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3 de novembro de 2024

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Cerimônia no Hub ES+ abre programação comemorativa dos 70 anos da Fames

Lançamento da programação comemorativa, realizada na última terça-feira (07), no auditório do Hub ES+, contou com palestra da Dra. Enny Parejo. Já na quarta-feira (08), aconteceram atividades relacionadas ao Programa Música na Rede. Apresentações continuam em maio. / Foto: William Caldeira - acervo HUB ES+.

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.


Empreendedorismo / Música e economia criativa

A Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) deu início na noite da última terça-feira (07/05) a sua programação comemorativa pelos seus 70 anos. Uma extensa e diversificada agenda gratuita de atividades formativas e apresentações musicais acontecem até 29 de maio no Hub ES+, um espaço voltado à criatividade, à inovação e ao empreendedorismo capixaba.

A programação completa e as inscrições para as atividades estão disponíveis no link: bit.ly/fames-hubes.

Durante a Cerimônia de Abertura, o legado da Fames para a formação musical da população capixaba foi homenageado com falas de representantes ligados à história e ao funcionamento da Faculdade, foram eles: o diretor geral da Fames, Fabiano Araújo; a deputada estadual e presidente da Comissão de Cultura e Comunicação da ALES, Iriny Lopes (PT); e o secretário de Estado da Cultura do Espírito Santo, Fabricio Noronha.

O diretor geral da Fames, Fabiano Araújo, 49, conversou com o Merkato e explanou suas ideias no que tange a parceria Fames e o Hub, a qual se trata de avançar nos conceitos e práticas da economia criativa.

“É um passo disruptivo. Você tem uma instituição que nasce como conservatório, vai buscando caminho de abertura pra música popular, pra licenciatura, pra educação musical e, agora, caminha com um diálogo mais intenso com essa ideia do século XXI, que é a economia criativa. Então, eu acredito que dessa relação sairá frutos importantes e pra ver se a gente consegue dialogar com essa nova geração que vai buscar conhecimento musical, não necessariamente para tocar um instrumento, mas para educar, para desenvolver produtos disruptivos. Cada vez mais essa ideia entrando em nosso ambiente de graduação e de pesquisa, acredito que vai ser extremamente positivo”, disse Fabiano, que preside a Fames desde 2019, com mandato até 2026.

“…As grandes disrupturas tecnológicas… Elas sempre aconteceram, vão continuar acontecendo. A pergunta é: que tipo de solução artística que os artistas tiveram nessas rupturas? O que a gente tem a temer com essa nova ruptura, talvez ligue ao grande alcance dessas mídias em termos de interatividade”, disse. / Foto: William Caldeira – acervo HUB ES+.

O diretor também discorreu seu pensamento no que a Fames irá oferecer nessa parceria com o Hub ES+.

“Inicialmente, a gente oferece o conhecimento desenvolvido dentro da Fames. Também oferecemos uma abertura para que os nossos professores possam se organizar para trazer algumas entregas ou algumas discussões pontuais, aqui, pro Hub. Também, é uma parceria que tá aberta a ideias; a estruturação de projetos que nós vamos fazer, lá, e que eles estejam conexos, aqui, e vise versa. O Hub pode nos contactar para uma curadoria, por exemplo, pra estabelecimento de alguns temas, que são importantes para o universo da música, como já está sendo nessa primeira experiência ligado a direitos autorais”, explicou o diretor, que também é pianista, compositor e Dr. em Musicologia.

Quem também conversou com a reportagem foi o secretário de Cultura, Fabrício Noronha, 40. A parceria entre Secretaria da Ciência, Tecnologia, Inovação e Educação Profissional (Secti) e Secretaria de Cultura (Secult), ambas gestoras do Hub, e, agora, estendendo essa parceria com a Fames, o que o dia de hoje representa para mais uma evolução dos empreendimentos da cultura capixaba?

“A Fames tem uma importância muito grande, tá completando 70 anos, hoje, e tem uma importância enorme na formação dos músicos do ES. Por onde a gente anda, encontramos egressos da Fames, tanto atuando na cena, tanto formando outros músicos.  E, aqui, o Hub é um espaço da Secult, junto com a Secti, que trabalha com a economia criativa. E uma das áreas principais de atuação do Hub é a música, junto com o áudio visual, junto com o designer, com os games, é uma área prioritária do nosso trabalho, justamente por entendermos o amadurecimento da cena cultural do Espírito Santo nessa dimensão da música. Então, ter a Fames, aqui, agregando nesse nosso projeto, é muito importante. A gente é vizinho, acho que pro Centro de Vitória também é importante”, disse o secretário, que é formado em Artes Plásticas.

