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18 de outubro de 2024

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Série ‘Lideranças’: “Quem tem a visão, tem a responsabilidade”

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.


Entrevista / Série Lideranças

O Merkato apresenta mais um entrevistado da série “Lideranças”. Na ocasião, gestores, que pertencem a alguma Organização da Sociedade Civil (OSC), como presidentes, fundadores e coordenadores, estão sendo entrevistados. Nessa série de entrevistas, você conhece histórias de pessoas que são verdadeiros agentes políticos na sociedade.

E o nosso entrevistado de hoje é Douglas Lopes Gomes, 51, casado com Nelci Sena, pai da Emlly e da Lara, também já é avô. Nascido no município de Cariacica, sendo criado no bairro de São Benedito por 16 anos e, atualmente residindo no bairro Maracanã, Douglas é pastor da Assembleia de Deus Church, em Morada de Santa Fé, na cidade onde mora.

Além de exercer o sacerdócio, Douglas estende sua inteligência para outra atividade no Terceiro Setor: é o presidente do Instituto Sociocultural Fórum, onde destacou na entrevista que o propósito dessa OSC é trazer informação como mecanismo de empoderamento para o ser humano, destacou o desafio de transformar o ambiente do Instituto, não só em teoria, mas com resoluções no campo da ação social, cultural e do empreendedorismo.

Conheça agora, a convicção, os ideais, as histórias desse agente de transformação na cidade de Cariacica.

1 – Olá, Douglas! Vamos começar por sua infância. Quais são as lembranças?

A infância podia voltar, né! (risos). Corria no pasto, soltava pipa, jogava bolinha de gude, brincava de pique bandeira, corria na chuva. Quando eu falo de infância, eu me lembro dessas coisas. Aquele carrinho feito de lata, pique chinelo, quem acertasse o chinelo do outro de longe ganhava, e o ganhador era carregado nas costas (risos). Hoje os tempos são outros.

2 – Seu ambiente familiar, o que gostaria de destacar?

Eu sou de uma família de uma realidade de termo social bem delicada. Meu pai era alcoólatra, exerceu a profissão de pedreiro. E, três tios meus morreram por motivo do consumo de álcool também. Meu pai já é falecido e mamãe também. Minha mãe faleceu na época da Covid-19. No mesmo tempo eu peguei COVID-19, fiquei muito mal e nesse tempo minha mãe faleceu.

Eu estava em casa… fui para o hospital… ela estava no mesmo hospital… fui pra casa ser medicado… ela foi internada por complicações de saúde. Dois dias depois, chegou a notícia, eu só saía de casa para tomar o remédio no PA porque eles me indicaram o remédio para eu não ser internado, aí me disseram que minha mãe ficou internada, mas não chegou a notícia pra mim que era grave, internaram e no outro dia ela faleceu. Não pude ver minha mãe.

Em relação a minha esposa e filhas, como pai, eu sou de uma família que eu não ouvi dizer ‘eu te amo’, mas depois de tudo, tem aquela máxima daquilo que você não recebeu você não consegue dar.  Porém, eu precisei de dar para as minhas filhas.

Na casa da minha esposa o ‘eu te amo’ é natural. Como meu pai tinha sido um alcoólatra, eu saí de casa várias vezes para pedir socorro, ele agredia minha mãe. Passei por muita violência familiar. Eu não podia reproduzir aquilo, porque faz mal. Então eu pensava que era preciso ser muito melhor de tudo aquilo. Eu preciso escolher ser melhor. Mas tem uma outra questão, eu poderia me encostar… falar que eu nunca tive amor do meu pai, nunca tive abraço, mas isso é ficar escorado em muleta.

3 – Seus primeiros trabalhos?

Aos 16 anos de idade eu comecei a trabalhar com meu pai como ajudante de pedreiro e lá, eu cozinhava para oito pessoas (homens). Além de cozinhar, eu ficava encarregado de rejuntar. Foi meu primeiro trabalho. Tive muitos conflitos com meu pai, mas não diretamente com ele, mas com o resultado da bebida. E que surgia alguém dentro dele que gerava violência. Dentro do normal, eu lidava bem, mas o problema era o álcool.

