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O Ponto de Cultura Agência Varal Comunicação inaugurou, na noite de ontem (30), em sua Laje, a exposição “Fotografia em Movimento, que reuniu registros feitos por fotógrafos/as iniciantes e profissionais.
O Ciclo de Formação aconteceu entre abril e agosto, de 2023, totalizando 115 horas de aulas, com cinco oficinas ofertadas: “Fotografia Básica”, “Estudio”, “Eventos Culturais”, “Flash Criativo” e “Retrato”. A exposição ficará aberta ao público, sem previsão de término, de segunda-feira a sexta-feira, das 08h às 18h, em Itararé, Vitória.
Os participantes puderam fazer diferentes experimentações durante o conteúdo prático das oficinas. Foram fotografados produtos de negócios locais, pessoas, artistas, moradores e a dinâmica rica e colorida das ruas das comunidades do Território do Bem.
A Varal Comunicação foi inaugurada em 2011. Nessa trajetória de comunicação comunitária, a agência tem oportunizado o progresso cultural, social e o empreendedorismo local, para o universo periférico do Território do Bem. Tendo a Laje como símbolo de lugar de encontro e fomento da cultura periférica, a jornalista, Geisiane Teixeira, que ocupa o cardo de coordenadora Geral da Varal Comunicação, expõe a satisfação do trabalho realizado para contribuir com novas imagens positivas das localidades em torno.
“É muito gratificante. A gente vê a evolução das pessoas que começaram com a gente lá atrás e hoje são nossos instrutores, isso é o resultado do trabalho. A gente vê também a desconstrução por parte da mídia tradicional de uma imagem negativa do Território. Eles já estão entendendo que também trabalhar pautas positivas de periferia é importante para o desenvolvimento daquela periferia. Eu entendo que tem algumas mídias que estão no caminho fazendo esse esforço. Parte disso, é muito da responsabilidade da gente, que atua nesses movimentos sociais de base comunitária”, observou.
A coordenadora enfatizou o seu argumento em relação a mídia comunitária versus grande imprensa. “É importante que a gente leve pra mídia tradicional o que é de positivo nas comunidades. A gente recebe muita mídia tradicional pegando sugestões de pauta em nosso meio de comunicação comunitário”, pontuou Geisiane Teixeira, que há 12 anos atua com trabalhos de comunicação comunitária na Varal.
Ter um ponto de comunicação, de cultura, de inclusão social, dentro de uma periferia, com todos os desafios peculiares ao lugar, a Varal se tornou uma referência de informação e projetos culturais para formar e transformar pessoas. O “Fotografia em Movimento” confirma essa realidade.
“A gente tem feito todo um investimento na infraestrutura da Laje da Varal Comunicação. Fazer um ciclo de formação com cinco temas relevantes, mais de 30 pessoas envolvidas, professores, alunos, entre personagens que foram fotografados… O desafio de trabalhar com cultura em qualquer lugar do Brasil é grande. Quando você está em um local que não tem a tradição estrutural, nem é reconhecido como espaço de produção, de exposição de arte, torna o desafio maior. Mas esses mais de 10 anos da Varal, a gente já provou que podemos fazer”, disse a curadora Sheila Nogueira, 53, que trabalha desde a fundação da Varal Comunicação e participou na elaboração do projeto deste Ponto de Cultura.
A Varal Comunicação já vem com uma tradição em oferecer ciclo de formação na área da fotografia. Desde 2011 até dias atuais, a entidade cultural já ofereceu mais de 500 horas de oficinas fotográficas, sendo nove exposições fotográficas já realizadas. O “Fotografia em Movimento” é fruto de um trabalho contínuo de entender que a fotografia é uma ferramenta de marketing para potencializar o desenvolvimento comunitário do Território do Bem.
“A gente vai criando temáticas. A ideia é criar um currículo que é cumulativo. A gente já fez fotografia Bem de Perto, fotografia baseada na ancestralidade de algumas famílias aqui no Território com ascendência quilombola, com temas ao universo feminino, nosso turismo de base comunitária… A gente vai criando temas que possam fomentar a fotografia como registro de arte de expressão”, completou a curadora, moradora do bairro Bento Ferreira.
O olhar do professor
O professor oficineiro, Rodrigo Gavini, que ministrou as oficinas de ‘Introdução à Fotografia e Linguagem Fotográfica’ e ‘Flash Criativo’, esteve na exposição e deixou seu recado ao retratar o símbolo que representa a Laje para fins culturais e de interação social em uma comunidade.
“Essa exposição é fundamental. Trazer essas pessoas pra Laje da Varal, onde tudo aqui acontece… A Laje que no Brasil e na periferia é um espaço tão icônico e você desenvolver toda essa questão cultural, socializar isso, transformar esse espaço num espaço coletivo, onde pessoas podem interagir… Pessoas de outros lugares vem pra cá, e integrar com a comunidade”, comentou Rodrigo Gavini.
Click dos alunos
A Laje é um ambiente de identidade periférica, não só brasileiro, mas como também latino-americano. O Ciclo de Formação do “Fotografia em Movimento” recebeu um estrangeiro muito especial, Julian Samarca, 39, que há 11 meses reside em Vitória, onde estuda doutorado na Ufes. Conheceu o curso pelas redes sociais e fala do interesse em praticar a fotografia.
“Pretendo usar a fotografia como ferramenta profissional. Vincular a fotografia com jovens da periferia, o lado social. Fazer projetos sociais através da fotografia. Gostaria de fazer projetos de fotografia para crianças vinculadas com o samba. Eu faço intervenções sociais com jovens das periferias, e acho que a fotografia é uma ferramenta. A América Latina toda tem periferia, e, nas periferias os territórios precisam da cultura para transformação das realidades. A cultura, através da fotografia, pode identificar os jovens do próprio território. Eu acho muito legal esse espaço da Varal, isso cria identidade. A transformação dos territórios tem que fazer com arte”, enfatizou Julian, que é natural da cidade de Bogotá, capital da Colômbia.
O “Fotografia em Movimento” recebeu profissionais de outras áreas, além da cultura e arte. A advogada Patrícia Silveira, 52, moradora do Centro de Vitória, veio para o lugar certo em relação do que estava procurando.
“Eu precisava de uma ocupação. Vir pra cá, foi uma delas. Eu fiquei encantada! Eu não aprendi só fotografia. Eu aprendi outras coisas, além dessa comunicação com espaço que foi importantíssima. Boa parte dessas fotos, o click era o mínimo na história. O legal é você pensar em luz, no fundo do cenário que está se tirando a foto. A maior parte dessas fotos foi uma construção coletiva, e isso é muito interessante. As oficinas nos proporcionaram isso”, disse com alegria.
No meio de múltiplos olhares existe àquele que já vem de dentro da fotografia, mas sempre tem algo inédito par aprender como ver o mundo e aprender um anova luz. É caso da Paloma Palauro, 37, fotógrafa, moradora de Fundão, Timbuí.
“Eu conheço a Varal desde 2019. Eu sempre gostei da fotografia como forma de se expressar, de passar alguma mensagem. E através das oficinas, eu tenho me aperfeiçoado e mergulhado nesse universo de se comunicar através da fotografia. Eu agradeço a todo mundo que mantém esse espaço ativo proporcionando essas oficinas de conteúdos riquíssimos, vários espaços pagos não proporcionam tanta troca e conhecimento. Todas as oficinas foram com muito conteúdo prático e teórico, e essa possibilidade de conhecer o Território onde fica a Varal… A gente passeou nas ruas da própria comunidade… A experiência foi maravilhosa”, elogiou.
Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.