“Se estudar, para nós, não fosse quase sempre um fardo, se ler não fosse uma obrigação amarga a cumprir, se, pelo contrário, estudar e ler fossem fontes de alegria e prazer (…) teríamos índices melhor reveladores da qualidade de nossa educação”. (Paulo Freire)
Abril é o mês do livro. E o que temos a comemorar? Segundo a pesquisa Retratos da Leitura em Bibliotecas Escolares, do Instituto Pró-livro, divulgada em 2015, “o Brasil ocupa a 60ª posição entre 70 países e está abaixo da média mundial em leitura”. A pesquisa também aponta que “27% dos brasileiros (3 em cada 10), entre 15 e 64 anos, são analfabetos funcionais”. E 44% dos entrevistados alegaram não ter lido nem ao menos um trecho de livro por ano e mais de 48% deles só têm acesso ao livro na escola. E na contramão, temos 68% das escolas públicas sem bibliotecas ou espaços de leitura.
A relação da aprendizagem escolar com a leitura é fato. Crianças que leem mais tornam-se adultos mais dinâmicos e proativos e cidadãos mais participativos. Em contraponto, a defasagem escolar lança, no mercado de trabalho, mão de obra pouco especializada e trabalhadores em situação de subemprego. E o círculo vicioso não se quebra.
Para Paulo Freire “a leitura do mundo precede a leitura da palavra”, ou seja, a leitura vai além da decodificação da palavra. E de nada adianta insistirmos numa educação conteudista, que desconsidere a importância da literatura, da leitura pelo prazer, dos textos literários que alimentam nossa imaginação e criatividade.
Enquanto os dados negativos teimarem em permanecer, continuaremos com os mesmos problemas educacionais pelos quais passamos desde sempre: analfabetismo, evasão escolar, e, como consequência, problemas sociais que afetam a qualidade de vida e a economia do país.
Mas não basta criar espaços de leitura. É preciso criar políticas públicas que garantam condições de tais espaços serem utilizados de forma articulada ao currículo escolar, para não correrem o risco de serem apenas depósitos de livros.
Só assim, superaremos nossos desafios na educação e contribuiremos para a construção de uma educação de qualidade em uma sociedade igualitária.
Magda Simone Tiradentes – *Mestre em Letras pelo Mestrado Profissional em Letras (IFES). Experiência na docência de Língua Portuguesa (Ensino fundamental II), atua na Secretaria de Educação da Serra, com a Formação Continuada de Professores de Língua Portuguesa.