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3 de dezembro de 2024

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Sobre ter com quem contar

(Imagem: Dreamstime)

Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39


Coluna Letrados
Por Magda Simone / professora de Língua Portuguesa.

“Uma longa viagem de mil milhas inicia-se com o movimento de um pé.” (Lao-Tsé)

Estava fazendo umas pesquisas, quando me deparei com essa máxima, do filósofo chinês Lao-Tsé. A frase me tocou porque estou vivendo uma situação que me impede, literalmente, de movimentar um pé. Torci o tornozelo e passei um bom tempo sem poder pisar.

No sentido filosófico, a reflexão sugerida é que qualquer jornada pressupõe um primeiro passo.  E que é preciso se mexer, sair do comodismo, se quiser ir a algum lugar.

Mas, estando eu nesse momento de restrição, viajei em meus pensamentos e passei a refletir sobre a metáfora da vida como uma longa viagem e no quão importante é não fazê-la desacompanhado (pelo menos não o tempo todo).

A vida é uma incógnita. Ela teima em nos pregar peças. Num momento somos autossuficientes, autônomos, num outro estamos frágeis e dependentes. E eu te pergunto: você tem uma rede de apoio? Você tem pessoas ao seu lado com as quais pode contar?

Não poder usar um dos pés, por exemplo, nos limita tanto que coisas simples, como tomar um banho ou caminhar até a cozinha para beber uma água, tornam-se tão complexas, que sem ajuda, fica quase impossível.

Isso nos provoca a pensar em nossas limitações e no quanto somos seres coletivos (únicos, mas coletivos). Precisamos uns dos outros. Não somente em momentos de vulnerabilidade, como quando dependemos de cuidados, mas também quando estamos bem, saudáveis e queremos compartilhar nossa felicidade.

E isso implica ter uma rede de apoio. No meu caso, tive ajuda do marido, que foi meu cuidador dentro de casa, tive a atenção de amigas, que me ajudaram em várias situações relacionadas à licença no trabalho. E até aquelas pessoas desconhecidas, que quando eu chegava ao consultório médico para uma consulta, ofereciam ajuda.

Mas minha reflexão não parou por aí (estou de molho em casa, o tempo ocioso permite isso): passei a pensar no quão importante é cativar as pessoas com as quais convivo, a ponto de elas permanecerem ao meu lado quando preciso.

Sim, porque é muito fácil eu me compadecer de mim mesma, sentindo-me abandonada. Apontar o dedo e acusar o outro de egoísmo ou de pouco caso, se ninguém está disponível quando preciso. Difícil é perceber o quanto minhas atitudes e ações afastam ou aproximam as pessoas a minha volta. Se já for ruim estar comigo em tempos de sanidade, quem vai querer estar em tempos de enfermidade?

Espero voltar logo a caminhar sozinha, sem, no entanto, deixar de ter ao meu lado os meus muitos companheiros. Que nossa viagem seja longa e que continuemos juntos, na saúde e na doença.

*O texto é de livre pensamento da colunista*


Invista no Jornal Merkato! – Pix: 47.964.551/0001-39

Magda Simone*Mestra em Letras pelo Mestrado Profissional em Letras (IFES). Experiência na docência de Língua Portuguesa (Ensino fundamental II), atua na Secretaria de Educação da Serra, com a Formação Continuada de Professores de Língua Portuguesa. (Imagem: Divulgação)

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