“Parabenizo a gestão e o trabalho da FAMES de aproximar-se da inovação, um ponto importante que também tem sido a marca deste novo momento. […] o Programa Música na Rede, que também tem parceria com a Secult. Ações como essa, que conseguem chegar a 130 escolas, são incríveis e com muitos avanços”, disse. / Foto: William Caldeira – acervo HUB ES+.

Auditório

Em boas-vindas à parceria Fames e Hub ES+, o diretor geral da Faculdade de Música do Espírito Santo discursou iniciando à noite festiva. Na ocasião, Fabiano destacou “a parceria com o Hub é mais uma participação com outro tipo de entrega, no universo criativo e empreendedor”.

Em seguida, subiu ao palco a deputada estadual e presidente da Comissão de Cultura e Comunicação da ALES, Iriny Lopes. Ela ressaltou o potencial de conexão do Hub ES+ unido ao legado histórico de formação musical da Fames: “Pra nós é importantíssimo que o Hub ES+ esteja aqui no Centro, um espaço de interlocução e interligação com o nosso bairro, com os nossos movimentos culturais que são bastante fortes aqui. E tenho a alegria de poder falar que moro num estado no qual a escola de música já tem 70 anos, com tantos meninos e meninas, artistas e professores que já passaram pela experiência da Fames”, disse.

Com um discurso mesclado entre política e gosto pessoal, a deputada completou. “Viver sem música é a coisa mais torturante. A música fala com a gente, ela é igual água, não tem cerca”, completou.

Deputada Estadual e Presidente da Comissão de Cultura e Comunicação da ALES, Iriny Lopes. / Foto: William Caldeira- Acervo Hub ES+.

Palestra

Nas dependências do auditório, a palestra “O papel da música e da criação artística na formação da criança”, com a Doutora em Educação, Enny Parejo, de São Paulo, foi destaque da noite. A palestra aconteceu de modo online.

O professor Murilo Arruda e a professora Monique Traverzim, ambos docentes efetivos na Fames, compuseram o lugar de interlocutores da vídeo chamada entre o público presente no auditório e a professora Enny, após a palestra houve abertura para perguntas.

A professora Enny Parejo, em quase uma hora de palestra, apresentou um comparativo entre duas ideias de se ensinar música: a tecnicista e a prática musical viva.

Na primeira, a doutora destacou a forma do aprendizado técnico como padrão, o instrumento como objeto sagrado, o aluno como agente passivo, o repertório como apenas reprodução. Já no segundo, o conceito de prática musical viva, o aluno ganha espaço para tocar, cantar, dançar e criar. O instrumento é visto como fonte sonora de exploração; o aluno passa a ser ativo, cria seus próprios signos e o tocar de ouvido ganha força experimental.

Enny destacou a educação musical tradicional como sendo unidimensional, onde o professor é o centro. E narrou uma experiência pessoal que “releitura era transgressão no meu tempo, pegar uma partitura de um compositor e reler, era transgressão”. Enny destacou a liberdade que há na música.

A docente balizou sua palestra na reflexão de se ampliar e revisar o conceito de educação musical. Segundo Enny, em um novo conceito de educação musical a ideia é executar uma prática formativa, não apenas recreativa; multidimensional, pois há um ser humano sensorial, com sensibilidade, de sociabilidade, com espiritualidade, ou seja, um ser humano integral.

Para a professora, conceitos são provisórios, mas que para a atualidade, o conceito que ela escolhe para apresentar educação musical é “uma prática formativa, multidimensional, que procura atender as necessidades de determinado grupo social por meio de práticas musicais”, disse com ponderação.

A palestra foi marcada com um tom de dualidade no aspecto do fazer a música, podendo ser formada no modelo tradicional e o no pensar contemporaneidade.

Professores

Nesses 70 anos de Fames, há também novos profissionais que vieram renovar os conceitos e didáticas musicais. Um trio de São Paulo, aprovado no último concurso, estiveram presentes na inauguração e já estão bem habituados com a nova casa.

A professora efetiva no Curso de Licenciatura em Música, Monique Traverzim, 46, chegou na Fames em agosto de 2022. A docente também atua como coordenadora de um Curso de Extensão e no curso de Musicalização Infantil.

Monique, que é bacharel em flauta transversal, falou à reportagem o valor que há na Fames e no que pode contribuir com o seu trabalho para o avanço da Instituição capixaba.

