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7 de junho de 2025

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Vendo, vendo e vendo, mas não sei para onde vai o dinheiro!

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Coluna Criativos
Por: Samuel J. MessiasConsultor Empresarial

Neste artigo exploro o dilema comum entre empreendedores que, apesar de apresentarem volumes significativos de vendas, não conseguem identificar para onde o dinheiro está indo. Analisaremos as causas desse problema, a importância do controle financeiro, ferramentas práticas para monitoramento e os passos necessários para transformar vendas em lucro real.

O problema: venda sem controle financeiro

O cenário é familiar para muitos empreendedores e vendedores: as vendas aumentam, os pedidos não param de chegar, a movimentação é intensa, mas ao final do mês, o caixa não reflete esse movimento. Esta dissonância entre volume de vendas e disponibilidade financeira é um dos maiores desafios enfrentados por comerciantes, sejam eles pequenos lojistas ou vendedores em marketplaces.

Um alto faturamento não significa, necessariamente, que haverá dinheiro disponível para reinvestimento ou lucro. Muitos vendedores cometem o erro de considerar o valor bruto das vendas como o valor que efetivamente entrará no caixa. Porém, entre o valor anunciado do produto e o valor que realmente fica com o vendedor, existe uma série de descontos, taxas e custos que reduzem significativamente a margem.

A falta de acompanhamento detalhado das finanças pode ocultar custos e perdas significativas. Sem um sistema adequado de controle, torna-se praticamente impossível identificar quais produtos estão gerando lucro real e quais estão apenas gerando volume de vendas sem retorno financeiro proporcional. Esta invisibilidade de custos cria a sensação de que o dinheiro simplesmente “desaparece” entre a venda e o balanço final.

Sintomas comuns

  • Contas em atraso mesmo com vendas crescentes
  • Necessidade constante de capital de giro
  • Sensação de “trabalhar mais e ganhar menos”
  • Dificuldade em definir preços corretamente

Consequências

  • Endividamento progressivo
  • Perda de oportunidades por falta de liquidez
  • Estresse financeiro e desgaste pessoal
  • Decisões comerciais baseadas em percepções equivocadas

Muitos vendedores acabam entrando em um ciclo vicioso onde, para compensar a falta de lucro, aumentam ainda mais o volume de vendas, o que por sua vez gera mais custos não monitorados e agrava o problema. Romper este ciclo requer uma mudança fundamental na forma de enxergar o negócio: não apenas pelo prisma das vendas, mas pelo controle efetivo das finanças.

Principais motivos do “desaparecimento” do dinheiro das vendas

Compreender para onde vai o dinheiro das vendas é o primeiro passo para resolver o problema. Existem diversos fatores que contribuem para essa sensação de que o dinheiro “desaparece” entre o momento da venda e o balanço final do mês.

Despesas operacionais não monitoradas

Uma das principais armadilhas para os vendedores são as despesas operacionais que, individualmente, parecem pequenas, mas que somadas representam valores consideráveis. Fretes subsidiados, embalagens especiais, etiquetas, material de proteção para produtos frágeis e até mesmo o tempo gasto na preparação dos pacotes são custos que frequentemente não entram na equação ao definir o preço de venda. Muitos vendedores calculam apenas o custo de aquisição do produto e uma margem básica, sem considerar todo o ecossistema de custos envolvidos na operação.

Comissões e taxas ocultas em plataformas

Plataformas como Amazon, Mercado Livre, Shopee e OLX oferecem acesso a milhões de clientes, mas esse acesso tem um preço. Além das comissões sobre as vendas, que podem variar de 5% a 20% dependendo da categoria, existem taxas de inserção, taxas de destaque, taxas de promoção e muitas outras cobranças que reduzem significativamente a margem do vendedor. Algumas plataformas também aplicam descontos automáticos nos produtos sem consulta prévia ao vendedor, como parte de campanhas promocionais.

Taxas de marketplace

  • Comissões sobre vendas (5%-20%)
  • Taxa de inserção de anúncios
  • Taxas de destaque e promoção
  • Tarifas de processamento de pagamentos

Custos logísticos

  • Frete subsidiado ou gratuito
  • Embalagens e materiais de proteção
  • Etiquetagem e preparação
  • Devoluções e trocas

Custos invisíveis

  • Tempo de atendimento ao cliente
  • Perdas por avaliações negativas
  • Descontos automáticos de plataformas
  • Variação cambial em produtos importados

Pagamentos parcelados e prazos longos

O parcelamento sem juros, prática comum no comércio brasileiro, cria uma ilusão no fluxo de caixa. Uma venda de R$ 1.000 parcelada em 10 vezes significa que o vendedor receberá apenas R$ 100 por mês, enquanto precisa repor o estoque e pagar as despesas imediatamente. Além disso, as operadoras de cartão e plataformas de pagamento aplicam taxas maiores para parcelamentos longos, reduzindo ainda mais a margem efetiva.

