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Por Magda Simone – professora de Língua Portuguesa.
Ando reparando que as pessoas estão cada vez mais desligadas e se comunicando menos. Na verdade, não sou só eu que ando reparando, tenho ouvido e lido muito sobre isso. Ninguém consegue se concentrar numa conversa, as pessoas têm dificuldade de compreender o que leem e a comunicação com seus pares está cada vez mais comprometida.
Quando “se falam”, não se falam, trocam mensagens. O pior é que, muitas vezes, não se entendem, porque sem a interação, sem o cara a cara, muitas nuances de uma conversa ficam perdidas. Às vezes, só passam o olho nas mensagens e, quando precisam confirmar se algo foi dito (porque não se lembram), fica complicado voltar muitos zaps atrás para reler. “Deixa pra lá!!” E seguem cada vez se falando menos, cada vez lendo menos, cada vez vendo menos.
Dizem que a culpa é do celular. Esse aparelho deixou de ser um recurso auxiliar e se tornou algo imprescindível. Confesso que também fui fisgada e me tornei dependente. Outro dia, a bateria de meu aparelho acabou e percebi que, se precisasse me comunicar com alguém, não teria como, pois não sei nenhum dos meus contatos de cor, tá tudo dentro da agenda do celular. Na verdade, nossa vida está dentro do celular.
Talvez esse não seja o maior problema. A questão aqui discutida é até que ponto essa dependência está nos tornando acomodados e alienados. Por que pensar, se tenho o Google? Por que ler, se tenho imagens? Por que interpretar, se tenho pressa?
Em vez de curtir a vista, tiramos fotos. Em vez de ler um livro, assistimos a vídeos rápidos. Em vez de conversar ao vivo, enviamos mensagens.
Não estou julgando ninguém. Como falei, eu mesma estou me deixando levar e até me pego às vezes com receio de “ficar off”. O que trago é a reflexão sobre isso. Você já se perguntou: e se não houvesse internet, redes sociais etc., o que eu estaria fazendo agora? Será que estaria num passeio ao ar livre? Quem sabe fazendo uma visita a uma pessoa querida, boa de papo? Quem sabe não fazendo absolutamente nada? Você consegue não fazer absolutamente nada? Eu, só quando estou dormindo.
Em um mundo em constante evolução tecnológica, o desafio está em encontrar o ponto de equilíbrio entre o uso da tecnologia e a manutenção das relações humanas. Reconhecer a importância de se desconectar, de estar verdadeiramente presentes e de apreciar o valor do tempo compartilhado pode ser a chave para resgatar a profundidade em nossas vidas.
*O texto é de livre pensamento da colunista*
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