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27 de julho de 2024

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“Ela Conecta”: conhecimento e ambientação

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39 Empreendedorismo/Networking Por: José Salucci – Jornalista e diretor do Merkato Conhecimento ou ambiente? Qual desses dois valores você

Como superar o método tradicional de ensino?

Evidencia-se, no contexto escolar, grande dificuldade de se estabelecer relação entre ideias e realidade, educador e educando, teoria e ação, o que promove a fragmentação do processo pedagógico. Este artigo tem como objetivo apresentar e refletir sobre as metas da educação escolar e analisar a interdisciplinaridade como um possível caminho para superar a fragmentação do conhecimento existente.

Na abordagem desse tema são exploradas as concepções de diferentes autores que analisam a realidade escolar e veem a interdisciplinaridade como uma possível forma de superar os diversos problemas relativos ao processo ensino-aprendizagem.

As contribuições teóricas delineiam a problemática apresentada, oferecendo subsídios para uma melhor compreensão do assunto.

Tomando-se por base as pesquisas disponíveis na literatura educacional, verifica-se a ausência de interação entre os profissionais da educação e da escola com a sociedade. Considerando essa perspectiva, o ensino pouco tem contribuído para que os alunos construam conhecimentos globais, já que são instruídas a compreenderem partes de um todo distanciadas umas das outras. Observa-se “o sintoma da situação patológica em que se encontra hoje o saber. ” (JAPIASSU, 1976, p. 30).

Conforme as concepções de autores que analisam a realidade escolar, enfocam-se que a prática pedagógica atual, tradicional, disciplinar, favorece a configuração da fragmentação de conhecimentos. Dessa forma, ressalta-se a necessidade de se introduzir práticas de ensino inovadoras no sentido de reverter esse problema. Nessa perspectiva, salienta-se a prática da interdisciplinaridade como a melhor forma de diminuir a dissociação entre a realidade da escola e o seu objetivo de formar homens plenos, não se ignorando os diversos obstáculos emergentes.

Utiliza-se a abordagem qualitativa para a pesquisa, na qual buscamos investigar, por intermédio da análise de textos de autores, a prática da interdisciplinaridade, que se fundamenta no ensino por projeto, priorizando uma prática pertinente e adequada à construção de conhecimentos globais e, portanto, significativos. Assim, propõe-se uma pausa para a reflexão teórica da problemática acima exposta.

Interdisciplinaridade

No campo científico, a interdisciplinaridade equivale à necessidade de superar a visão fragmentada da produção de conhecimento e de articular as inúmeras partes que compõem os conhecimentos da humanidade. Busca-se estabelecer o sentido de unidade, de um todo na diversidade, mediante uma visão de conjunto, permitindo ao homem tornar significativas as informações desarticuladas que vem recebendo.

O crescente interesse pelo estudo da interdisciplinaridade, atualmente, é verificado em várias pesquisas e, concomitantemente, observa-se a interação dos especialistas de diversas disciplinas, apontando o processo de reorganização do saber, conforme evidenciam os estudos de Luck (1995), Jolibert (1994), Petraglia (1993) e Fazenda (1992). Japiassu (1976, p. 52) salienta que “trata -se de um gigantesco, mas indispensável esforço que muitos pesquisadores realizam para superar o estatuto de fixidez das disciplinas e para fazê-las convergir pelo estabelecimento de elos e de pontes entre os problemas que elas colocam”.

Segundo Petraglia (1993), o movimento da interdisciplinaridade surgiu na Europa, essencialmente, na França e na Itália, em meados da década de 60. Nesta época, os movimentos estudantis lutavam por um novo estatuto de universidade e escola. Também, por parte de alguns professores, apareceram várias tentativas de buscar o rompimento com uma educação segmentada.

No Brasil, o movimento começou a ganhar forças na década de70. Buscava-se a totalidade como forma de reflexão, no entanto, a interdisciplinaridade tendeu para um modismo, em alguns lugares. Assim, o estabelecimento de novos programas educativos caracterizou-se pela justaposição das disciplinas.

A divisão do saber em compartimentos surgiu em decorrência da necessidade de especialização dos profissionais no contexto da industrialização da sociedade. Assim, para facilitar o aprendizado da grande parcela dos conhecimentos e a sua aplicação social, esses foram agrupados em disciplinas, que passaram a ser trabalhadas separadamente umas das outras.

A escola, paulatinamente, foi sendo influenciada pelo processo de industrialização, no qual cada indivíduo passou a exercer uma função específica no processo de produção material. Desse modo, houve também a divisão de funções nos sistemas de ensino. Cada indivíduo passou a exercer uma função favorecedora à produção e construção do conhecimento escolar.

Porém, hoje se sente a necessidade da unificação do conhecimento. Assim, cresce o interesse pelo conhecimento unificado e, portanto, pelas pesquisas interdisciplinares, por parte dos cientistas, filósofos e planejadores. Salienta-se o esforço por aproximar, relacionar e integrar os conhecimentos.

