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23 de novembro de 2024

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CMJ realiza mostra cultural em Planalto Serrano

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39 Terceiro Setor/Cultura Por: José Salucci – Jornalista e diretor do Merkato. O Centro Municipal das Juventudes (CMJ) realiza nesta

“O ‘Falcão Fight’ é confiança, credibilidade e oportunidade”, disse Mutante

Ex-atleta da Seleção Olímpica de Boxe estreou com vitória no "Falcão Figth 1". Na ocasião, Wagner Lyra, o 'Mutante', realizou sua primeira luta no boxe profissional. / Foto: Divulgação.

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.


Entrevista/Boxe
Por José Salucci Jornalista e diretor do Merkato

O jornal Merkato está produzindo uma série de entrevistas sobre o grande evento de boxe “Falcão Fight 1”, que aconteceu no último mês de junho. Idealizado pelo pugilista Yamaguchi Falcão e pela empresária do ramo odontológico Natália Arantes, a primeira edição do show de lutas aconteceu na Associação dos Médicos do Espírito Santo, (AMES), em Bento Ferreira, Vitória.

Na primeira entrevista, o Merkato conversou com Yamaguchi, medalhista de bronze, nas Olímpiadas de Londres, 2012. Dando sequência na série, os atletas que lutaram o card profissional e que foram vencedores, serão entrevistados para falarem da honra da vitória e de terem participado do “Falcão Figth 1”, evento que já conquistou o coração do público, de atletas, treinadores e empresários.

E o entrevistado dessa vez é o capixaba Wagner Lyra, 42, o “Mutante”, que venceu a luta contra Isac Bonafé, na categoria peso-cruzador. Mutante venceu a luta por nocaute, e o curioso é que, nesse evento, o boxeador estreou como profissional. Pé quente, né! Ou, melhor dizendo: Mão quente, né!

Conheça um pouco mais da história desse evento e do lutador Wagner Lyra, campeão no Luvas de Ouro, campeão Brasileiro de Boxe, campeão Sul-Americano de Boxe e ex-atleta olímpico da Seleção Brasileira de Boxe.

Mas antes de se tornar um campeão, Wagner passou pelo processo que todo vencedor precisa de passar, os desafios. Estudou em escola agrícola, andava quase uma hora para chegar à escola, e ainda tinha a volta. E quando chegava em casa (sítio), tinha que capinar uma parte do terreno que seu avô deixava pra ele concluir o trabalho, além de fazer o dever de casa diante de uma lamparina. Assim, desde garoto, já sabia o que era lutar com a vida. Além de derrubar bananeira na porrada, agora o Mutante derruba adversários. O cabo da enxada também ajudou a formar o seu braço viril. Leitor, conheça a história do lutador que adora sorrir pra viver e golpear pra se divertir.

Wagner, o “Mutante”, de luva vermelha, golpeando o seu adversário, Isac Bonafé, no “Falcão Figth 1” . / Foto: Divulgação

1 – Wagner Lyra, obrigado por ceder a entrevista. Se apresente para o público.

Eu sou de São Miguel, município de Guarapari. Morei com meus avós, meus tios, e meus dois irmãos no sítio. Meu pai faleceu eu tinha cinco anos, eu sou o mais velho entre os irmãos. Minha mãe foi pro Rio de Janeiro e meu avó não deixou a gente ir junto. Morei no ES até os 21 anos e depois fui pro Rio, capital, praticar o boxe.

Bom! Sobre a minha personalidade, eu sou divertido, gosto de sorrir e praticar a minha maior paixão, que é o boxe. Também treino outras modalidades, como o MMA, tenho sete lutas e sete vitórias.

E também tem meus títulos: sou campeão Municipal, Estadual, Brasileiro e Panamericano de Kickboxing. Destaco o Pan-Americanos, em Foz do Iguaçu, em cima de um argentino, então considero duas vitórias em uma só luta, porque foi contra um argentino (risos). Eu ainda estou no número 1 no Kickboxing; acabei de ser campeão no mês passado de kickboxing no Estadual do RJ. Como todo campeão, as histórias são de muita luta e resiliência.

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Bar tradicional do Mauro Pé de Galinha, em Valparaíso, Serra.

2 – E como nasceu o boxe na sua vida, seu primeiro contato?

