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Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39. Coluna Letrados Por Samuel J. Messias – Gerente de Projetos Especiais na ADERES Introdução: A relação entre educação e desenvolvimento econômico

A fábula da educação brasileira

(Imagem: Vecteezy)

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.


Coluna Letrados
Por Sueli Valiato
professora de Língua Portuguesa e Literatura.

Era uma vez uma floresta muito grande, com muita diversidade de bichos e plantas. Como numa sociedade humana lá tinha uma hierarquia, que foi elaborada pelos bichos de porte maiores e por meio da força foi se consolidando em toda floresta.

Para melhor dominar a floresta os animais do topo da hierarquia, dividiram-na em territórios, subordinados a um grupo denominado Poder Central, que cuidou logo de construir uma ostentosa sede.

Com o passar do tempo, o Poder Central percebeu que precisava capacitar os seus sucessores e se dirigiram a uma outra floresta, bem conhecida por ser a mais desenvolvida entre todas.  Trouxeram de lá um método de instrução de última geração. Construíram em cada território um espaço para instruir seus sucessores com o melhor aparato de instrução.  Fez-se um grande processo de seleção e o critério principal era a genealogia. A esse critério acrescentaram análise de aparência, porte físico e gênero em caso de empate.

Aquilo virou notícia na floresta e alguns animais passaram a questionar porque a instrução era ministrada para tão poucos bichos e só para aqueles que já eram situados nos melhores lugares da floresta.  E o porco-espinho, o macaco, o papagaio resolveram que ficariam nos entornos da sala de instrução para ver o que estava sendo feito lá.

E sem serem notados, o porco-espinho, o macaco e o papagaio aprenderam a metodologia da instrução e começaram a ensiná-la à bicharada subalterna. E a bicharada começou a ver, falar e se comportar de forma diferente. Inclusive já estavam organizando um sistema de poder mais próprio e apropriado ao desenvolvimento de todos da floresta.

Quando o Poder Central da floresta tomou conhecimento do fato, imediatamente, recorreu à elite instruída da floresta hegemônica para buscar solução. Assim que chegaram, antes mesmo que o pelotão da instrução terminasse a explanação a respeito do que estava acontecendo, já lhe foi apresentado dois pacotes instrucionais. Um para elite da floresta e outro para bichada subalterna, enfatizando que com uma boa jogada de marketing em algumas décadas esse desvio seria contornado.

Nesse tempo a bicharada já estava aplicando a metodologia apreendida da elite da floresta em várias salas de instrução. A partir dela foram recriando novos métodos e metodologias mais apropriadas à realidade e à necessidade de cada lugar.

Diante da situação, o Poder Central criou um grupo de bichos muito bem instruídos para cuidar da instrução em toda floresta. E seguindo criteriosamente a orientação trazida, a instrução agora seria para todos da floresta. E começou uma grande movimentação. Foram construídas salas de instrução em todos os territórios da floresta.  Instrutores foram formados e materiais foram preparados. Vinha tudo prontinho para que todos os bichos tivesse acesso à instrução. Isso tudo acompanhado de um discurso comovente de que agora todos os bichos, do menor ao maior, da floresta teriam direito a instrução.

Com a instrução sendo massificada, o porco-espinho, o macaco, o papagaio e outros instrutores começaram a perceber que apesar da bicharada estar há décadas sendo instruída, continuava nos mesmos lugares. Nada tinha mudado! E começaram a modificar as metodologias e a finalidade da instrução. Devido a isso, volta e meia, o Poder Central estava sendo surpreendido com membros da bichada em espaços predestinados para a elite dos bichos.  Isso estava causando vários abalos ao sistema de poder da elite florestal.

O grupo responsável pela instrução na floresta foi enviado àquela floresta instruída, a mais desenvolvida, para encontrar uma nova solução. Voltaram de lá com uma ideia genial: todos os bichos precisavam ter garantia de uma instrução de qualidade. Destacando que a instrução em vários territórios estava inferior a outros e isso não era justo, porque todos são iguais e o direito a melhor instrução tem que ser garantido a todos.

Iniciou-se um grande movimento na construção de parâmetros, que as salas de instrução e seus instrutores deveriam seguir ao ministrar a instrução para a bicharada.  Anos se passaram… E a bicharada continuava quase na mesma. Um avanço aqui… Outro ali… Então, o porco-espinho, o macaco, o papagaio e alguns instrutores começaram a retomar elementos metodológicos e estratégias utilizadas em tempos anteriores.

Tudo ia aparentemente bem… Entretanto, alguns instrutores apoiados pelo porco-espinho, o macaco, o papagaio e por representantes dos diferentes coletivos da bicharada começaram a propor novas formas de instrução que trazia em si finalidades mais direcionadas ao desenvolvimento e autonomia dos territórios.

Foi quando ecoou nos quatro cantos da floresta uma notícia que mudaria para sempre o histórico de fracasso no processo de instrução da bicharada.  Um grande pacto foi constituído, agora seria todos pela instrução, com plano de metas claras, medições periódicas, recursos para alavancar os resultados, ações de melhoria salarial para os instrutores. Nossa! Aquilo foi uma festa nas salas de instrução. Alguns bichos viraram até amigos das salas de instrução.  “Agora a bicharada ficará instruída!”, era o que todo mundo dizia, principalmente os representantes do Poder Central. O porco-espinho, o macaco e o papagaio observavam a tudo atentamente com ar de preocupação.

