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8 de junho de 2025

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Os artistas homenageados no 32º Festival de Cinema de Vitória

(Imagem: Avatar do FCV)

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Coluna Letrados
Por: Giovandre SilvateceRoteirista

Olá, leitor(a) da coluna Letrados! Entre os dias 19 e 24 de julho, teremos a 32ª edição do Festival de Cinema de Vitória – FCV, o mais tradicional acontecimento cinematográfico do Estado que ocorrerá no Sesc Glória e no Hub ES+, no centro da Cidade, e no Hotel Senac, na Ilha do Boi. O Festival englobará uma série de eventos, como exibições de mostras
competitivas, sessões especiais, debates, formações e homenagens.

Serão exibidos, de forma gratuita, em torno de 100 filmes distribuídos em 13 amostras, sendo que o público poderá, não somente assistir aos filmes, como também participar das sessões de debate com os realizadores e ainda votar no seu filme preferido, cujos filmes escolhidos receberão o “Troféu Vitória de Júri Popular” na cerimônia de premiação do festival.

Quanto aos homenageados desta edição do FCV, teremos a atriz, diretora, produtora e ativista, Verônica Gomes, e o cantor, compositor, dançarino, ator e diretor de espetáculos musicais, Ney Matogrosso. Ambos receberão o Troféu Vitória e o Caderno do Homenageado, publicação inédita e biográfica que trata da vida e trajetória profissional do artista.

Os homenageados

Verônica Gomes estreou no audiovisual como produtora de elenco e figuração, além de assistente de direção de Sérgio Rezende no filme “Lamarca” (1994), que teve Paulo Betti como protagonista e um grande elenco que incluía Carla Camurati e os saudosos Nelson Dantas e Carlos Zara. Contudo, foi no curta “Ciclo da Paixão” (2000) que Verônica estreou
como atriz, tendo, mais recentemente, atuado no filme “Margeado” (2025), de Diego Zon.

Verônica também participou como atriz em diversos outros filmes, como “Cais dos Cães” (2012), de Marcos Veronese, “Uma Faca Só Lâmina” (2019), de Luiz Carlos Lacerda, e “Os Primeiros Soldados” (2022), de Rodrigo Oliveira, cujo título refere-se àqueles que lutaram contra a epidemia de AIDS e os seus estigmas no início dos anos de 1980.

Vale destacar, ainda, a sua participação no filme “Camile” (2024), de Maythê Costa, que ganhou o prêmio de “Melhor Filme de Justiça Social” no “World Film Festival de Cannes” e, na mesma categoria, no “Los Angeles International Art Film Festival”.

Ney Matogrosso protagonizou, ao lado de Nildo Parente, o curta “Depois de Tudo” (2008), de Rafael Saar, e o longa “Luz nas Trevas – A Volta do Bandido da Luz Vermelha” (2010), filme dirigido por Helena Ignez, que deu continuidade ao filme “O Bandido da Luz Vermelha” (1968), produzido pelo seu falecido marido, Rogério Sganzeria.

Ele também atuou em diversos outros filmes, como o longa “Quando o Galo Cantar Pela Terceira Vez Renegarás Tua Mãe” (2017), de Aaron Salles Torres, e o curta “Caramujo-Flor” (1988), de Joel Pizzini, ao lado de Aracy Balabanian e Tetê Espíndola.

Além dos trabalhos realizados no audiovisual, o que se observa é a versatilidade dos artistas homenageados no FCV deste ano, pois o ingresso de ambos na atuação cinematográfica ocorreu após uma consolidada carreira no teatro, no caso de Verônica Gomes, e na música, como é o caso de Ney Matogrosso.

Vidas pregressas dedicadas à arte e cultura

*Verônica Gomes

Após a sua estreia nos palcos em 1986, na peça “A Gang do Beijo”, a capixaba Verônica Gomes passou a ter uma carreira significativa no teatro, tendo atuado como atriz em diversas peças, como em “Eu Sou Vida, Eu Não Sou Morte” e “Auto de Frei Pedro Palácios”, dentre diversas outras atuações, tendo sido a protagonista solo em “O Mistério da Casa Amarela”.

