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Coluna Letrados
Por Magda Simone / professora de Língua Portuguesa.
“A tecnologia não é boa nem má; depende de como a usamos.” (William Gibson)
Há um mundo inteiro dentro de um aplicativo de mensagem, um universo vibrante e caótico, onde as mensagens acontecem o tempo todo. Para mim, essa foi uma das melhores invenções dos últimos tempos, agilizando a comunicação e nos aproximando dos outros. O único problema é que os usuários perderam a noção dos limites entre o oportuno e o invasivo.
A jornada começa com o primeiro raio de luz do dia. Mal despertamos e já somos saudados por uma enxurrada de bons-dias, acompanhados de imagens ou citações inspiradoras. Uma prática inocente à primeira vista, mas que aos poucos se torna uma rotina exaustiva. O dilema surge quando percebemos que a linha entre gentileza e intrusão está borrada, e o que deveria ser um gesto de cortesia se transforma em uma obrigação silenciosa de responder com a mesma moeda.
E não para por aí: o dia inteiro somos metralhados com mensagens de trabalho, pedidos e solicitações que invadem nosso sagrado tempo de descanso. A tecnologia, que prometia nos libertar de muitas amarras, muitas vezes nos aprisiona em um ciclo incessante de disponibilidade.
A ética, esse código invisível que guia nossas interações sociais, parece desaparecer diante do brilho das telas. O que é apropriado? O que é aceitável? As respostas não são simples. Enquanto alguns tratam o aplicativo de mensagem como uma extensão natural de sua vida, outros lutam para manter uma fronteira nítida entre o pessoal e o profissional.
É um território de constante negociação, um impasse entre o desejo de conexão e a necessidade de preservar nossa sanidade mental. No entanto, em meio às mensagens de “Bom Dia” e “Boa Noite”, é importante lembrar que o verdadeiro desafio não está na tecnologia em si, mas na maneira como escolhemos utilizá-la. É uma questão de encontrar o equilíbrio entre a cortesia e o respeito pelo espaço alheio, entre a conexão virtual e a preservação do nosso tempo e bem-estar.
Assim, talvez seja hora de repensar nossas práticas de comunicação. Não se trata apenas de enviar uma mensagem, mas sim de reconhecer o impacto que ela tem no destinatário. Porque, no final das contas, a verdadeira gentileza não reside na quantidade de “Bom Dia” que enviamos, mas sim na consideração que demonstramos pelo tempo e espaço dos outros.
Que possamos, então, navegar por esse mar digital com sabedoria e empatia, lembrando sempre que, por trás de cada tela, existe um ser humano com suas próprias necessidades e limitações. E que possamos encontrar o equilíbrio delicado entre a cortesia virtual e o respeito pelo espaço pessoal.
*O texto é de livre pensamento da colunista*
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