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Entrevista / Instituto Saber
O Merkato apresenta mais um entrevistado da série “Lideranças”. Na ocasião, gestores, que pertencem a alguma Organização da Sociedade Civil (OSC), como presidentes, fundadores e coordenadores, estão sendo entrevistados.
Nessa série de entrevistas, você conhece histórias de pessoas que são verdadeiros agentes políticos na sociedade.
E o nosso entrevistado de hoje é William Vieira, 46, bacharel em Teologia, que também possui formação em Análise de Perfil Comportamental. O empreendedor social realiza um trabalho socioeducativo proposto pelo Instituto Saber, OSC de sua criação, inaugurado em agosto de 2023. O IS promove a inclusão socioeconômica por meio da economia criativa, na região da Grande São Pedro, em Vitória.
Com parcerias com o Qualificar ES; Senac; Igreja Unção de Deus, a qual é pastor; mais a comunidade de São Pedro, entre outros agentes políticos individuais, William tem uma visão de futuro de ampliar as dependências do Instituto e, também construir filiais do IS em outros bairros.
Devido a efetivação da parceria com o governo, o público atendido está acima dos 16 anos de idade, porém William pretende instaurar no IS um público infantojuvenil para realizar atividades esportivas, além de ampliar os cursos, conhecimentos e trabalhar efetivamente, com Pessoas Com Deficiência (PCD).
Conheça, agora, um pouco da história e ideologias de um homem humilde, sóbrio, solidário e participativo no Terceiro Setor, e que, há vinte anos se dedica às atividades sociais e pastorais na comunidade de São Pedro.
1 – William Vieira, qual o propósito em criar o Instituto Saber?
O primeiro motivo para eu criar o Instituto Saber foi para ser uma ferramenta que trouxesse informação para as pessoas da minha comunidade, com o propósito de transformar o destino dessas pessoas. Eu acredito que, o fato de as pessoas terem o conhecimento, essa é a verdadeira libertação para a vida delas. Não há um culpado, um ser humano específico para o fracasso de uma pessoa. A gente entende, pautado no livro do profeta Oséias, capítulo 4, verso 6: “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento…”. O povo sofre, justamente, por não ter o conhecimento, por isso o nome Instituto Saber.
2 – E quando o senhor fala em conhecimento, qual é a pauta fundamental para os beneficiários?
Com presidente do IS, minha pauta fundamental é transformar destinos por meio do conhecimento e capacitar pessoas a dominarem alguma atividade econômica. Também proporcionar para essas pessoas, em todas as áreas, crescimento como cidadãs, capacitação em todas as áreas da vida delas: profissional, emocional, intelectual ou espiritual.
3 – Apresenta para o leitor o funcionamento do Instituto Saber.
O IS funciona de segunda a sexta, de 8h às 18h, em parceria com o Governo do Estado, com o Programa Qualificar ES. Nós temos vários cursos funcionando: informática, curso de gestão e curso de gastronomia.
Também temos o curso de Libras, esse já é um curso de origem do nosso próprio Instituto. É uma voluntária que aplica esse curso, inclusive, já estamos na terceira turma, tem tido bastante resultado no bairro.
Diante desse quadro, entre 8 a 9 meses de funcionamento, nós estamos indo para 150 formandos no total de todos os cursos oferecidos pelo IS. Tivemos uma formatura com 75 pessoas e estamos indo para a segunda formatura com mais 75 pessoas.
4 – E como o senhor avalia o Instituto Saber durante esse curto período de tempo, o que já tem sido eficaz?
Tem sido muito importante… a gente já está percebendo essa geração do empreendedorismo, a qual está funcionando, aqui, em nosso bairro. Sabemos a dificuldade da comunidade e é isso que temos provocado neles. Essa geração de trabalho e renda, para que eles comecem a se desenvolver como cidadãos, terem autonomia. Então, já tem sido muito eficaz o nosso trabalho na vida dessas pessoas.
05 – Quais são os maiores desafios que o senhor está enfrentando no Terceiro Setor para executar as atividades no IS?
Nossa maior dificuldade no Terceiro Setor é efetivar parcerias para conseguir alavancar o IS. Não posso falar que não temos parcerias, mas que ainda nos falta aprender o caminho para buscar mais parcerias.
Estamos aprendendo a buscar o recurso financeiro, o recurso humano. E quando falamos de recurso humano, falamos de voluntariado. Ele não é tão simples assim, temos, aqui no IS, cinco a seis voluntários. Sabemos da correria do dia a dia das pessoas, a gente também reconhece o outro lado. Hoje todo mundo precisa de ser remunerado, né!
06 – E quando se fala em Terceiro Setor, essa obra que o senhor está realizando, vem de onde esse desejo?
A paixão vem de infância. Eu fui criado na Zona Portuária do Rio de Janeiro, no bairro Saúde, então, ali, eu vivi até os meus 23 anos. Então, a minha infância é em um bairro de periferia… Eu tenho uma raiz nesse social, exatamente, por ter vindo de uma condição muito semelhante à da Grande São Pedro.
Hoje, eu entendo onde Deus me colocou e de onde eu saí. Esse projeto está fazendo diferença no destino de pessoas. Quero trazer pertencimento para as pessoas desse bairro. Olhar pra essas pessoas, hoje, é o meu maior desafio. Tudo o que eu não tive de oportunidade no meu passado, eu quero proporcionar para essa comunidade.
07 – William, além de empreendedor social, em primeiro lugar, o senhor é um sacerdote. Sendo um pastor, gostaria que o senhor fizesse a relação entre Igreja e Terceiro Setor?
Eu creio que Jesus sempre teve os olhos para essas pessoas. A verdadeira igreja tem a obrigação de se preocupar com o Terceiro Setor. Uma igreja que não atua no Terceiro Setor, no meu ponto de vista, ela não está cumprindo a missão que Jesus deixou, verdadeiramente, pra gente, aqui, nessa terra.
Então uma verdadeira libertação não ocorre só no mundo espiritual, no qual as igrejas atuais agem assim, mas também tem uma libertação que precisa de ser exercida com igualdade social. Eu, como igreja, não posso olhar pra dentro dessa igreja só de forma espiritual, logo, eu preciso de atuar no Terceiro Setor e ajudar pessoas de maneira social.
08 – Nesse momento gostaria que o senhor deixasse um apelo ao bloco empresarial do Segundo Setor para fins de parcerias com instituições do Terceiro Setor.
O meu pedido para as pessoas do Segundo Setor é pra que elas possam olhar um pouco mais pra essas instituições, que estão localizadas nesses bairros de periferia. O bairro, a qual eu faço parte, só tem uma ou duas instituições sociais. Há uma dificuldade muito grande pra gente conseguir chegar a essas empresas. Que essas empresas possam abraçar essas instituições.
Veja só, aqui no meu bairro, os projetos pequenos começam, mas não conseguem se sustentar, exatamente, por não terem apoio dos empresários. Eu tenho um professor de muay thai, aqui do bairro, com mais de 50 crianças que não tem apoio. Então, eu, como Instituto, quero ajudar esse professor!
09 – William, muito obrigado por ceder essa entrevista ao Merkato. Gostaria que o senhor deixasse uma palavra final.
Continuo acreditando que existem pessoas boas na terra e nós somos essa ferramenta, do qual todas essas pessoas, se unirem, podemos fazer um bem maior para as pessoas. Que Deus possa permitir que a gente se una, se encontre, que a gente possa fazer a diferença em nossa sociedade, a qual se encontra bem ferida, bem desigual.
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