Ainda vejo a gamela esmaltada,
branco e magenta, no meu colo…
Ainda sinto o cheiro do caldo de galinha caipira,
o gosto da mistura de farinha e canja.
Ainda permanece na minha memória,
o gosto da minha infância…
Ainda vejo um livro desbotado nas mãos enrugadas da minha avó…
Daquelas mãos vieram o meu prazer pela leitura.
Ouço o cocoricó das galinhas caindo do pé de abacate.
Das paredes daquela casinha coberta de amor e de simplicidade,
ainda me lembro bem…
Do alvoroço dos primos, no campinho a jogar bola…
Do medo do escuro, agora nictofobia…
Ainda me lembro bem…
Ainda vejo as luzes dos postes que só seu topo iluminavam,
cheios de voos de insetos…
A rua de terra vermelha, cheiro de gado.
O imenso e assombrado pé de jatobá, frutos da imaginação,
lendas rurais.
A imagem do meu avô e seus conselhos (terapia regressiva).
Como me fazem bem essas lembranças!
Me pego num suspiro longo e retorno…
Acabei de voltar de lá!
*O texto é de livre pensamento do colunista*
Jefferson Tiradentes – Escritor e poeta. clique aqui e conheça a obra do autor: “Vestígios”.