Quando eu era criança eu chutava a bananeira, dava soco na bananeira até derrubá-la. Era uma luta imaginária. Mas a primeira vez que vi uma luta de boxe foi pela televisão, meu primeiro contato. Fomos ver a lenda: Mike Tyson. Ele foi o meu incentivo no esporte… Não tinha energia no sítio do meu avô, a gente vivia de lamparina. Aí fomos pra a casa de um vizinho pra assistir a luta do Mike Tyson, a gente andava coisa de 1 km. A imagem da TV era branca e preta, na década de 1980. Aquela imagem ficou na minha cabeça, aquela luva vermelha… e a luta dele sempre acabava muito rápido, se você saísse pra ir ao banheiro você perdia a luta. Esse foi o meu primeiro contato visual com o boxe.

3 – Quando foi o seu primeiro contato físico com o boxe?

Eu tinha 21 anos, fui morar no Rio de Janeiro porque minha mãe morava lá, em Nova Iguaçu. Só encontrei uma academia de boxe em Ipanema, academia “Nobre Arte”.

Eu acordava de madrugada pra chegar na academia às 6h30, 7 horas, então eram três horas de viagem pra ir e voltar. E às vezes sem o café da manhã, chegava na academia e metia porrada em todo mundo. Era treino de manhã e à tarde. Foi, ali, que eu conheci o boxe e dei meu primeiro soco com o meu Mestre Ricardo Tinha.

Mas antes, quando eu estava no ônibus, indo pro Rio de Janeiro, me veio a imagem do Mike Tyson na cabeça, aquela vez que eu assisti a luta dele na casa do vizinho. Então, por isso eu perguntei pra minha mãe onde tinha uma academia de boxe, aquela imagem ficou na minha cabeça e por isso fui pro boxe.

E o curioso, que a gente não achava uma academia de boxe. Então, fui em uma livraria antiga e perguntei se tinha alguma revista de luta. Aí tinha uma pilha de revista, comprei por R$ 2,50 a Revista Tatame. E nessa revista eu achei o número de telefone do meu mestre. Eu comprei a revista pra ver alguma coisa de boxe e o vendedor me falou dessa revista em que o Popó tinha lutado com um cubano, mas ele não sabia onde é que tava a revista, e no meio daquela pilha de revista, eu puxei uma, era a segunda de baixo pra cima, coisas da vida. Então, eu liguei pra academia e fui; é uma história.

4 – E como foi a vida no Rio de Janeiro?

Eu trabalhei no ferro velho do meu padrasto, trabalhava de sexta-feira a segunda-feira e treinava de terça-feira a quinta-feira, era os dias de porrada, o pau quebrava. Isso tudo pra juntar dinheiro para as passagens, porque nem dinheiro pra comer eu tinha. Como eu falei, saía de madrugada de casa, pegava um ônibus até a Pavuna, de lá, eu pegava o metrô e ia até a Estação Cardeal Arcoverde, dali eu pegava mais um ônibus e ia até a General Osório, quando eu chegava, andava a Rua Alberto de Campos todinha, em Ipanema, e subia uma escada de 26 degraus pra chegar na academia.

Eu fazia o primeiro treino pela manhã e o segundo à tarde, ficava sem almoço, parece mentira, mas não é. Eu treinava, suava, era uma loucura, eu fiquei assim uns três a quatro meses. Aí, o meu treinador viu tudo isso, entendeu que era o meu sonho e despertou nele de me deixar dormir na academia. Então passei a dormir na academia em cima do ringue. Economizava o dinheiro da passagem e comecei a comprar quentinha, aí eu tive mais tempo pra treinar e tempo pra descansar. É a primeira vez que estou falando isso pra imprensa.

5 – E seu início da carreira de lutador, como foi? Conta as lutas e momentos marcantes e frustrações.

Eu fiz a minha primeira luta: nocauteei. Fiz a segunda: nocauteei. Aí fui lutar o Brasileiro de Boxe, no Belém do Pará, em 2004. Primeira vez que lutei um Brasileiro fui medalha de prata.

Depois dessa experiência, fui me preparar pro próximo ano. Eu trenei para o Brasileiro de 2005, na Bahia, pensando no Glaucélio Abreu, o cara que não perdia no Brasil a mais de seis anos. E tinha o Elber Passos, que lutava sempre com esse Glaucélio Abreu e que sempre perdia. Aí, cara! Eu caí na chave do Glaucélio. Minha primeira luta lá, resumindo. Meti a porrada nele, deixei ele pendurado na corda e ainda eu o tirei da Seleção Brasileira de Boxe, fui pra Seleção no lugar dele. Ele tinha luta olímpica, tinha mais de 200 lutas no currículo. Esse campeonato foi pela Confederação Brasileira de Boxes (CBB), onde eu fiz parte e o Yamaguchi Falcão também; é a elite do boxe. É aqui que começar minha história começou aqui no boxe.

