Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39.
Entrevista
Ex-jogador de futebol, encerrou a carreira em 2008, quando sua filha nasceu. Um fato curioso: ingressou na profissão de treinador de futebol em 2005, em Fortaleza (CE), quando ainda atuava como jogador, só aí dá pra ter dimensão da coragem e disposição desse ser humano.
Estou falando de Bruno Corrêa da Silva, 42 anos, natural do Rio de Janeiro, marido da Danielly Melo Costa Corrêa, e pai da Mayra (16 anos) e Matteo Costa Corrêa (5 anos). O carioca é disciplinado, batalhador, família, homem de fé (católico) e de papo reto.
Além de ser apaixonado por futebol, gosta de assistir filmes antigos e estar junto a família. Atualmente, está lendo o livro “Além da Ética – Doctor X”. Para jogar o jogo da vida, Bruno tem um lema: Seja grato e tenha coragem!
Coragem que é exercida diariamente como treinador de futebol de base, onde está atuando no momento, no time do Coimbra Real For FC, em Vila Velha, como coordenador técnico/metodológico. Bruno também trabalha no projeto “Santa Rita FC Resgatando Vidas”.
Inteligente e visionário, o treinador é formado no curso de Licença A – Associação Brasileira de Treinadores de Futebol (ABTF) – e está concluindo o curso de bacharel em educação física. Também possui formação em Método CIS Assessement, Gestão de Pessoas (UEMA), e outros cursos e renovações na área do esporte.
Com carreira de treinador vitoriosa na modalidade futebol de salão, aqui no Espírito Santo, Bruno conquistou títulos no sub 15 a sub 17. Depois atuou no time feminino no sub 11, sub 13, sub 15, sub 17 e sub 20, também colecionou títulos.
Depois dessa jornada, o treinador voltou para o campo, onde foi campeão em 2017 na Desportiva. A carreira alavancou. Foi contratado pelo Porto Vitória, onde realizou campanha maravilhosa no sub 15. Nesse tempo, conheceu o professor Próspero Paoli, que virou a chave em sua carreira, conta Bruno. “No início foi um choque de realidade, porque a gente era muito empírico, aquilo que eu tinha jogado e aquilo que eu via no dia a dia. Ele foi uma coisa muito boa… Ele me mostrou em juntar o estudo com aquilo que eu aprendi enquanto jogador… Tive a oportunidade de conhecer metodologias e clarear a mente… Fui melhorando cada vez mais e me apaixonei pela formação de base. Minha história no futebol basicamente é essa… Tive lesões, parei de jogar e virei treinador”, contou.
Leitor, venha conhecer a história de Bruno Corrêa: treinador de base, do profissional e da vida.
1 – Bruno, em dias atuais você ocupa a função de coordenador técnico no projeto Santa Rita FC Resgatando Vidas. Narre o sentimento de ser um fruto do trabalho de Henrique Capelaro (em memória) e, agora poder continuar o projeto sendo professor.
Gratidão e multiplicação é o sentimento, sou grato por dar continuidade e oportunizar ainda mais crianças e adolescentes com esporte, saúde e lazer, para que tenham discernimento de que podem, sim, dar certo na vida, basta correr atrás e cuidarem de si, com fé e perseverança no lado certo.
2 – Bruno, você gosta mais de trabalhar como treinador nos times profissionais ou da base?
Eu me apaixonei pela formação. Formar atletas é muito mais interessante, porque você está lidando com uma pessoa, não é só competir, é saber a motivação da competição, da vitória, da derrota. Os porquês são mais importantes no trabalho de formação, saber identificar fatores do lado cognitivo, físicos, técnicos e fazer o atleta evoluir. Ter o hábito de formar pra vida, o que acho mais importante.
3 – Vamos falar de curso e preparação profissional. Você é formado no curso de Formação de Treinadores Licença A. Teoria e prática, o que tem a dizer?
O dia a dia te forma mais do que uma faculdade. A gente que tem a experiência de vestiários, sabe a linguagem do atleta, você consegue ter mais êxito nos resultados por ter vivido uma carreira de jogador de futebol. Mas o curso te dá um norte sensacional, além de conhecer pessoas novas, projetos novos, metodologias novas, além de agregar valores. Eu tento equilibrar teoria e prática.
4 – A polêmica de que futebol não se estuda ou se estuda. Qual a sua visão em relação a isso?
Como treinador eu uno os dois. Não só o dia a dia que eu tive como jogador; eu sou muito detalhista. Eu consegui unir bem o estudo com aquilo que eu tive enquanto atleta.
E, hoje, estando no Coimbra como coordenador, eu acabo fazendo os dois: teoria e prática. O coordenar está me dando outro tipo de olhar mais específico. Hoje eu também estou enxergando o profissional que está na beirada do campo com os meus alunos. Eu consigo, não só, solidificar essa ideia de melhorar os alunos quanto os profissionais que estão com a gente.
5 – Em relação a treinar um time profissional e coordenar um trabalho de base, qual é a sua intenção profissional?