Reinvestimento automático sem análise

Muitos vendedores, ao ver produtos esgotados, imediatamente reinvestem em mais estoque sem analisar se aquele produto específico está gerando lucro real. Esta prática de “repor o que vende” sem uma análise financeira detalhada pode perpetuar um ciclo de vendas sem lucratividade, onde o dinheiro circula, mas não gera valor para o negócio.

A importância do controle financeiro no dia a dia do empreendedor

O controle financeiro não é apenas uma prática recomendável, mas uma necessidade vital para a sobrevivência e prosperidade de qualquer negócio de vendas. Sem este controle, o vendedor navega às cegas, incapaz de tomar decisões estratégicas baseadas em dados concretos sobre a saúde financeira do seu negócio.

Para implementar um controle financeiro eficaz, é fundamental compreender a diferença entre os diversos tipos de custos e como eles impactam o resultado. Os custos fixos, como aluguel, salários e assinaturas de software, existem independentemente do volume de vendas. Já os custos variáveis, como embalagens, fretes e comissões, aumentam proporcionalmente ao número de vendas. Compreender essa distinção permite ao vendedor calcular com precisão o ponto de equilíbrio do negócio – o momento em que as vendas começam efetivamente a gerar lucro.

Separação de custos

Identifique e categorize custos fixos, variáveis e semivariáveis para entender a estrutura financeira do seu negócio

Monitoramento em tempo real

Utilize ferramentas que permitam visualizar entradas e saídas de forma imediata, sem esperar o fechamento do mês

Análise de margens por canal

Avalie a rentabilidade de cada canal de venda separadamente, identificando quais são mais lucrativos

Planejamento e revisão periódica

Estabeleça metas financeiras claras e revise-as frequentemente, ajustando estratégias conforme necessário

As ferramentas de controle financeiro online têm revolucionado a capacidade dos vendedores de monitorar seus negócios. Aplicativos e softwares permitem visualizar em tempo real o fluxo de entrada e saída de recursos, categorizando automaticamente transações e gerando relatórios detalhados. Esta visibilidade imediata elimina surpresas desagradáveis no final do mês e permite correções de curso antes que problemas se agravem.

A categorização adequada de despesas e receitas é outro aspecto crucial do controle financeiro. Ao separar os gastos por categorias como “logística”, “marketing”, “comissões”, “impostos” e “estoque”, o vendedor pode identificar rapidamente onde estão os principais gargalos e oportunidades de economia. Esta visão detalhada frequentemente revela áreas de desperdício que passariam despercebidas em uma análise superficial.

Por fim, o planejamento financeiro e a análise frequente dos resultados são práticas que diferenciam vendedores bem-sucedidos daqueles que lutam constantemente com problemas de caixa. Estabelecer metas claras de faturamento, margem e lucratividade, e monitorar o progresso em direção a essas metas, permite ajustes estratégicos contínuos. Esta abordagem proativa evita desvios significativos e reduz drasticamente o risco de prejuízos inesperados.

Ferramentas e práticas para visualizar para onde vai o dinheiro

Para transformar o controle financeiro em uma prática concreta, é essencial adotar ferramentas e metodologias que proporcionem visibilidade total sobre o fluxo de dinheiro do negócio. Independentemente do porte da operação, existem soluções acessíveis e eficientes que podem ser implementadas imediatamente.

Planilhas de controle financeiro

As planilhas eletrônicas como Excel e Google Sheets continuam sendo ferramentas poderosas e acessíveis para o controle financeiro. Uma planilha bem estruturada pode revelar padrões de gastos e oportunidades de economia que não seriam evidentes de outra forma. O ideal é criar uma estrutura simples que registre todas as entradas e saídas, categorizando-as adequadamente. Modelos prontos estão disponíveis gratuitamente na internet e podem ser adaptados às necessidades específicas de cada negócio.

Softwares especializados de gestão financeira

Para operações mais complexas, softwares especializados como Nibo, Granatum, Conta Azul e QuickBooks oferecem funcionalidades avançadas que vão além das planilhas. Estes sistemas permitem integração com contas bancárias e plataformas de vendas, automatizando o registro de transações e reduzindo erros de digitação. Muitos destes softwares também geram relatórios detalhados e projeções financeiras que auxiliam no planejamento estratégico do negócio.