Nesse tempo, eu era do boxe amador, o boxe olímpico, atletas que usam o capacete. Viajei pro Peru, México, Cuba, Venezuela entre outros países Sul-Americanos. No boxe amador eu fui campeão Brasileiro, campeonato Luva de Ouro, campeão Paulista, campeonato Éder Jofre. São lembranças bacanas, quando eu começo a falar.

E uma frustração foi em 2007, no Pan-Americanos, que foi realizado no RJ, eu iria participar. Fiz a seletiva… e acho que por causa de panelinha, levaram o Glaucélio, e na primeira luta ele perdeu e foi desclassificado. Eu era pra ter lutado e com certeza traria alguma medalha pro Brasil. Fiquei um pouco chateado com essa história de não ter lutado essa competição e pedi pra sair da seleção; fui praticar outras artes marciais.

6 – Agora vamos falar do evento “Falcão Figth 1”. Você tem uma amizade com o Yamaguchi desde os tempos de Seleção, como recebeu o convite pra participar desse evento de boxe?

O Yamaguchi foi ao CEFAN – Centro de Educação Física Almirante Adalberto Nunes, na Marinha, no Rio de Janeiro, e ele me convidou pra ir lá. Eu não ia perder a oportunidade de reencontrá-lo, já havia uns 15 anos que não o via. Conversa vai conversa vem, ele comentou que ia fazer um evento de boxe, nem tinha o nome. Eu falei pra ele que estava querendo passar pro profissional. Então falei pra ele que eu seria o primeiro a me candidatar ao evento. Fui o primeiro atleta a ser inscrito no “Falcão Figth 1”. Passei a ser profissional nesse evento maravilhoso! Eu já lutei em vários países, em vários lugares do Brasil e esse evento do Yamaguchi, junto com a esposa dele e a promotora Natália, foi o melhor evento que eu já lutei na minha vida.

À esquerda na foto, Yamaguchi Falcão, um dos idealizadores do evento de boxe. Ao seu lado, o amigo e boxeador Wagner Lyra, o Mutante, que venceu a luta em sua estreia no boxe profissional. / Foto: Divulgação

7 – O que você destaca no “Falcão Figth 1”?

Tudo se encaixou. O vestiário; parte de massagem, antes e depois da luta. É… a forma e maneira que eles fizeram e abraçaram os atletas. Eu vi outras qualidades do evento, como o hotel que eu fiquei de frente pra praia, em Camburi, a alimentação foi muito boa, tinha motorista particular pra levar pra luta, pra buscar no aeroporto. Então, eu destaco a parte da administração, sem contar que é um evento de boxe que recebe a chancela do Conselho Nacional de Boxe (CNB). Ou seja, os combates contaram para o cartel dos lutadores no “BoxRec”.

8 – E o que tem a dizer do adversário que enfrentou, o momento do antes e durante a luta?

Eu me preparei pra essa luta uns três meses, um tempo suficiente. Foi difícil pra arrumar um lutador pra lutar comigo. Eu falei que poderia escolher um cara de até três a cinco lutas, que poderia ser um lutador que vinha de vitórias, mas foi difícil arrumar essa luta pra mim. O Yamaguchi arrumou dois atletas, mas correram, parece que viam meu Instagram e desistiam (risos). Teve um lutador que até morava fora do Brasil. Aí, o Yamaguchi achou um lutador de SP, o Isac Bonafé, moleque bom! De 21 anos, vinha de três vitórias…

Agilidade do boxeador Mutante, se desviando de um golpe do seu oponente. / Foto: Divulgação.

9 – E como é se tornar profissional aos 42 anos de idade?

Eu lutei com um cara que tinha a minha idade de quando eu comecei no boxe. Eu só sabia socar bananeira. Em todo tempo que tô no esporte, dos meus 35 anos de idade pra cá, é o tempo que tô mais concentrado, por quê? Dificilmente, eu jogaria um golpe em vão. Eu aguento até os 55 anos, quero tá lutando.

E nessa luta, quando eu soube quem era o meu adversário, eu fiquei tranquilo. O cara não postava um treino dele, falei até com o Yamaguchi que ele não postava nada, que eu ficava cutucando ele, mas ele ficava na dele.