Hoje eu me vejo como treinador de futebol de base. Tenho qualidade e qualificação na área. Já trabalhei como treinador profissional, vou voltar para o profissional, mas o momento não é agora.
Tenho um projeto em minha vida pra daqui a cinco a dez anos está bem preparado e solidificado para bater lá em cima e ficar de vez. Mas também, eu tô gostando dessa área de coordenar: as questões técnicas, as dificuldades táticas, debater isso no dia a dia, melhorar o profissional que está trabalhando com os alunos e também melhorar junto, qualificar os alunos.
6 – Aproveitando sua fala de querer voltar um dia para times de alto rendimento, me conte alguns de seus feitos como treinador de futebol?
Eu comecei a ser treinador no Ceará, em Fortaleza. Um amigo me pediu ajuda e fui ajudá-lo. O clube não tinha condições financeiras, e eu passei a ajudar os atletas com passagens. Uma vez fomos jogar no interior do Ceará e paguei as passagens de ônibus e o almoço dos jogadores, fiz isso com maior orgulho.
Dali, eu comecei a ter o olhar para o ser humano, e me dedicar em ser um bom profissional. Ali meu me apaixonei, de fato, pela profissão.
Eu passei pelo América, cheguei a passar no sub 16, cheguei na semifinal. Vim para o ES… Trabalhei em escolinha: no Coqueirense, no Sol Vive… Trabalhei na Desportiva como treinador. Sou tetra campeão capixaba de base, tenho um título pelo Vila Velhense, também fui campeão estadual de futsal sub 15, sub 17.
Em 2013, foi meu último título de futsal em cima do Álvares Cabra. Também trabalhei no Porto Vitória sub 15, fui campeão em 2018, de lá eu fui pro Vitória/ES. Um amigo meu me convidou pra ir pra Bahia, me levando para o Canal Esporte Clube, no sub 15, fui vice-campeão baiano. Tive a oportunidade também de acompanhar o sub 20 e ser vice-campeão baiano. Fui crescendo e cheguei a ser auxiliar no profissional, depois o treinador saiu e eu fiquei, e quando foi em 2021, eu retornei para o ES. Chegando aqui, eu fui trabalhar no Zico 10, futebol de campo, depois no Capixaba Esporte Clube, trabalhei no sub 20. Também trabalhei na primeira divisão do Capixabão… Fui treinador no Atlético de Itapemirim. Também Trabalhei também no sub 20 do Rio Branco.
Aí surgiu o projeto Coimbra na minha vida, é um projeto que a gente almeja ser profissional. Eles queriam uma pessoa que pensasse na formação em médio e longo prazo, eu sou um cara muito focado em processos. O Madson me fez o convite pra ir para o Coimbra, então plantei minha metodologia lá e fomos passo a passo, conquistamos muita coisa na base. Eu trabalho com vencedores e vencedores querem vencer de novo.
Publicidade
7 – Você trabalha no “Santa Rita FC Resgatando Vidas”, um projeto social esportivo de relevância em Vila Velha. Como você enxerga o trabalho de projetos no Terceiro Setor para acolher crianças em vulnerabilidade social e transformá-los em cidadãos de bem?
O projeto Santa Rita FC Resgatando Vidas é uma missão na minha vida, é meu propósito. Recebi proposta boas para ir embora, mas o Santa Rita é minha missão, porque eu tô ali desde 1995, quando joguei, e o Henrique Capelaro me treinou.
O projeto de Terceiro Setor oportuniza aquela criança que tá a ermo, só que infelizmente as coisas não fluem como a gente pensa. O projeto social hoje não potencializa o fundador, as pessoas que estão no dia a dia, e a gente sambe que todos constroem família, essas pessoas pagam um preço muito alto. É muito difícil você viver de um projeto social. Você se doa, quer ajudar as pessoas, você alimenta sonhos, transforma realidades, mas não tem o retorno que merece, e isso é muito ruim.
Infelizmente, se você não tiver uma parceria muito forte no Terceiro Setor, com empresas que querem fazer esse bem, você acaba penando e pagando por isso, as coisas começam a complicar dentro da sua vida.
8 – Bruno, para encerrar nosso papo. Gostaria de destacar algo nessa entrevista?
Eu fiz um curso de orientação e mobilidade para deficiência visual, foi uma coisa apaixonante. Eu tenho o curso de Técnicos e Árbitros com Práticas Esportivas para Deficientes. Fiz o curso no Instituto Federal do Rio de Janeiro… e…. Cara, eu gosto do ser humano… Trabalhar com esporte é uma coisa sensacional. E tive a oportunidade de ser vice-campeão brasileiro de futsal para deficiente visual, atuei como auxiliar, isso também marcou a minha vida, uma das medalhas que eu tenho mais orgulho também.
E, hoje, ter a oportunidade de ver meu filho treinando onde eu trabalho, é sensacional. Esse era um sonho que eu tinha também, e as coisas estão acontecendo no tempo de Deus.
Publicidade