Mas pasmem, não levou muito tempo para começar sair nos noticiários de todas as florestas que a instrução da bicharada não estava alcançando as metas pré-estabelecidas e que precisava ser repensada. Como podia uma floresta tão grande e diversa não ter uma base comum para assegurar uma instrução de qualidade a todos, uma vez que todos têm o mesmo direito de se instruírem para chegar onde quiser? E a partir desse discurso, iniciou-se uma movimentação nunca vista antes naquela floresta. A bicharada e seus instrutores sendo inseridos em núcleos de discussão, em fórum, congressos e conferências. Tudo patrocinado pelo Poder Central.

O porco-espinho tentou alertar dizendo que achava tudo aquilo estranho e que estava preocupado com o desenrolar das coisas ao longo do tempo. A maioria não quis nem ouvi-lo, salientando que ele adorava espezinhar.

Concomitantemente a esse grande movimento para salvar a educação da floresta, os representantes do Poder Central de cada território florestal, se envolveram mais fortemente com a preocupação e necessidade de alavancar a qualidade da instrução oferecida à bicharada de seus territórios. Resolveram comprar um projeto de certo território que estava se saindo muito bem nas medições feitas pelo Poder Central. Os instrutores de todas as salas de instrução, cada um em seus respectivos territórios, receberam formação continuada, materiais estruturados prontinhos para serem aplicados.  Eram tantos livros que chegavam! Cadernos estruturados bem coloridos como nunca se tinha visto nas salas de instrução.

Com certo tempo, os instrutores começaram a questionar a quantidade de papéis para preencher, as medições anuais de resultados, as plataformas, ressaltando que muitos instrutores estavam adoecendo. E o papagaio se assustou ao constatar que todos os instrutores tinham se afastado pelo mesmo código de identificação de doença: 10 Z56. 3.  Tentou alertar os representantes do poder imediato, mas esses disseram que o papagaio falava demais, gostava de fazer barulho.

Enquanto isso, a bicharada liderada pelo macaco conseguiu criar leis que garantiam os direitos à instrução para as minorias da floresta, aos bichos com deficiência física, com transtornos neurológicos, às especificidades geográficas, culturais dentre outros. Muitos dos bichos instrutores começaram a questionar a ineficácia desse modelo e o demasiado controle no processo de instrução, passando a desenvolver novas metodologias, novos métodos e/ou retomar os que usam antes.

Essa notícia foi perpassando por todas as instâncias florestais, chegando ao conhecimento do Poder Central e ao conhecimento da floresta hegemônica. Essa por sua vez, enviou emissários para averiguar e determinar que independentemente da diversidade e adversidades de e nos territórios, aquela floresta tinha que garantir as metas assumidas no pacto, se não receberia sanções.  Exigindo que reforçasse as ações de controle e regulação em todas as salas de instrução da floresta.

O macaco sempre dialogava com os instrutores das salas de instrução sobre a importância de desenvolver as atividades a partir da realidade local, contextualizando os conteúdos da instrução, instruindo a bicharada a partir de problematizações. E a instrução emancipatória estava avançando, quando chegou um comunicado, quase si-len-ci-o-so, de que a cota-sobrevivência que cada território florestal recebia, estaria a partir de então, vinculada aos resultados das medições feitas, nas salas de instrução, pelo Poder Central.

Ao tomar conhecimento disso, o porco-espinho reuniu-se com o macaco e o papagaio para analisar a situação. Após horas de diálogo e um profundo silêncio, os três murmuraram que a hora que temiam havia chegado. E abraçados choraram…

Em contrapartida à notícia quase si-len-ci-o-sa, foi apresentado à bicharada e seus instrutores novos prédios para funcionar as salas de instrução, bem mais equipadas, com novos horários, novas organizações do que instruir, novos profissionais e programas de capacitação… Até as perdas salariais dos bichos instrutores foram corrigidas. Não se falava em outra coisa na floresta! Tudo isso levantou o ânimo da bicharada e dos instrutores.

Com o passar do tempo, a bicharada nas salas de instrução mal dava conta de responder a quantidade farta de avaliações. Os bichos instrutores passavam os dias aplicando avaliações, lançando-as em sistemas e fazendo plano de ação.  E as salas de instrução foram ficando cada vez mais triste, não tinha nenhuma novidade. Tudo era muito previsível. Acabou a diversidade, quase não tinha espaço para criatividade. O instrutor perguntava e a bicharada respondia em coro o que estava no material estruturado. A instrução virou norma e a ‘boniteza’ do ensinar e do aprender definhavam.

E para tristeza e confirmação da hipótese do porco-espinho, do macaco e do papagaio, que para muitos era absurda, a bicharada, em todos os territórios, continua ocupando os mesmos lugares de sempre, sendo adestrada para manter a boa vida da elite da grandiosa floresta.

E agora, como sairemos dessa? Pergunta o porco-espinho para o macaco e o papagaio.

*O texto é de livre pensamento da colunista*


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