“Um país sem cultura é um país sem educação”. (Fernanda Montenegro)
Hoje, dia 19 de junho, é comemorado o Dia do Cinema Brasileiro. Isso me levou a refletir sobre até que ponto nós conhecemos e valorizamos nossos bens culturais?
Como educadora, tenho muita preocupação com esse assunto. Na minha adolescência, frequentar o Cine São Luís, em Vitória, era sempre motivo de festa. Filmes como Pixote, Central do Brasil e O quatrilho lotavam as salas e nós realmente compreendíamos as críticas sociais que havia em seu enredo. Hoje, vejo as grandes salas dos shoppings tendo mais lucro com a venda de pipoca e refrigerante. Salas vazias, filmes não tão bons, e a tecnologia 3D, que garante uma experiência sensorial emocionante, por vezes encobre a falta de qualidade dos filmes. E nem ela está evitando a decadência de nossos cinemas. Na pandemia, cerca de 300 salas foram fechadas no Brasil.
E não são só nossos cinemas que sofrem. Nossos museus estão pegando fogo, devido ao comprometimento de sua estrutura, e demoram cinco, seis anos para serem reformados. Os que restam, lutam para manter sua programação, como se não fossem o arrimo de nossas memórias.
É preciso falar também do teatro. Essa arte, que sobrevive desde a Grécia antiga, tem sofrido muito com os reflexos da pandemia e da crise econômica. Que porcentagem da população tem acesso a esse bem? Que tipo de lazer pode ter uma família que precisa priorizar suas necessidades, como alimentação e moradia?
Não há programas culturais que se sustentem nesse contexto. E a votação das poucas leis propostas se arrasta no plenário. Enquanto isso, muitos artistas têm tido que se reinventar para sobreviver e a manutenção de espaços culturais é, não raras vezes, resultado de uma luta insistente de um grupo de resistentes.
Um país que não valoriza sua cultura e que desconhece suas raízes culturais ainda precisa percorrer um longo caminho para ser considerado desenvolvido. O acesso à cultura é direito e requisito básico para uma boa educação.
Aproveito a data de hoje para fazer uma homenagem a essa riqueza cultural chamada Brasil e aos vários heróis da resistência, que lutam diariamente para manter acesa a chama da cultura em nosso país.
Magda Simone Tiradentes – *Mestre em Letras pelo Mestrado Profissional em Letras (IFES). Experiência na docência de Língua Portuguesa (Ensino fundamental II), atua na Secretaria de Educação da Serra, com a Formação Continuada de Professores de Língua Portuguesa.