de 120 minutos, o chefe de Estado abriu seus ouvidos para receber os pedidos e queixas dos movimentos sociais. Na ocasião, em um momento de fala dolorosa e emocionante, a mãe da professora Flávia Amboss Merçon Leonardo, assassinada no ataque à escola Primo Bitti, em Coqueiral, Aracruz, no dia 25 de novembro do ano passado, discorreu todos os seus lamentos ao ministro. Os ataques do adolescente de 16 anos, filho de um tenente da Polícia Militar, deixaram ao todo quatro mortos e 12 feridos, entre professoras e alunas. Para a militante, o caso é de comportamento neofacista, informou a reportagem.
A visita do ministro só foi possível pelo alinhamento entre o Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH), o Comitê Estadual para Prevenção e Erradicação da Tortura no Espírito Santo (CEPET), juntamente com assessoria do ministro dos Direitos Humanos, que organizaram essa escuta. É disso que escola e família precisam de aprender: se escutarem.
Reforçando o argumento acima, segundo SPOSITO “violência é todo ato que implica a ruptura de um nexo social pelo uso de força. Quando ocorre um ato de violência, nega-se, assim, a possibilidade da relação social que se instala pela comunicação, pelo uso de palavras, pelo diálogo e pelo conflito.
Desenvolver inteligência emocional dos alunos
A função do professor e do gestor escolar é promover na escola um ambiente agradável e favorável em termo de respeito ao próximo, deve sempre partir da parte “superior” da escola.
Um dos aspectos primordiais para que haja um relacionamento agradável e satisfatório entre gestores, professores e alunos é o diálogo. O diálogo é fundamental em todas as relações, mas no ambiente escola é um meio de incentivo e interesse. “A atenção e o diálogo são ressaltados pelos alunos, criando momentos de descontração nas aulas, facilitando a aproximação entre eles” (ABRAMOVAY).
Ratifico a postura do ministro, sendo um chefe de Estado, o qual se colocou no lugar de escuta e não de fala, podendo conhecer as dores, os anseios, os dilemas de quem sofre violência, isto é sim, uma postura de diálogo e não uma bandeira política defendida. Um ato administrativo, da parte do Estado, com a possibilidade de coletar as informações e denúncias necessárias para transformar em política pública, a rigor da Lei. Esse ato deve entrar como um parâmetro a ser seguido por instituições educacionais, que deveriam abrir um espaço de escuta para os alunos externarem suas necessidades e anseios: a fala cura e o diálogo aproxima.
Diante dessas evidências, percebe-se a necessidade de uma integração de todos os agentes sociais para dialogarem e construírem propostas executáveis de políticas públicas que possam promover o desenvolvimento humano em todos os aspectos.
É preciso trabalhar uma nova prática pedagógica, em que a escola passe a ser, de fato, um local de aprendizagem, de cultura, de aprovação e da formação da cidadania, entendida como a materialização dos direitos sociais a todos os cidadãos. E que seja de antemão combatida pelo setor afetado, que é a educação, em conjunto com o apoio de outros agentes, em especial a família, primeiro agente educador.
*O texto é de livre pensamento do colunista*
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