Meu segundo trabalho foi de motorista vendedor, trabalhava de pronta entrega para o café Radiante, em Vila Velha, no Vale Encantado. Fui morar sozinho com 19 anos. Depois aos 20 anos eu me casei.

4 – E como foi essa nova vida de casado, já que sua esposa lhe ajudou a trilhar no caminho da fé?

Me converti na Batista Missionária. O que mudou em minha rota foi eu caminhar com minha esposa, indo para igreja. Ela começou a ir sozinha. Depois eu a acompanhei. Percebi o quanto isso é saudável pro meu lar, pra minha casa. Mas foi indo e vendo o quanto é bom servir a Deus. Eu estava em uma época que sem me perceber eu estava indo para o mesmo caminho que meu pai, não percebia que eu estava ficando igual a ele em relação ao álcool. E, apenas acompanhava minha esposa à igreja, até que um dia me entreguei a Cristo. E nesse caminhar fui percebendo o quanto é saudável essa relação entre igreja, casamento e família.

5 – Seguindo esse caminho, como foi o despertar ou sua experiência de seguir o sacerdócio?

Quando me converti fiquei servindo um tempo na igreja com atividades diaconais, sempre fui disposto a servir. Depois, surgiu o desejo de aprender um pouco mais, e também eu olhava aquelas pessoas de destaque na igreja, que eram inspiração para mim, para que eu pudesse aspirar ser uma pessoa relevante pra igreja. Logo depois, servi na liderança dos homens, então comecei a desenvolver práticas de trabalho na igreja, entendo que as coisas nascem a partir do momento em que você pratica o serviço eclesiástico. Nisso, meu pastor enxergou em mim um potencial e me indicou para o seminário.

Logo em seguida, ele abriu uma congregação e me destinou a iniciar o trabalho. A gente começou em uma varanda, em Vila Izabel, Cariacica. Erámos um grupo de três a quatro famílias. Daquela varanda fomos para um ponto alugado. À época, eu era estudante de Teologia.

6 – Nesse tempo você se via pastor?

Geralmente, ninguém se vê pastor no primeiro momento. Se me perguntar: você imaginou ser pastor? Nunca. Nunca pensei e nem identifiquei isso. Mas aí começa a nascer desejo, você começa a aspirar e ouvir as pessoas falando ao seu respeito sobre o dom ou sobre suas práticas.

À época da faculdade, nós tínhamos os cultos na capela e me lembro que um ou outro aluno pregou, mas na maioria das vezes era eu quem pregava. Então você vai percebendo e as pessoas vão identificando em você de maneira natural sem forçar a barra.

Douglas Lopes Gomes, 50. Graduado em Bacharel em Teologia e Pós-Graduado em Ciências da Religião. / Foto: ISF.

7 – O que a Teologia te ensinou, não só para o ministério, mas também para a vida?

Que eu não sei nada. Logo quando a gente começa, no meu caso, ali no primeiro e segundo período, eu fui me aprofundando. Cada semestre eu percebia que não sabia nada. Não é apenas um jargão, é porque, realmente, é um universo muito grande que eu não sei, e a cada dia a gente tem que estar disposto a aprender a crescer a cada dia.

A Teologia nos torna crítico. Então se você pegar essa estrada, talvez lá na frente, não vai ter volta. Eu percebia que o quanto mais eu estudava mais eu sabia que não sabia. Isso me faz lembrar do povo de Israel no deserto: os pés deles estavam na direção que Deus dava, seguiram por 40 anos a Deus, mas se perderam porque o coração não estava em Deus. Isso é assustador! Meus pés estarem dentro da igreja, mas o meu coração está longe de Deus.

8 – Nesse aspecto de andar na direção de Deus vamos falar do Instituto Sociocultural Fórum. Como foi seu ingresso nesse organismo e me fala como nasceu o Instituto?

O Instituto Sociocultural Fórum, no primeiro momento era Fórum Evangélico Político de Cariacica, foi criado pelo pastor Manuel Viana, em maio desse ano completou 23 anos de história. Eu não fiz parte do seu nascimento, apesar de hoje ser o presidente.

