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Por José Salucci – Jornalista.
A juventude não sabe amar o tempo existido na personalidade de cada estação do ano. A juventude contemporânea não suporta o Inverno. Se vangloria no Verão. Ela é insensível no Outono e, na Primavera, violenta as rosas.
A vida sempre foi e sempre será repleta de desafios. Esses desafios são espinhos em nosso ninho para nos tirar do comodismo e nos incentivar ao aprendizado do voo.
Diante do Inverno, nosso corpo procura se aquecer com roupas apropriadas à situação. De modo conotativo, o inverno da alma procura um abraço amigo, um aconchego de quem nós admiramos, ou, até mesmo, de um estranho, afinal de contas, Inverno é sempre Inverno: nos fragiliza.
É nessa estação que precisamos da temperatura da comunhão. É aqui que nos aproximamos das alteridades. Sentamos em roda, ficamos mais perto, olhamos mais atentos para o outro olhar. Ouvimos mais!
Nesse modelo, a juventude contemporânea não sabe ouvir os conselhos do Inverno, são fugitivos das relações de proximidade. O Inverno econômico, social, político, às vezes castiga, é nessa circunstância que os mancebos da razão, os ‘intelectuais’ das novas tecnologias sentem-se ‘dodói’. Geração que não pode ser contrariada; os direitos só pertencem a eles; os deveres são obsoletos aos ‘animais pós-modernos’. Os relacionamentos são vazios. A fúria do Inverno mata porque sobreviver no ardor do vento tem que aprender a abraçar, isso os mancebos não fazem, não sabem; os manuais das tecnologias não ensinam, tão pouco os professores militantes de causas vazias. Só sabe abraçar quem recebeu abraço. De um braço forte de um trabalhador e trabalhadora humildes muitos abraços foram dados em seus filhos. Hoje, são idosos com braços, esperando abraços de jovens sem braços.
Outra estação vem ensiná-los o amor sobre a vida: o Verão. A vida está a sorrir para eles. O Verão é o feminino quente, o masculino metabolizado. Libidos danados. É hora de sair. De curtir. De recuperar o tempo perdido, de colocar uma bermuda, um shortinho e correr pelas ruas, seja de dia, seja de noite, infortúnios ruídos nas madrugadas.
O Verão nos convida para aventuras inesquecíveis. Geralmente, são dias de êxtase, de euforia.
Nessa estação, os jovens esquecem que tudo é passageiro, aproveitam o momento de forma insensata, achando que drogas de aluguel, hipóteses de felicidade, conceitos de vento irão subsidiar a felicidade que a alma deseja. Vangloriam-se quando estão por cima… A roda gira… A vida está literalmente na palma da mão. A informação chega semelhante a velocidade da luz, mas são jovens envaidecidos com uma vida de ostentação, seja nas esquinas, nos bailes, nas festas, no online, nas escolas, nas coisas não coisadas; só ouvem falar e já dizem que sabem.
Essa juventude perdeu o tino do Outono, é aqui que as flores caem. O sentido da morte precisa de ser resgatado para quem acha que a vida é um simples lugar de passagem e festa carnavalesca. Insensíveis diante do Outono, porque são amantes de si mesmos, meninos e meninas envaidecidos por suas belezas, corpos paradigmáticos que obedecem conceitos de quem os dominam. Sempre com a roupinha da estação, com a bebida da estação, com a droguinha do momento… com a musiquinha da estação… a dancinha da estação… O Outono chega e eles não se dão conta que as folhas caem… Tudo na vida vai passar… Vai cair! Se vai, vai, vai e não volta. O Outono é fase de saber refletir os amores e afetos, as virtudes que se quer alcançar. Caem corpos na calçada como folhas secas.
Sem ordem cronológica, já que a juventude nem se importa pra isso, chega a Primavera. Não há mais o romance, porque jovens têm aversão ao romântico; o amor não sai de moda. Tudo tem que ser pra agora. Juventude de relacionamento líquido. São violentos nos relacionamentos… Trocam de peça humana, mas a dor é contida na raiz do caule de seus corações.
A Primavera ensina que a colheita vale a pena. Que cada dia de trabalho foi importante para a construção de uma ética valorativa. Aprende-se, aqui, que cada flor tem sua cor e seu perfume, que cada ser humano tem o seu valor, sua cultura. Amar vale a pena. Sorrir com a simplicidade é fruto de quem tem sabedoria no viver.
Entre as flores há jardineiros mal educados… A juventude não sabe a filosofia das estações. A imagem do amor está nas estações. Verão, Inverno, Outono e Primavera são práticas de verdade. Amar em todas as estações é praticar o amor racional, que nos leva a reflexão da vida e vida para a reflexão do amor.
A juventude não sabe amar os paradigmas das estações!
*O texto é de livre pensamento do colunista*
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