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Política/Mulheres
Por: Luciana Santos – candidata à Câmara Municipal de Vila Velha
Mais da metade dos eleitores do ES são mulheres. Em 2020, dos 860 vereadores eleitos no estado, apenas 93 eram mulheres.
No espaço Legislativo municipal continuamos sendo minoria. A representatividade feminina esbarra no campo cultural, por que a mulher ainda é educada para cuidar da família, dos pais, da casa e dos filhos. Há poucas mulheres em cargos de CEO nas empresas e, também nos cargos altos do poder público.
Em 2022, de 268 candidaturas para a Assembleia legislativa do estado do Espírito Santo e Congresso Nacional, apenas 05 mulheres conseguiram se eleger no ES: Jack Rocha (PT), Camila Valadão (PSOL), Iriny Lopes (PT), Raquel Lessa (PP) e Janete de Sá (PSB).
O incentivo à participação feminina e a mobilização dos partidos busca encorajar mais candidatas a irem atrás de um lugar na política capixaba, porém segundo dados do TSE, a iniciativa feminina ainda está baixa. Em 2018, foram 261 candidatas. Já em 2022, 268 mulheres.
O estado do Espírito Santo nunca teve uma governadora. Só temos duas prefeitas num universo de 78 municípios.
Mas por que a representatividade feminina ainda é pequena? Apesar dos incentivos e de maior parte do eleitorado ser feminino (52, 65%), mulheres continuam tendo menor participação na política.
Segundo Isabela Rahal, mestra em Desenvolvimento Econômico e Política pela Universidade Colúmbia, a política no Brasil é um clube de homens que dificulta a renovação de cadeiras nos diferentes cargos e consequentemente afasta a presença feminina.
Ainda de acordo com a especialista, falta informação e ambição de mulheres para almejar um lugar na política.
Os partidos não se preocupam em investir em formação de mulheres ou incentivá-las a estarem em cargos de liderança dentro das legendas. Exemplo disso, a Câmara Municipal de Vila Velha nunca teve uma presidente eleita para a Casa de leis; é necessário eleger uma prefeita para a Grande Vitória.
Analisando os dados desde 2006, houve poucas mudanças na representação feminina capixaba na política. Em 2010, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou apenas 69 mulheres na disputa eleitoral do ES.
Hoje o cenário atual no Espírito Santo está assim: 10 vagas no Congresso, apenas uma mulher ocupando; 30 vagas na Assembleia Legislativa, com quatro mulheres ocupando; 03 vagas no Senado, nenhuma mulher ocupando o espaço.
Compreendo que, por ainda as mulheres votarem nos homens e a maioria dos homens não votarem em mulheres, esse disparate entre ocupações em espaços políticos entre homens e mulheres, deveria ser o primeiro ponto da estrutura para ser analisado com mais afinco. Apesar dos avanços democráticos, pelo país já ter tido uma presidente da República, ainda é preciso muito incentivo financeiro, psicológico, apoio partidarista, diálogo com diversas instâncias da sociedade para que a participação feminina na política se efetive de forma plena.
Concluindo a questão, vale ressaltar que não se trata de uma disputa com os homens, o ângulo a se olhar esta causa é pelo simples fato da mulher possuir os mesmos direitos constitucionais que os homens. Política é coisa de homem e de mulher, é coisa de gente. Cabe todo mundo na polis.
*O texto é de livre pensamento da autora*
