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Entrevista/Kickboxing
Por: José Salucci – Jornalista e editor do Merkato
Que baiano é bom de briga, todo mundo sabe. O arretado que vem aí foi brigão em tempos de colégio, mas logo na adolescência aprendeu a canalizar sua energia no karatê, depois no kickboxing. Também passou pelo boxe, jiu-jitsu e MMA.
De coração simples, o filho do seu José (vaqueiro) e da dona Tereza (dona de casa), recebeu educação religiosa do catolicismo. Uma família de sete filhos, em que os princípios foram transmitidos com rigor da parte do pai, mas valeu a pena, segundo nosso entrevistado. Disse que o pai ficava às vezes 15 dias fora de casa para levar o gado, e nessa viagem era no retorno que o chefe de família trazia o pão para a sobrevivência de sua prole. Passaram por muita necessidade, contou o entrevistado.
Diante do testemunho narrado durante a entrevista, o lutador se emocionou quando lembrou desses fatos e, também, com apoio que sempre recebeu de sua mãe para seguir na luta. Aliás, ele tem tatuado em suas costas o nome Tereza, disse que assim é mais visualizado na hora da luta.
O Merkato apresenta o jovem adulto de 40 anos de idade, com um coração de menino, que é vencedor: campeão Estadual de Kickboxing, campeão Brasileiro pela CBKB, campeão Pan-Americano (Paraguai e RJ), campeão Sul-Americano (Paraguai e Argentina), campeão Mundial UMK (Argentina), campeão Mundial low kick pela UIAMA (Argentina), campeão Internacional K1 style pela CNKB (Cidade do México), mais dois mundiais na Argentina pela UIAMA – categoria 51 kg, categoria 54 kg -, enfim, e por aí vai. É tanto título que o danado esquece onde foi e quando foi, e tem cinturão perdido por aí que ele nem lembra que ganhou, segundo o baixinho, foi o tanto de porrada que tomou na cabeça durante a carreira. Afirmou ter mais de 50 títulos, fora os que ele não lembra.
Chega mais, Renato Lima, o pai do Kauã. O Merkato mostra para o leitor um pouco da sua história de lutador no ringue e na vida, que nesse setembro já está de malas prontas para ir à Argentina disputar um campeonato. O atleta depende de parcerias, patrocinadores e apoiadores para custear as passagens e estadia.
Leia a entrevista e no final, confira o contato de Renato Lima para você estar contribuindo com o guerreiro brasileiro que sempre brilha em qualquer tatame. Baiano é bom de porrada, brasileiro não desiste nunca!
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1 – Renato, se apresente para o público.
Me chamo Renato Lima, sou baiano de Medeiros Neto. Vim morar em Vila Velha ainda criança. Na adolescência, entrei no karatê e comecei meus primeiros passos na luta. Nessa época, treinei com o sensei Jorge Luiz e com o sensei Marcos Rangel. Eu fui da Seleção Capixaba de karatê.
Nessa fase, eu era brigão na escola, daí a diretora me incentivou a ter um estágio, consegui meu primeiro emprego nessa época: embalador em supermercado.
2 – E qual foi sua identificação com o karatê?
Disciplina, equilíbrio emocional, mais racionalidade. É uma arte marcial praticada mais mentalmente, os orientais, antes deles fazerem alguma coisa, eles têm que pensar no que irão fazer e depois agradecer.
Mas eu acabei enjoando do karatê porque não tinha muito contato, eu queria algo mais firme, de dar porrada, então fui pro kickboxing.
3 – Por quê?
Eu queria mostrar pra todo mundo quem era o Renato. Tipo assim, é o cara que é pequeno, mas é bom, tem força naquilo que faz, eu apanhava muito na rua, os caras grandes me batiam, então vou mostrar pra eles quem é que manda. Mas essa fase ficou lá atrás. A arte marcial me disciplinou a ser atleta, e não brigão.
4 – O karatê te formou, mas não te completou, o que esse esporte contribuiu para a formação de seu caráter?
Força, humildade e disciplina no que faz. Treinar sempre.
5 – Me conte sua relação com kickboxing.
Bom, meu amigo Douglas Pereira, de Vitória, me apresentou o esporte e comecei a me relacionar na luta. Fui para a equipe da Vitória Fighter, do Laécio Nunes, meu professor. Comecei a me relacionar com eles.
E, entre os estilos que mais me identifico do kickboxing é o Low kick; K1 style. Luto muito o Full Contact por causa do Laécio, de uns anos pra cá.
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6 – Renato, vamos falar agora da relação luta x dinheiro. Por mais que o atleta vença campeonatos, conquiste um cinturão, como é ganhar uma luta, mas não possuir um salário ou uma renda?