A prática interdisciplinar, necessária à superação da visão restrita de mundo, à promoção de uma compreensão adequada da realidade e à produção de conhecimento centrada no homem deve romper os “muros” que, frequentemente, se estabelecem entre as disciplinas, ao gerar:

Integração e engajamento de educadores num trabalho conjunto, de interação das disciplinas do currículo escolar entre si e com a realidade de modo a superar a fragmentação do ensino, objetivando a formação integral dos alunos, a fim de que possam exercer criticamente a cidadania mediante uma visão global de mundo e serem capazes de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual. (LÜCK, 1995, p. 64).

Nesse processo, os conteúdos das disciplinas devem ser trabalhados de tal forma que sirvam de aporte às outras, formando uma teia de conhecimentos.

A prática da interdisciplinaridade não visa a eliminação das disciplinas, já que o conhecimento é um fenômeno com várias dimensões inacabadas, necessitando ser compreendido de forma ampla. O imprescindível é que se criem práticas de ensino, visando o estabelecimento da dinamicidade das relações entre as diversas disciplinas e que se aliem aos problemas da sociedade. Isso ocorrerá por intermédio da construção lenta e gradual.

Portanto, a prática da interdisciplinaridade estabelece o papel de processo contínuo e interminável na formação do conhecimento, permitindo o diálogo entre conhecimentos dispersos, entendendo-os de uma forma mais abrangente. O enfoque interdisciplinar constitui a necessidade de superar a visão mecânica e linear e:

[…] reconstituir a unidade do objeto, que a fragmentação dos métodos separou. Entretanto, essa unidade não é dada a “priori”. Não é suficiente justapor-se os dados parciais fornecidos pela experiência comum para recuperar-se a unidade primeira. Essa unidade é conquistada pela “práxis”, através de uma reflexão crítica sobre a experiência inicial. É uma retomada em termos de síntese. (FAZENDA, 1992, p. 45).

Considerando os pressupostos da caminhada interdisciplinar, enfatiza-se:

a realidade é construída com consequências seguidas e trocas mútuas, constituindo uma teia de eventos e fatores;

o processo de construção do conhecimento ocorre, conjuntamente, com a sociedade.

Segundos tais pressupostos, a prática da interdisciplinaridade tem por base a construção do conhecimento de forma a constituir a consciência pessoal e totalizada. A realidade, de modo geral, é una e supera os limites da fragmentação do conhecimento.

O cultivo do professor

Os profissionais da educação, em conjunto, necessitam de refletir e discutir, constantemente, sobre os pressupostos, métodos e conteúdos de suas práticas educacionais, visando um ensino que favoreça a formação de pessoas críticas, reflexivas e que saibam resolver problemas das mais diversas naturezas.

Nesse sentido, torna-se de real significância o empenho dos profissionais comprometidos com a inovação. O professor deve ser um permanente aprendiz, na busca de caminhos que favoreçam a aprendizagem significativa.

Nesse panorama, a interdisciplinaridade apresenta-se como um grande desafio a ser assumido pelos educadores, que objetivam a superação da prática fundamentada na rígida divisão do saber em disciplinas.

A prática interdisciplinar não se constitui de métodos a serem ensinados aos professores, mas de um processo associado a atitudes. Para o desenvolvimento dessa prática, o envolvimento e o comprometimento do professor é imprescindível, estando aberto para a troca de experiências e para o diálogo com o grupo.

Processo interdisciplinar

[…] não se ensina, nem se aprende, apenas vive-se, exerce-se… Todo o indivíduo engajado nesse processo será não o aprendiz, mas, na medida em que familiarizar-se com as técnicas e quesitos básicos o criador de novas estruturas, novos conteúdos, novos métodos, será o motor de transformação. (FAZENDA, 1992, p. 56).

O caminho a ser seguido surge de um trabalho constante entre os educadores e com os pais e educandos. O “método” surge do diálogo, da reciprocidade, do questionamento, da pesquisa. Enfim, surge naturalmente, não existindo receita para sua aplicação.

Para o trabalho interdisciplinar se efetivar, o cultivo do professor torna-se essencial, na medida em que se reconhece como ser com uma imagem incompleta. Assim, admite-se que o professor não é o “dono” da verdade a ser transmitida e incorporada pelos alunos, sem questionamentos concomitantes. O professor deve buscar, constantemente, o aperfeiçoando de seus conhecimentos, ou seja, cultivando-se em grupo e individualmente. Esse cultivo pessoal possibilita a aprendizagem de uma nova ética e aquisição de uma nova perspectiva da vida.

A interdisciplinaridade emerge da coletividade na qual prevalece a interação entre os envolvidos no processo educativo, tais como orientadores, professores, supervisores, diretores e funcionários.

Concluindo o trabalho, observa-se que a prática interdisciplinar tem demonstrado ser um importante aliada na formação do homem uno e pleno.

 

*O texto é de livre pensamento do colunista*


Samuel J. Messias – *Mestre em Educação ( Florida University- USA) – *MBA em Estratégia Empresarial – *Especialista em Políticas Públicas – *Especialista em PNL – *Especialista em Empreendedorismo Circular – *Gerente de Projetos Especiais na ADERES – *Prof. Convidado na Florida University – USA.

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