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Filme sobre masculinidade negra estreia no Cine Metrópolis

Produção capixaba, “A Serena Onda que o Mar me Trouxe”, de Edson Ferreira, estará em cartaz em Vitória e outras capitais brasileiras. / Foto: Divulgação.

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Um relato íntimo conduz o segundo longa-metragem do cineasta Edson Ferreira, que estreia em Vitória em sessão especial na próxima quinta-feira (20), a partir das 19h, no Cine Metrópolis, localizado na Ufes. No filme “A Serena Onda que o Mar me Trouxe”, o diretor narra de forma documental e poética a história de seu pai, Edson Silva (1930-2018), um homem negro, pobre, nascido na periferia, que ganha o mundo ao ingressar na Marinha, nos anos 1940.

O início do evento de lançamento contará com apresentação do duo Ogó, formado por Gessé Paixão e Vitor Martins, que busca discutir por meio da música as masculinidades negras, temática que o filme também aborda. Logo depois, haverá exibição da obra cinematográfica, às 20 horas, seguida de um bate-papo com o diretor Edson Ferreira, mediado pela cineasta Daiana Rocha, uma oportunidade para o público interagir com o diretor, que nasceu em Brasília mas vive no Espírito Santo desde a adolescência. O filme permanece em cartaz nos dias seguintes no Cine Metrópolis. Os ingressos custam R$16,00 (inteira) e R$8,00 (meia).

A obra, produzida pela Filmes da Ilha, já circulou por festivais em Porto Alegre (RS) São Luís (MA) e Afogados da Ingazeira (PE), e entrou no circuito comercial em Salvador (BA) e Maceió (AL), já tendo previsto estrear também em salas de cinema de João Pessoa (PB) e Aracaju (SE), contando com distribuição da Borboletas Filmes, produtora e distribuidora de conteúdo audiovisual com expertise acentuada em temáticas identitárias, e recursos do Ministério da Cultura, do Governo Federal, por meio da Lei Paulo Gustavo, via Edital da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult-ES).

A história da construção do filme começa anos atrás quando Edson Ferreira produzia um curta-metragem documental sobre um time de futebol amador treinado por seu pai, personagem tão íntimo que foi ganhando cada vez mais força para o diretor, levando-o a redescobrir e ressignificar a trajetória de seu genitor. “Entendi que ele veio de um lugar muito especial, sofisticado, embora a família muito pobre. Havia uma sofisticação na lida com a vida, com o carinho, o afeto, que eu sinto remontar muito à ancestralidade negra africana. O sentido do que é família. E eu comecei a entender mais a minha própria história, porque eu tenho certos gostos, vontades e desejos”, relata o cineasta.

Então, o curta deu lugar a um longa-metragem que traz como ponto central o afeto, que o diretor destaca como o afeto preto. O papel do homem negro na sociedade, sem estigmas. Assim, Edson Ferreira conta a história do amor do pai pelas pessoas e o impacto que ele provocou ao longo de sua vida. Um homem que tinha o dom de valorizar as pessoas, de extrair o que elas tinham de melhor. O documentário revela o talento, o sentimento e a história de um homem que, mesmo sem ser conhecido de um grande público, foi uma pessoa de grandes feitos.

O cinema brasileiro, historicamente construído majoritariamente por pessoas brancas e de classes abastadas, vem nos últimos anos sendo ocupado por cineastas e temáticas negras e indígenas, processo do qual Edson Ferreira faz parte, pois em 2014 se tornou o primeiro homem negro a dirigir um longa-metragem de ficção no Espírito Santo, “Entreturnos”.

“Eu tenho muito este sentimento de que o Cinema Preto é um cinema de sentimento, de ação, de ligar a câmera e fazer. Sei que temos uma necessidade muito grande de fazer todo um trabalho de background. Não é só filmar por filmar. Sinto que a concretude do cinema preto se estabelece no momento em que filmamos, em que a gente dá o REC, no momento em que registramos corpos pretos, as inquietações que nós temos”, relata o cineasta, que é membro da Associação dos Profissionais do Audiovisual Negro (APAN).

Edson Ferreira é ator, cineasta e roteirista. Possui formação em teatro e é pós-graduado em Linguagens Audiovisuais e Multimídia pela UFES. / Foto: Divulgação.

Ele considera um momento especial a exibição da obra no Espírito Santo, estado que tem mais da metade da população negra, embora muitas vezes se enalteça apenas as heranças italianas e alemãs. “Trazer para as telas um protagonismo preto é permitir a quem sempre foi negligenciado a possibilidade de se ver na tela. Me junto às vozes de tantas e tantos realizadores negros para dizer: ‘queremos contar nossas próprias histórias’”.

Trailer do filme: clique.

Teaser do filme: clique.

AGENDA CULTURAL
Filme a Serena Onda que o Mar me Trouxe, de Edson Ferreira

Programação de estreia no Cine Metrópolis

Quinta-feira (20)
19h15: Abertura da bilheteria e início da apresentação do Duo Ogó
19h45: Fim da apresentação e entrada do público na sala
20h00: Apresentação do filme e início da projeção
21h20: Fim da exibição e início do debate
22h00: Encerramento do debate

* Valor dos ingressos: R$16,00 (inteira) e R$8,00 (meia).

*O filme continua em cartaz até a quarta-feira, 26 de junho:

Horários:
Quinta-feira (20/06) às 20h.
Sexta-feira (21) e Sábado (22) às 18h30.
Segunda (24), Terça (25) e Quarta (26) às 20h.

 

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