Já fui campeão na Argentina, na Itália, no México, no Rio de Janeiro. Sou detentor de vários títulos na Itália. Em nenhuma luta casada o atleta ganha dinheiro, a gente luta de coração pra ganhar a medalha, um cinturão… Me sustento dando aula, acordo 5 da manhã e vou dormir à noite… O dinheiro vem pelos patrocinadores. Os títulos servem para chamar a atenção de um patrocinador, para ele custear suas passagens em campeonatos ou até manter você por um tempo. No karatê, eu recebia dinheiro dos patrocinadores. Esses títulos que tenho sempre ganhei ajuda de custo.
Assim… Lutei MMA, lutei jiu-jitsu por muito tempo, nunca por gostar, sempre por necessidade do MMA. Fui pro MMA por causa do dinheiro. Fiz boxe com o Touro Moreno na época, Yamaguchi e Esquiva eram crianças ainda rsrs. Fiz três lutas de MMA, vi que era muita porrada pra pouco dinheiro. Ganhei as três lutas, mas a grana era curta, não dava pra pagar os remédios (risos).
7 – Quando e por que você definiu ficar pelo kickboxing?
Quando eu comecei a ver a ilusão do MMA. A idade chegou, não tinha muito dinheiro, se eu não fosse para fora do país, eu não iria conseguir dinheiro. Você tem que morar lá fora, o MMA tá lá fora, não tá aqui no Brasil.
8 – Conte uma história bacana de uma luta.
Quando fui lutar na Cidade do México, no México. Fui Campeão Latino Americano IKTA – ganhei de um mexicano, esse cinturão é muito importante pra mim, era o cara mais conceituado no México. Ele me pediu uma revanche, aqui, no Brasil. Mas ele não veio e mandou o reserva, outro cara; ganhei dele também.
O que foi mais importante nessa história, foi a guerra. A guerra pra poder tá indo, a questão financeira, tive que fazer rifa, e a guerra dentro do ringue; foi uma batalha de 5 rounds. Foi porrada lá e aqui. Aqui, a luta foi dentro de uma boite na Praia do Canto, um dos maiores eventos do Laécio Nunes, que chocou a galera; o cara não caia de jeito nenhum, joguei ele pra fora do ringue, ele voltou e a porrada comeu, e no outro dia eu ainda fui levar ele no aeroporto. (risos)
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9 – Vamos falar do seu estilo de luta, de ritmo de treino, de preparo físico e um pouco do Laécio Nunes, condensa pra gente todo seu aprendizado e dia a dia.
Treino muito, treino todo dia às 7 horas com meus alunos, saio e vou pra academia Clube R5 Sport, em Coqueiral de Itaparica, fazer um trabalho de musculação com meu preparador físico, o Vinícius Tristões – ele é excelente, cuida do meu corpo e mente, e faz eu ganhar resistência.
Quanto ao meu estilo, gosto muito de chutar perna. Quando você corta uma árvore, você começa em baixo, quando você começa a construir uma casa, é em baixo. Você desiquilibra seu adversário começando por baixo.
A primeira mão que entra, o adversário pode ficar de pé, vai ficar ali em cima, mas o chute, quando pega na perna certa, não fica, o cara vai mostrar na hora, vai trocar de base, aí você sabe que é ali que tem que machucar o adversário.
E sobre o Laécio, eu sempre levo os ensinamentos dele na mente em minhas lutas. Eu tenho essa coisa do mestre… de honrar o mestre. Aquilo que o Laécio ensina, a gente tenta fazer. Igual não dá, porque o cara é um monstro, a gente procura fazer o que treinou.
10 – Em novembro você disputará uma luta na Argentina – UIAMA UMK World, o que tem a dizer?
Eu vou lutar na categoria 64 kg. Não tenho esse cinturão, vou lutar com o filho do dono do evento… Fui convocado, quando você é bom, as pessoas querem atletas fortes em seus eventos. É um dos atletas mais fortes que vou tá pegando, vou tá na casa dele… Tô preparado… Eu sou melhor…
Pra essa luta, eu levo de maturidade meus anos de luta, de aula, tenho os melhores treinadores, o Laécio, no kickboxing e o Vinícius, meu preparador físico.
11 – Renato Lima, muito obrigado por ceder a entrevista para o Merkato. Deixa uma palavra final.
Ajude um atleta, seja ele de qual modalidade for, inclusive, eu tô fazendo uma rifa pra disputar essa minha luta na Argentina, um título muito importante. Quem quiser, é só conectar no meu Instagram @vilavelhafighter, ou no meu telefone 99830-4507.
E um abraço pra meu pai e mãe, aí toca no meu coração. Meu pai tá longe, falou do velho eu choro (disse com emoção).
Junte-se aos patrocinadores do atleta para contribuir nas despesas da viagem à Argentina dia 19 de setembro
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