O Fórum Evangélico Político tinha uma tendência de discutir política, como os avanços pra cidade, porque as igrejas sempre tiveram dificuldade de discutir política. E as associações de pastores tinham as resistências de discutirem isso, hoje tá menor essa resistência do que anos atrás.

Depois o Fórum parou, estagnou. Na igreja que eu servia, sempre gostei de fazer algumas coisas, sempre fui ativo, e vi que o Fórum estava parado. E por ter uma relação com o Alfredo Viana, irmão do Manuel Viana, em uma conversa ele comentou em reativar o Fórum, então reativamos.

Nesse retorno, fizemos debates com candidatos à Prefeitura de Cariacica, debates com os candidatos ao governo do ES, fizemos eventos de prestação de contas do governo do Estado, do governo municipal, fizemos um workshop de poluição sonora porque as igrejas estavam tendo problemas com fiscalização quanto ao barulho e propomos uma atitude de equilíbrio junto com o Ministério Público, fomos nessa linha.

Consequentemente, ampliamos a ideia de o Fórum poder ir um pouco além. Partir para algo mais prático, pensar em atuar dentro da área social e começamos a fazer trabalhos em lugares de vulnerabilidade social.

Então fizemos uma nova releitura do Fórum, vimos que poderíamos potencializá-lo. Também pude trazer a ideia de alavancar os negócios de membros da igreja que são empreendedores, buscando conexões e ampliando o networking deles.

O Fórum está trilhando um novo momento, se envolvendo de maneira prática e não só teórica. Cremos que podemos contribuir não só com áreas sociais, mas também na área do empreendedorismo fazendo essa interlocução com o poder público e iniciativa privada. Hoje nós somos o Instituto Sociocultural Fórum, com utilidade pública estadual. Temos um corpo diretório de sete membros, porém com a participação muito maior de outros agentes.

09 – Que tipos de práticas sociais mais evidentes que o senhor, como presidente, pretende atuar com o Instituto?

No setor cultural. Ele é transformador. Mostra novos caminhos. Exemplo prático: a música. Ela encanta. Abre a mente. Faria eventos musicais de alguma maneira. Eu posso fazer uma entrega perfeita de um evento musical dentro do perfil do Fórum.

Já no social, repetir o que já fizemos por três vezes em Cariacica: a distribuição de alimentos. Provamos de experiência nesses dias de pessoas falarem para nós que estavam orando de manhã porque não tinham nada pra comer, e o Fórum pôde chegar no local e servir os alimentos. Então já batemos em algumas portas que as pessoas não tinham nada para comer. Vejo que podemos contribuir de maneira mais eficaz em levar alimentos para os que precisam, levar a cultura e o social.

Sobre isso entendo da seguinte forma: quem tem a visão, tem a responsabilidade. O Instituto pode ir muito longe, mas estamos engatinhando, estamos trilhando um novo caminho que vai ser muito interessante.

10 – Como você enxerga a relação entre Terceiro Setor e o poder público?

O Terceiro Setor chega em lugares em que o poder público não chega.

E quando a gente fala em Igreja, que é um agente do Terceiro Setor, ela chega muitas vezes onde o poder público não chega, não entra. Existem lugres que o poder público não entra e a Igreja e o Terceiro Setor chegam, entram, são recebidos, e abrem as portas. Áreas de vulnerabilidade social, por exemplo, que tem relação com o crime, a Igreja entra com muita facilidade. Ela é recebida, é respeitada e abre portas, já o poder público, não. As pessoas têm uma grande resistência.

Eu diria que a Igreja é um lugar transformador, é o lugar que mais transforma, a maior agência de transformação são as Igrejas e as vezes o poder público não consegue identificar e não cria os caminhos pra que esses que fazem o trabalho social possam ampliar o que fazem.

11 – Palavra final.

Agradecer ao jornal Merkato pela oportunidade de revelar minha história. E dizer que o Terceiro Setor não compete com o poder público, não é a contramão. O Terceiro Setor é o braço, talvez um dedo. Eu tenho certeza se o poder público olhar com carinho para o aparelho do Terceiro Setor haverá transformação de muitas vidas.


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