Líderes comunitários do município de Serra fizeram manifestação popular pacífica em frente a empresa Serra Ambiental, em São Diogo.
O protesto aconteceu, ontem (12), entre 7h às 9 horas. Durante a manifestação, líderes e munícipes reivindicaram, por meio de faixas, melhorias na prestação de serviço, por parte da empresa às comunidades e redução da taxa de esgoto. Um caixão foi levado pelos manifestantes simbolizando a morte das praias e rios serranos, que severamente, sofrem danos ambientais devido ao descarte irregular de esgoto.
“Fizemos uma reivindicação pacífica. Passamos o recado pra Serra Ambiental. Não aceitamos mais! Eles só têm conversa… Na prática eles não resolvem nada… Se eles não respeitarem as comunidades, parar de jogar esgoto nas nossas praias… na próxima vamos parar tudo e o grupo vai crescer”, afirmou Oracy de Jesus, 44, morador de Jardim Bela Vista há 39 anos.
Outra personalidade atuante na pauta ambiental é Márcio Gleik, diretor da pasta de Esporte, Cultura e Lazer da Fams (Federação das Associações de Moradores da Serra). Morador de Planalto Serrano, Bloco B, há 30 anos, disse que lida com essa demanda desde os tempos em que ocupou um cargo em um gabinete de um vereador e, também, quando atuou como líder comunitário por quatro anos no mesmo bairro que mora atualmente.
“A minha crítica é a forma que a Serra Ambiental trata os líderes comunitários. Não dão resposta imediata. Uma vez que a gente liga pra lá, faz o protocolo, pede a obstrução de um PI e PV (caixas de esgoto que ficam na calçada do morador e na rua) … Vou te dar um exemplo: Quando eles chegam pra fazer um atendimento na casa dois, se a casa três tiver obstruída, não pode ser feito o serviço… tem que voltar pra base, esperar a gente fazer outro chamado pra depois de 24 horas, ou, até três dias eles voltarem”, explicou o ex-líder comunitário.
Márcio ainda intensificou sua crítica à concessionária de serviço de esgotamento sanitário, em relação ao relacionamento com a liderança comunitária e defasagem dos serviços prestados pela empresa.
“A minha reivindicação concernente a Serra Ambiental nesses nove anos que ela foi instalada dentro do município da Serra é que eles atendessem as comunidades com mais eficácia e rapidez. Eles deveriam atender as comunidades com uma prestação de serviço melhor. A reparação dos danos que eles não fazem quando vem nos bairros e deixa as ruas cheias de buraco após os serviços”, enfatizou.
Outra crítica endossada pelo munícipe é a taxa de esgoto, que tem valor adicional de 80% na conta de água quando se é morador, e de 100%, quando for empresário. “Nós sabemos que a taxa de esgoto não depende só deles, depende de uma aprovação de uma lei na Assembleia Legislativa que tem que levar pro governo e o governo reduzir… Sabemos que isso aí é um empasse e temos que ir pra dentro. A taxa abusiva que cobram é de 80% pra morador e 100% pra comerciante, ou seja, se uma conta de água chega no valor de R$ 100,00 reais, o morador paga R$ 180,00 no total, porque R$ 80,00 reais é do esgoto, já o comerciante, tá pagando R$ 200,00 reais”, questionou.
A reportagem entrou em contato com a Serra Ambiental para ouvir o seu direito de resposta. Por ela ter uma parceria público privada com a Cesam, é esta que libera o pedido de entrevista. O jornal aguarda resposta.
Fams não participou da manifestação
A executiva da Federação das Associações de Moradores da Serra (Fams) não participou do ato de ontem. O vice-presidente da Fams, Oracy de Jesus, juntamente com o diretor da pasta de Cultura, Turismo e Lazer, também da Fams, o Márcio Gleik, participaram como munícipes nesse movimento popular, em frente a empresa.
A reportagem publicou, ontem, uma notícia sobre a Fams ter pedido agilidade nos serviços da Serra Ambiental. É que no dia cinco de abril, aconteceu uma reunião entre representantes da concessionária de esgotamento e a executiva da Fams. Após reunião, uma parte da diretoria da federação não ficou satisfeita com o resultado acordado entre as partes. Houve, então, uma votação para decidir se a Fams participaria, ou não, da manifestação. A maioria dos diretores decidiram não participar. Os demais, que foram voto vencido, se juntaram a 27 líderes comunitários e mais outros munícipes e realizaram a manifestação popular.
“A executiva não pode impedir que os moradores se manifestem, mas a executiva decidiu não ter a manifestação. É difícil separar… A gente mora aqui a vida inteira, infelizmente, é o risco que a empresa corre quando ela não cumpre prazo. Ela tinha um prazo de 10 anos para universalizar o esgoto na Serra. Ela não cumpre prazo… Ela tá se arriscando a receber vários manifestos”, disse a presidente da Fams, Mara Gomes Almeida.
O coordenador da Região de Laranjeiras também se manifestou. “Faço minha as palavras da presidente. Ninguém pode impedir uma manifestação. Porém, se um representante da Fams, que teve presente na manifestação, dificilmente, vai se dissociar a imagem da pessoa, que está nessa manifestação, com a imagem da Fams. Mas a gente respeita todos que agiram de forma diferente. Só que a gente cumpriu o que foi acordado e votado na executiva da Fams, ponderou.
No mesmo tom, o líder comunitário de Valparaíso e um dos diretores da Fams, Rogerinho, concluiu a linha de raciocínio da ética partidária. “A gente tem que respeitar porque foi feito a votação dentro da nossa executiva. A Serra Ambiental está, realmente, deixando a desejar, mas nós tivemos uma reunião… Nós temos que cumprir o prazo, senão a gente fica desmoralizado. O prazo é daqui a 15 dias a empresa passar o cronograma e começar a fazer as reuniões por região. A Fams tem que ser ética e esperar cumprir o prazo, se a empresa não cumprir, aí temos a obrigação de nos manifestar, concluiu.