A partir dos anos de 1990, ela atuou como diretora de produção em peças como “Que Droga Não Ter Asas” (1992) e “Quarta-Feira Lá em Casa Sem Falta” (1993), sendo que neste último trabalho ela recebeu o prêmio de “Melhor Produção” do Sated-ES, sindicato que promove premiações no sentido de reconhecer o trabalho de artistas e técnicos nas artes cênicas. Em
2013, Verônica dirigiu “Os Tipos Populares de Vitória”, com texto de Milson Henriques.

Na adaptação do texto “A Mulher Que Matou Os Peixes”, de Clarice Lispector, Verônica atuou como atriz e diretora artística e de produção.

*Ney Matogrosso

Foi através da música que Ney Matogrosso despontou no cenário artístico nacional quando integrava o grupo musical “Secos e Molhados”, em 1973.

Impulsionado pelo estrondoso sucesso de “O Vira”, o primeiro álbum da banda vendeu mais de um milhão de cópias, por conseguinte, o álbum gerou outros sucessos como “A Rosa de Hiroshima” e “Sangue Latino”. Após o segundo álbum, Ney Matogrosso saiu do grupo, iniciando a sua carreira solo com o lançamento do álbum “Água do Céu – Pássaro”, de
1975, completando, assim, 50 anos de carreira solo neste ano.

Algo que ficou marcado no início de sua carreira musical, e que perdurou até próximo do fim da década de 1970, foi a sua maquiagem cênica, que, junto com a sua coreografia fora dos padrões masculinos da época, lhe dava uma aparência andrógena nos palcos.

Dentre os integrantes do grupo, Ney Matogrosso foi, de longe, o artista que mais obteve sucesso na carreira solo, tendo sido considerado pela revista Rolling Stones como a terceira maior voz brasileira de todos os tempos, ficando atrás apenas de Tim Maia e Elis Regina.

Ele dirigiu diversos espetáculos musicais, com destaque para o show da cantora Simone intitulado “Sou Eu”, no Imperator, Rio de Janeiro, tendo sido considerado o melhor espetáculo de 1992. Ney também foi o responsável pela iluminação do show.

Como diretor teatral, Ney Matogrossso dirigiu “Estrela de Cinco Pontas”, com o Grupo Hombu e a cantora e atriz Bia Bedran, “Somos Irmãs”, com Cininha de Paula, e o solo “Dentro da Noite”.

Escolhas perspicazes

A homenagem a duas personalidades que já possuíam uma sólida trajetória em campos relacionados a arte antes de ingressarem no audiovisual, mas que a partir de então obtiveram uma contundente participação no cenário cinematográfico, remete ao fato de que a arte transpõe a determinada área de atuação, como se tudo que está relacionado a ela encontra-se interligado. E parece que está mesmo.

O cenário atual do cinema capixaba encontra-se fortalecido em face da atuação dos diversos órgãos patrocinadores, incluindo os que contribuem para a realização do FCV, pelas leis de incentivo ao audiovisual e por aqueles que financiam as diversas produções cinematográficas do Estado.

Contudo, nem sempre foi assim, dadas às enormes dificuldades de angariar recursos e as limitações tecnológicas do passado, portanto é de se esperar que grandes atores e atrizes que vieram do teatro, como no caso de Verônica Gomes, passam, cada vez mais, a participarem de produções relacionadas à sétima arte, contribuindo para o engrandecimento do cinema capixaba, bem como construindo um legado de talentos originários de nossa terra, expondo-o para o Brasil e o mundo.

No que se refere a Ney Matogrosso, dada a sua longa carreira de sucesso no meio musical, chega a ser surpreendente a sua gama de participação, inclusive como protagonista, nas diversas produções cinematográficas nacionais, desde a sua estreia no filme “Sonho de Valsa”, de 1987.

Contudo, a sua carreira musical já trazia algo que se relacionava com a arte da interpretação, pois Ney Matogrosso não apenas cantava, mas interpretava suas músicas através de sua coreografia e dança, o que me leva a compartilhar o entendimento da biógrafa Denise Pires Vaz de que Ney é um verdadeiro showman.

*O texto é de livre pensamento do colunista*


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Giovandre Silvatece – *Reside em Vitória/ES *Roteirista *Servidor Público. / (Imagem: Divulgação)

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