Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.
Por Jefferson Tiradentes – poeta e escritor.
Arquibaldo era desses homens, machos, que acreditava piamente na frase “homem que é homem não chora”.
– Arquibaldo, dizia fulano: – O suspeito matou a mulher a facadas!
– Pena de morte! Respondia.
– Mas, Arquibaldo, ele é só um suspeito!
– Pena de morte!
– Arquibaldo, dizia outro: – O ladrão roubou a loja do Seu Joaquim!
– Por mim mandava cortar as mãos dele!
– Mas, Arquibaldo, não era para cortar só os dedos não?
– Corta a mão inteira que esse não assalta nunca mais!
– Você ouviu falar, Arquibaldo, disse outro, o homem espancou a esposa!
– Por mim juntava uns dez homens e devolvia a surra para ele com correção monetária!
– Justiça com as próprias mãos? Retrucou o outro.
Dessa vez, Arquibaldo nem desperdiçou comentário. Apenas olhou para o “repórter” e lançou
um olhar que dizia: – Frouxo!
E assim ia Arquibaldo ia demonstrando toda a sua irretocável filosofia de macho alfa.
Vira e mexe ele assumia o papel do ditador paranoico estilo Coreia do Norte.
Naquela manhã, Baldinho – todos o chamavam de Baldinho, menos o Sr. Arquibaldo que
ressoava um… Arquibaldo Júnior – chegou esbaforido e chorando copiosamente do quintal:
– Pai? Soluço.
-Pai? Soluço.
– O quê que é isso, Arquibaldo Júnior, que chororô é esse? Homem que é homem não chora!
– A Frufru… morreu… papai… e continuou o choro convulsivo…
Arquibaldo ao ouvir o anunciado, fez menção de se levantar para apoiar o filho, mas conteve-se diante de sua macheza e disse, tentando entonar frieza:
– Liga não, Arquibaldo Júnior, a gente compra outro cachorro…
– Não quero outro cachorro! Quero a Frufru! E lágrimas e mais lágrimas…
Arquibaldo levantou-se na sua pose de macho, apontou o dedo para o garoto e disse:
-Cale a boca, menino, já disse que homem que é homem não chora! Cale essa boca, agora!
Amanhã a gente compra outro.
– O Baldinho, num ato de obediência, engoliu o choro com a cara colada no chão, apenas
soluçava.
-Arquibaldo, ergueu-se solenemente, mexeu os ombros dando sinais de realeza. Afastou-se
com maior firmeza que pode juntar nas pernas e foi para o banheiro:
Aos prantos!
*O texto é de livre pensamento do colunista*
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