Controle diário de todas as transações

Registre absolutamente todas as entradas e saídas no dia em que ocorrem, sem deixar acumular

Separação entre contas pessoais e empresariais

Mantenha contas bancárias distintas para evitar a mistura de finanças pessoais e do negócio

Análise mensal de rentabilidade por canal

Avalie periodicamente o desempenho financeiro de cada plataforma de vendas para otimizar esforços

Definição e acompanhamento de metas financeiras

Estabeleça objetivos claros de margem de lucro e monitore o progresso consistentemente

Relatórios periódicos e análise de dados

A elaboração de relatórios periódicos é fundamental para transformar dados em insights acionáveis. Semanalmente, é recomendável analisar os principais indicadores de desempenho: volume de vendas, ticket médio, margem bruta e custo de aquisição de clientes. Mensalmente, uma análise mais profunda deve incluir todos os custos fixos e variáveis, comparando o desempenho com meses anteriores e com as metas estabelecidas. Trimestralmente, é importante revisar a estratégia de preços e a rentabilidade de cada produto ou linha de produtos.

Organização das contas bancárias

Uma prática extremamente eficaz para visualizar o fluxo de dinheiro é a separação de contas bancárias por finalidade. Uma conta principal deve receber todos os pagamentos de vendas. A partir dela, transferências programadas podem alimentar contas específicas para: pagamento de fornecedores, impostos e obrigações fiscais, despesas operacionais, e uma conta de reserva para investimentos e emergências. Esta segmentação evita que o dinheiro destinado a um fim específico seja inadvertidamente utilizado para outro propósito.

A revisão mensal dos custos associados a cada canal de venda é outra prática essencial. Marketplaces, loja própria e vendas diretas possuem estruturas de custo distintas e devem ser analisados separadamente. Isto permite identificar quais canais estão efetivamente contribuindo para o lucro do negócio e quais estão apenas gerando volume sem rentabilidade adequada.

Por fim, a definição de metas claras de margem de lucro e o acompanhamento disciplinado destas metas transforma o controle financeiro em uma ferramenta estratégica. Não basta saber para onde o dinheiro está indo; é necessário direcionar conscientemente estes recursos para maximizar o retorno sobre o investimento e garantir a sustentabilidade do negócio a longo prazo.

Conclusão e próximos passos

A jornada para transformar um negócio de “muitas vendas, pouco lucro” em uma operação financeiramente saudável e lucrativa não acontece da noite para o dia, mas é perfeitamente alcançável com disciplina e métodos adequados. Como vimos ao longo deste documento, o problema de “vender, vender e vender, mas não saber para onde vai o dinheiro” é comum e tem causas identificáveis, que podem ser abordadas sistematicamente.

Vendas sustentáveis exigem muito mais do que habilidade comercial – requerem um controle detalhado e constante do fluxo financeiro. O vendedor de sucesso no ambiente competitivo atual é aquele que consegue não apenas gerar volume de vendas, mas garantir que cada transação contribua positivamente para o resultado do negócio.

Avaliação da situação atual

Faça um diagnóstico completo das finanças do seu negócio, identificando todos os custos e fluxos de receita

Implementação de ferramentas

Escolha e configure as ferramentas de controle financeiro mais adequadas ao porte e complexidade do seu negócio

Estabelecimento de rotinas

Crie rotinas diárias, semanais e mensais de acompanhamento financeiro e tome decisões baseadas nos dados coletados

Otimização contínua

Revise periodicamente seus processos, preços e margens para maximizar a rentabilidade do negócio

A implementação de rotinas de acompanhamento financeiro não deve ser vista como um fardo administrativo, mas como um investimento estratégico no futuro do negócio. Ao dedicar tempo regularmente para analisar números, tendências e resultados, o vendedor adquire clareza sobre o real desempenho da sua operação e pode tomar decisões mais assertivas.

A revisão periódica de preços, margens e custos é um hábito que potencializa significativamente o lucro real. Muitos vendedores definem preços uma única vez e não os revisam adequadamente, mesmo quando os custos de aquisição, logística ou marketing se alteram. Esta prática resulta em erosão gradual das margens e compromete a sustentabilidade do negócio no longo prazo.

Para quem deseja aprofundar seus conhecimentos em gestão financeira, existem diversas opções de capacitação específicas para vendedores. Cursos online, livros especializados e mentorias com profissionais experientes podem acelerar significativamente a curva de aprendizado e evitar erros comuns. O investimento em conhecimento financeiro tende a gerar retornos muito superiores ao capital investido.

Quando o controle manual se torna complexo demais, a automação do acompanhamento financeiro através de softwares integrados e APIs pode ser a solução. Estas ferramentas eliminam a necessidade de registro manual de transações e reduzem drasticamente a possibilidade de erros humanos na contabilização de receitas e despesas.

Por fim, para negócios que já atingiram certo porte ou complexidade, a contratação de uma consultoria especializada em finanças para e-commerce e vendas pode ser um investimento transformador. Um olhar externo e especializado frequentemente identifica oportunidades de otimização que passariam despercebidas por quem está imerso na operação diária do negócio.

*O texto é de livre pensamento do colunista*


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Samuel J. Messias – *Reside em Vitória/ES *Consultor Empresarial *MBA em Estratégia Empresarial *Bacharel em Ciências Contábeis *Me. em Educação ( Florida University- USA). (Foto: Divulgação)

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