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O Cultivo da Subjetividade no Espaço Escolar

Imagem: Divulgação. Professor Samuel J. Messias.

Dentre os pilares da educação, apregoados pela Unesco como fundamentos educacionais para o Século XXI, estão os pilares “Saber ser” e “Saber conviver”.  Esses se vinculam diretamente com a premissa de uma educação que promova o desenvolvimento integral do sujeito em todas as suas dimensões: intelectual, físico, emocional, social, espiritual, político e cultural, que desenvolva e/ou aprimore a subjetividade dos sujeitos da formação.

Nesse contexto, a escola tem importante papel no processo de desenvolvimento dessa dimensão subjetiva, que se constitui e se manifesta na forma como o sujeito vive e, principalmente, na forma que esse sujeito sente e interage com o que vive.

A escola precisa se ocupar com o cultivo da subjetividade, já que nesse contexto pós-moderno ela está fragilizada, afetando incisivamente a capacidade de humanidade, de autonomia dos sujeitos e consequentemente, a sua capacidade de ser liberto.  Impactando a competência de análise, de crítica e expansão de sua consciência, gerando sérios prejuízos na habilidade de discernimento do sujeito para com aquilo que são valores, crenças e levando-o ao distanciamento da ética e da legalidade. Penso que o processo formativo precisa gerar estímulos, para que o educando, o sujeito da formação, identifique essas diferenças e se posicione, fazendo uso de elementos de suas habilidades e competências, fazendo assim escolhas conscientes

Flávia Gonçalves da Silva, psicóloga, Doutora em Educação, fundamentando-se nos pensamentos de Gonzalez Rey e Vygotsky, escreve em seu artigo: Subjetividade, individualidade, personalidade e identidade: Concepções a partir da psicologia histórico-cultural, que a subjetividade representa um macro conceito, em que a psique é compreendida como sistema complexo de representação de realidades. Realidades essas, que aparecem de múltiplas formas, modificando sua auto-organização, o conduzindo de forma permanente a uma tensão entre os processos gerados pelo sistema e suas formas de auto-organização.

A autora enfatiza que a subjetividade coloca a definição da psique num nível histórico-cultural, em que as funções psíquicas são entendidas como processos contínuos de significação e sentidos, e,  nos conduz a posicionar o indivíduo e a sociedade numa relação indivisível, em que ambos aparecem como momentos da subjetividade social e da subjetividade individual, por isso a  subjetividade no nível do reflexo sensorial,  não deve ser compreendida como um subjetivismo, mas como sua “subjetividade”, isto é, seu pertencimento ao sujeito ativo.

Nessa perspectiva, o cultivo da subjetividade por meio da mística é uma estratégia eficaz no desenvolvimento dos sentimentos, hábitos, reação, opinião, crenças e valores do sujeito, com suas experiências e histórias de vida. Uma vez que, a mística se compõe de elementos, de gestos, ações, som, símbolos, palavras, imagens, momentos, que adentram a mente, o imaginário possibilitando ao sujeito do processo de formação se conectar consigo, com o outro e com universo que o circunda.

A mística é o momento e/ou espaço em que o sujeito e/ou o coletivo discente e/ou docente param para a contemplação dos sentidos e dos sentimentos, dos valores, emergindo calma, centralidade, empatia, reciprocidade, trazendo à tona a capacidade humana de sentir e se emocionar, por meio de mensagens que são passadas a todos e cada um retira para si o ensinamento, sem que nada seja explicado, sem que se discorra sobre o que é para ser entendido, absorvido. Na mística, não se explica, sente-se, vivencia-se.

O cultivo da subjetividade no universo escolar, por meio da mística, desperta o sentir e capacita o sujeito para administrar os sentimentos que são despertados pelos sentidos, nesse processo de interação e inter-relação com os pares, com as coisas, com a natureza, com o universo, com as incertezas, com as frustrações, com a vulnerabilidade de viver num mundo tão diverso e tão volátil.

Penso que a escola, dentre outros importantes papéis, neste momento histórico, em que a sociedade esteve e em alguns aspectos ainda está, completamente imersa num mar de incertezas, cuide com muito esmero do cultivo da esperança, do sonho, da autoestima, do protagonismo, da autonomia e resiliência dos sujeitos da formação. É preciso que por meio da mística, esses desenvolvam a capacidade de ouvir o que ainda não é dito, mas que é apresentado por meio daquilo que se vê e por meio daquilo que se sente. Por isso, além do momento da mística na escola, essa deve ser expressa nas paredes, na decoração dos ambientes, na forma que se organiza as carteiras nas salas de aula, na organização das mesas e a dinâmica de uso refeitório, na forma em que se dão as relações interpessoais entre estudante-estudante, educador-estudante, educador-educador, educador-família, educador-demais funcionários, estudante-demais funcionários.

A mística de positividade, de capacidade de acreditar na própria potencialidade e na potencialidade do outro, de esperançar, de que é possível fazer o melhor com o que se tem, aproximando o melhor que podemos e o melhor que fazemos do melhor que sonhamos, deve ser e estar construída em todo espaço e tempo escolar.

Portanto, cultivar a mística é manter viva a esperança, é cultivar a capacidade de parar para contemplar o que é falado, o que é visto, o que é sentido.  É parar para ouvir o silêncio, para ouvir-se, uma vez que a realidade está cada vez mais carregada de estímulos, barulhos que se não forem filtrados, administrados roubam a centralidade, a capacidade de focar, de priorizar e evoluir.

O cultivo da subjetividade por meio da mística favorece o desenvolvimento da capacidade de focar naquilo que realmente faz sentido na vida de cada sujeito, na construção de seu conhecimento, no aprimoramento de seu desenvolvimento intelectual, social, ambiental, emocional e espiritual. Enfim, o desenvolvimento de todas as dimensões que compõe o ser humano, a sua existência e sua participação na sociedade.

A vivência da mística e o desenvolvimento da subjetividade na escola deve se dar numa constância, requer planejamento e direcionamento. Deve ser algo pensando a partir dos propósitos filosóficos e pedagógicos da Unidade Escolar. Os conteúdos da subjetividade devem ser desenvolvidos intermediando todo o fazer pedagógico. Imprimindo na realidade escolar, nas práxis da educação, a forma que os estudantes possam se envolver, são envolvidos e se envolvem, inclusive, como eles são capazes de compreender e dar conta de cuidar do cultivo da mística, da prática de trabalhar essa linguagem simbólica, emprenhada de valores que vai direto ao coração e como diria Freire, mantendo viva a “boniteza” da educação.

Logo, é essencial que a educação funcione como mediação de transformação para a sociedade dando voz e vez a toda a comunidade onde a mesma está inserida, pois a partir daí desenvolverá a cultura da pertença e seu engajamento em todo o processo educacional.

 

*O texto é de livre pensamento do colunista*


Por Samuel j. Messias e Sueli Valiato

 

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