“Eu vejo a Fames com um lugar em potencial. Nunca vi tanto instrumento musical dentro de um lugar. A gente encontra coisas ali, que nenhum lugar que eu passei eu vi tudo que tem ali. Também acho que o professor Fabiano tá trazendo o fomento, a pesquisa, acho que a gente tá nesse investimento de produzir pesquisa. A gente tem saído pra muitos congressos, vou agora pra um seminário Latino Americano de educação musical, que vai acontecer no Rio de Janeiro. Vamos apresentar um trabalho, onde eu e o professor Murilo desenvolvemos um trabalho com as crianças na musicalização de composição coletiva”, disse Monique, que possui 20 anos de educação em escola básica, ela é doutora, mestre e bacharel em Música pelo Instituto de Artes da UNESP.

Outro professor que veio de São Paulo é o Murilo Arruda. O docente disse a importância de estar vivendo esse momento dos 70 anos comemorativos da história da Fames e destacou seu trabalho de pesquisa na Instituição.

“Pra mim é uma alegria muito grande chegar na Instituição, recentemente, e já ter essa grande comemoração dos 70 anos da Fames. A gente percebe um movimento efervescente, em relação a instituição de ensino superior, contemplando ensino, pesquisa e extensão. E também tem a área da pesquisa. O Fórum Latino Americano – eu não irei participar, mas a pesquisa estará lá, com a professora Monique, que irá representar nosso trabalho. Na ocasião, será apresentado os resultados das pesquisas feitas com as composições com as crianças. Mas na ABEM (Associação Brasileira de Educação Musical) regional Sudeste – eu tô como representante do ES, então também vai ser uma alegria compartilhar esse trabalho em novembro”, disse o professor titular, que ministra aulas para as Licenciaturas.

No fundo esquerdo da foto, a professora Monique Traverzim, de blusa laranja. Ao seu lado, o professor Murilo Arruda, seguido do professor Bruno Ishisaki. / Foto: William Caldeira- Acervo Hub ES+.

Por fim, mais um paulistano compõe a tríade de novos professores em um novo arranjo da Fames. Bruno Ishisaki, que é professor titular de Teoria Musical, na área de música popular, que ministra aulas na graduação.

Perguntado do que enxerga na Fames de potencial e também poder participar desses 70 anos como professor, podendo assim, fazer um diálogo daquilo que ele traz de São Paulo, o docente e músico respondeu.

“Eu sempre costumo comentar que Vitória tem muito músico, é uma cena musical muito forte, muito mais forte que eu vejo em São Paulo. Eu acho que, a Fames nesse sentido, ela tem um papel de protagonismo, ela forma os músicos, cria uma cultura musical. Eu penso que a instituição tem que se fortalecer cada vez mais, tem que acessar o interior do estado também, e se projetar nacionalmente, não tem o porquê de não ter uma projeção nacional da instituição. Eu acho que os professores todos estão engajados nesse processo”, opinou.

Quarta-feira (08)

Seguindo a programação de aniversário, na noite dessa quarta-feira (08/05), o Hub ES+ foi movimentado com atividades relacionadas ao Programa Música na Rede: foi realizada a apresentação da Orquestra Jovem de Violões Música na Rede seguida de uma explanação do professor Marcelo Trevisan Gonçalves, coordenador do Programa Música na Rede, que falou sobre os resultados dessa iniciativa, que é fruto da parceria entre a Fames, a Fapes e a Sedu, e sobre seus impactos para a formação musical e cultural de estudantes capixabas.

Orquestra Jovem de Violões Música na Rede. / Foto: William Caldeira- Acervo Hub ES+.

Orquestra Jovem de Violões Música na Rede. / Foto: William Caldeira – acervo HUB ES+.

A noite foi encerrada com uma mesa redonda que discutiu sobre experiências e perspectivas do Programa Música na Rede e contou com a mediação do professor João Fortunato Soares de Quadros Júnior, que é coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação da Ufop, e com a participação do diretor geral da Fames, Fabiano Araújo, da representante da Sedu; da coordenadora da Orquestra Jovem Música na Rede, Tatiana Fernandes; e da gerente do Currículo da Educação Básica da Secretaria da Educação, Aleide Cristina de Camargo.

À esquerda na foto, Fabiano Araújo, ao seu lado, professor João Fortunato. Com o microfone em mãos, Tatiana Fernandes  e ao seu lado, Aleide Cristina. Foto: William Caldeira – acervo HUB ES+.


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