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Por Samuel J. Messias (professor) e José Salucci (jornalista) –
No dia em que se comemora a Independência do Brasil, seguimos, ainda, divididos por posicionamentos, extremamente polêmicos, no cenário político. Na semana da Independência, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli anulou todas as provas obtidas no acordo de leniência da Odebrecht, firmado com a Lava Jato, em 2016.
A Independência, ou, ‘Independências’; como assim, independências? Explico: Precisamos de ter em mente que existem vários “brasis” dentro do Brasil, já existia uma cultura local na terra dos Tupiniquins e, com a exploração europeia, o Brasil ficou assim, do jeito que a gente vê até os dias de hoje. Gente foi entrando aqui. É japonês, italiano, alemão, africano, francês e por aí vai. Só nesse início de dois parágrafos já nos damos conta, de que, Educação Política, no Brasil, deveria ser levado com mais pesquisa; o viés ideológico costuma ser prejudicial à historiografia.
Se engana, quem acha que o Brasil, somente, ficou polarizado nas eleições presidenciais do ano passado. O nosso verde-amarelo, nas décadas de 1950 e 1960, já era rachado na ideia de direita ou esquerda (uso o termo direita e esquerda com significado da linguagem cotidiana), claro, que teve outros partidos e contornos políticos, mas à época, não havia uma pluralidade de partidos políticos como em dias atuais, e isso interfere muito no processo democrático.
Hoje em dia, tudo que se faz, em favor da política, no sentido de servir às pessoas com políticas públicas, vai ter alguém te perguntando: Você é esquerda ou direita? Esta coluna se chama “Letrados”, aqui, o pensamento é livre e damos valor a pluralidade dos diversos brasis independentes, isto não significa que concordaremos com todos e tudo. Afinal, esse artigo de opinião é pra isso: Educação Política.
Muito do que se fala de Educação Política, ou até mesmo, as pessoas que acham que fazem suas escolhas políticas por livre e espontânea vontade, nada mais, são orientadas por bases ideológicas da grande mídia, a qual oferece, sempre, o seu Messias – aquele que irá salvar o povo brasileiro! Papo mais revolucionário e independente do que este, nunca vi! A grande criadora dos personagens caricatos politiqueiros, ditam a chamada Agenda Setting – pautam os assuntos gerais e coletivos que são discutidos em nosso cotidiano. E você, onde se enquadra nisso?
A questão é, que quando entendemos o papel da política em nossa vida e em toda a sociedade fica mais fácil escolher líderes que nos representem e, assim, saímos mais satisfeitos e esperançosos de melhora, após o resultado das urnas. Entretanto, em uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT), feita em 137 municípios, de 25 estados, nas cinco regiões do Brasil, em 2020, 21,7% das pessoas ouvidas disseram ter baixo interesse por política e um número expressivo, 31,6%, afirmaram que não tem nenhum interesse.
Esses dados são assustadores, já que mostram o desinteresse dos brasileiros em participar ativamente do processo democrático. Os temas discutidos no Senado Federal são, ou deveriam ser, de interesse de toda a nação, no entanto, apenas 29% dos brasileiros acompanham essas notícias com muita frequência enquanto 55% acompanham com pouca frequência. É o que revela a última edição da pesquisa “O Cidadão e o Senado Federal”, realizada pelo DataSenado. E aqui, façamos uma ressalva: as redes sociais digitais, com seus espectadores, deixaram de ser meros consumidores de informação para também produzir e entregar conteúdo. Olha aí a Educação Política ganhando e perdendo espaço ao mesmo tempo!
Continuemos com os índices da pesquisa. Para 67% dos brasileiros, a democracia é a melhor forma de governo. Apesar disso, quando questionados sobre o atual nível de satisfação com esse regime político, 87% consideram-se pouco ou nada satisfeitos. A forte desigualdade social foi apontada pelos eleitores como obstáculo à plena democracia.
Se continuarmos assim, descontentes, porém sem procurar formas ativas de melhorar nossa democracia não avançaremos rumo a um país melhor. São as nossas ações, inclusive, nossa participação no processo político e, quando digo processo político, pode-se entender as eleições de liderança comunitária, dos conselhos, dos movimentos estudantis, dos movimentos religiosos, etc. Essa participação garante mudanças importantes em diversos temas essenciais, como a saúde, a educação e saneamento básico, por exemplo. Entretanto, só existe um caminho para aplacar essas dores, que passa pela ação política e gestão pública feita de maneira adequada e eficiente.
Para isso, é preciso estimular o povo brasileiro, mostrando a importância de conhecer a história do Brasil. Desse modo, o povo brasileiro conhecerá melhor os candidatos e terão maior maturidade de compreenderem suas propostas, que em muitos momentos, não passam de meras narrativas.
A participação política não se encerra no ato do voto, e também não começa na escolha dos seus interesses. Educação Política é um meio; o voto é um meio de democracia. O brasileiro precisa de aprender o processo do voto no antes, no durante e no depois. Compreender os verbos conversar, dialogar, estudar, pesquisar e inovar devem fazer parte do cotidiano de uma Educação Política.
É necessário frisar que elas saibam que sua participação na política vai muito além do dia do voto. Não basta apenas fazer uma escolha assertiva, mas é mandatório acompanhar e fiscalizar as ações de seus representantes.
Uma boa formação política no Brasil precisa ir além das salas de aula de nossas crianças e adolescentes. Ela precisa ser eficaz e que desempenhe seu papel maior: orientar o cidadão a tomar consciência dos problemas locais e participar da transformação do lugar onde vive.
Buscar informação e se interessar por alguns assuntos que estão dentro deste universo da política são o primeiro passo para ter cidadãos mais conscientes e engajados. Afinal, a participação de todos é determinante para melhorar a qualidade da nossa democracia e a forma como se faz política em nosso país.
Percebe-se que a sociedade civil organizada, bem como, os partidos políticos, as igrejas e tantos outros organismos não podem se furtarem de suas responsabilidades, quanto a formação cidadã dos indivíduos, promovendo assim uma sensibilização dos pequenos grupos até alcançar a coletividade quanto ao exercício pleno da cidadania.
*O texto é de livre pensamento dos colunistas*
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