Fiquei tranquilo… Não precisei de estudar ele… Eu vou ganhar por nocaute, falei pro Yamaguchi. Até porque, na pesagem, eu falei pra ele: “Cara, eu vou te ganhar por nocaute!”. Mas eu não falei isso por ser marrento ou pra provocar. Falo isso porque eu confio na minha mão, no meu treino. Isso faz parte da luta, é do boxe.

Mas o menino é bom, conseguiu me dar um Knockdown no segundo round… Eu derrubei ele no segundo round, e nesse momento da luta ele foi salvo pelo gongo, porque foi trocando as pernas pro cone e o terceiro round eu vim pra finalizar: nocauteei.

Experiência versus juventude. Foi assim a luta entre Mutante e Bonafé. Em sua estreia no boxe profissional, Mutante, 42, provou que a experiência, alinhado com a resistência, o golpe sai mais assertivo e o adversário sai cambaleando. / Foto: Divulgação.

10 – Esse nocaute, o que significa entrar para o profissional com 42 anos de idade, com a cabeça madura, um boxe maduro e estrear com vitória?

Ele com 21 anos, vindo de três vitórias… Eu sempre fui um cara do boxe amador, olímpico, mas o meu boxe sempre foi um boxe profissional. É um boxe duro, coloco a mão pra machucar, eu não jogo a mão pra pontear, a mão que eu jogo pra pontear, é a mão que eu jogo pra nocautear, pra meu adversário sentir a força do meu soco.

E o fato da minha idade, eu não vejo dificuldade, pelo contrário, eu tô mais firme, a minha musculatura é muito mais forte do que quando eu tinha 21 anos de idade. Na idade da juventude o cara só tem explosão, mas pra aguentar o peso da minha mão e o fôlego que eu tenho, aí tem que treinar muito. A luta foi de 4 round, pra mim que treino 12 rounds, foi tranquilo.

Se eu tivesse abafado ele no primeiro round, ele não ia chegar no segundo… A explosão, o fôlego… Na hora que eu dei o primeiro sufoco nele, ele ficou suando e puxando o ar, não tem fôlego… No boxe você tem que treinar muito a parte física, se a parte física do atleta tiver 100% e souber se defender, ele derruba o fenômeno.

Eu sou o tipo do lutador que sempre busca o nocaute, jogo a mão pra machucar. Eu lutei 4 rounds de três minutos e um minuto de descanso.

Então, se eu faço uma luta com 10 rounds, de três minutos, o cara pode bater, bater, ficar solto, mas nesses 10 rounds, onde minha mão bater, ele vai cair.

Momento de trocação e confiança. O menino que socava a bananeira, agora adulto, lembra os tempos de roça para boxear o adversário com a luva vermelha e homenagear a lenda: Mike Tyson. / Foto: Divulgação.

11 – E pra sua carreira, o que significa ter lutado o “Falcão Figth 1”, ter a oportunidade de ser visto por um público mundial?

Esse evento já está sendo visto no mundo todo. Amigo meu da Rússia, amigo meu do Chile, amigo meu que está em Paris, já estavam de olho nesse evento.

E aqui, a visibilidade que deu… foi pra eu recomeçar no boxe… o “Falcão Figth 1” me deu uma oportunidade, ascendeu aquela luz dentro de mim que estava escondida e, agora tá me dando uma visibilidade. Você tá aqui fazendo essa entrevista comigo, a Rede TV já fez, outros canais de televisão; a luz do Mutante reascendeu… Eu queria dizer que, esse evento firma um campeão, faz um divisor de águas. O “Falcão Figth 1”, não só pra mim, mas pra vários atletas, é de uma visibilidade surreal.

12 – Diga três palavras que o “Falcão Figth 1” significa pra você e conclua com uma palavra final.

Confiança, credibilidade e oportunidade.

Aqui, no ES, o boxe estava apagado. Vai rolar o segundo, eu já estou escalado pro próximo.

Conversei com a Geysa, que é a presidenta da CNB, e aí ela falou que eu posso lutar pelo título Brasileiro no próximo evento. Então. o próximo “Falcão Figth 1” eu vou lutar pelo título Brasileiro e vou ganhar por nocaute, pode ter certeza. Espero que seja ainda esse ano o próximo “Falcão Figth”, e poder finalizar o ano com o cinturão de Campeão Brasileiro, vai ser uma coisa louca.

Após a luta, Mutante carrega nos braços o seu maior ‘título’, o Heitor, seu único filho. / Foto: Divulgação.


Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.

Av Paulo Pereira Gomes, sn Morada Laranjeiras/Serra/ES @gladiadoresct

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