A solenidade aconteceu, ontem (15), com motivação de incluir a prática da capoeira no Complexo Viário de Carapina. O secretário municipal da Setur, Philipe Lemos (PDT), falou das possibilidades dessa ocupação urbana. / Foto capa: Alexandre Loureiro.
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Aconteceu, ontem (15), na Câmara Municipal de Serra, a audiência pública “Capoeira: Direitos, Garantias e Cidadania”. A solenidade, iniciada às 19 horas, teve como proponente a vereadora Elcimara Loureiro, a qual está de casamento marcado com a legenda do Partido dos Trabalhadores (PT).
O motivo da audiência, o movimento cultural da capoeira deseja ocupar um espaço físico no Complexo Viário de Carapina para a prática do esporte e disseminação da cultura capoeirística.
“Estamos aqui pleiteando por um espaço construído no Complexo de Carapina para termos nosso reduto capoeirístico, onde poderemos estar praticando rodas de capoeira, trabalhando com a educação, socialização, inclusão, história, filosofia e tudo aquilo que abrange a nossa capoeira para que possamos estar trazendo pessoas que queiram sair da margem e vir para a inclusão e trabalhar”, disse o presidente da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes), Me. Nagô.
O secretário municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), Philipe Lemos (PDT), comentou a importância dessa audiência para o movimento cultural da capoeira e para a sociedade capixaba. “Quanto mais a gente leva projetos para o espaço urbano, a gente dá a chance daquele esporte, daquela prática se desenvolver mais e mais. Então, quando a gente ouve o desejo da turma que está diretamente ligada à copeira… esse desejo de abrir espaço na região do Complexo Viário de Carapina… isso é excelente! É extremamente importante esse debate!”, pontuou.
Durante a audiência, o secretário municipal da Setur informou que no dia 24 de agosto irá se reunir com o secretário de Esporte e Lazer (Sesport), José Carlos Nunes, para tratar da pauta que visa transferir a gerência do Complexo Viário de Carapina para o município de Serra.
“Já existe essa conversa do estado com o município, pra que o município possa, ali, assumir a responsabilidade daquela região. E quando a gente assume a responsabilidade de uma região, a gente tem que promover para que o espaço público seja bem utilizado. E mais, ter a possibilidade de levar isso para o governo do estado pra que a gente assuma, de fato, aquela área e abarcar a turma da capoeira naquele espaço”, concluiu.
A proponente da audiência, a vereadora Elcimara Loureiro discursou sobre o comprometimento da sua gestão com a cultura afrodescendente e o necessário engajamento de políticas públicas para o movimento da capoeira. “Se tratando de capoeira, é também um instrumento de combate ao racismo cultural. A nossa principal pauta é reivindicar o novo espaço físico do Complexo Viário para uma construção, ou, adequação de um auditório para roda de capoeira multidisciplinar cultural”, disse com entusiasmo.
Participantes
Na noite de ontem, na Câmara Municipal de Serra, compuseram à mesa para o diálogo, o secretário municipal de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer (Setur), Philipe Lemos (PDT); a vereadora Elcimara Loureiro; o Gerente de Esporte e Alto Rendimento, Lenir Coelho, representando a Secretaria de Estado Esporte e Lazer (Sesport). Além do presidente do Conselho de Promoção de Políticas de Igualdade Racial, Ivo Lopes; a diretora de Promoção de Igualdade Racial, Noemi Dandara, que representou a Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da Serra (Sedir), e o presidente da Federação de Capoeira do Espírito Santo (Fecaes), Me. Nagô.
Também participaram da solenidade, outras autoridades políticas, associações de capoeira, mestres e alunos de capoeira, estudantes de escolas públicas e professores, entre outros convidados.
Diante dos discursos de empoderamento, durante a audiência, o presidente do Conselho de Promoção de Políticas de Igualdade Racial, Ivo Lopes, contribuiu com uma fala categórica e disciplinar afirmando a resistência da capoeira. “A capoeira é resistência, é cultura, é esporte. Eu trago muito a questão da resistência porque durante anos, na formação da nossa história brasileira, ela foi muito marginalizada e criminalizada. Então, a gente ter uma audiência pública, numa casa de Lei, ela traz muito isso… Um espaço para construir uma política pública de algo que até pouco tempo atrás era criminalizado. Por isso eu trago essa fala da capoeira ser resistência”, enfatizou.
Outra voz assídua na composição de políticas públicas de promoção à igualdade racial e de gênero, é a diretora de Promoção de Igualdade Racial, Noemi Dandara, que destacou o avanço ao tema proposto na audiência pública de ontem. “A audiência pública de hoje é um importante marco para a promoção da política efetiva, voltada à capoeira, entendo que esse debate entre mulheres capoeiristas cada vez mais vem crescendo, ao longo dos anos. Realmente, a um tempo anterior, era muito raro ver mulheres dentro do mundo da capoeira, contribuindo nesse importante espaço de patrimônio cultural, e acho que o avanço acontece, infelizmente, de maneira um pouco lenta, mas progressiva”, observou.
Entre as representatividades capoeirísticas presentes na noite de ontem, o professor de capoeira, da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Fábio Luiz Loureiro, propôs uma comissão permanente, junto a vereadora Elcimara e o secretário Philipe Lemos; um ponto para a prática de capoeira em Serra e, também, incentivou maior número de mestras participantes na capoeira.
O professor também destacou em sua fala a memória do Me. Café. “O Me. Café foi um mestre que tinha um trabalho pontual de intervenção social. O comportamento dele, a condução dele na roda de capoeira… Uma prática de capoeira sem nenhum tipo de violência. Ele tinha uma proposta diferente pra capoeira aqui na Serra. E também por ser um preto de resistência… Ele tinha um trabalho centrado na formação das crianças e dos professores”, comentou o Me. Fábio, que pratica a capoeira desde 1980.
Entre muitos representantes políticos e personalidades do movimento da capoeira, a estudante da Escola Serra Sede, Hainy Vitória, 19, que pratica capoeira, comenta seu entusiasmo de ter participado de uma audiência pública. “Achei importante. Depois da pandemia a gente ficou um pouco esquecido, né? Eu até fiquei surpresa… Não sabia que, realmente, ia ter uma audiência pública pra poder falar sobre a capoeira… É um sinônimo histórico, mas eu não imaginava que chegaria a esse ponto de vir pra cá… E tô feliz com o resultado das coisas que vai vir pra gente agora pra frente… Um novo local pra gente fazer torneio daqui um tempo”, disse sorrindo, a praticante de capoeira em Feu Rosa.
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