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Entrevista/Capoeira
Por: José Salucci – Jornalista e diretor do Merkato.
No último fim de semana, a comunidade capoeirística do estado do Espírito Santo vivenciou o “3º Encontro Estadual de Salvaguarda da Roda de Capoeira e Ofício das Mestras e dos Mestres de Capoeira no Espírito Santo”, que aconteceu em Cachoeiro de Itapemirim, região Sul do ES, no Hotel Caiçara.
O evento reuniu mestres, mestras, contramestres, contramestras e professores de capoeira. Também participaram do evento gestores públicos e agentes culturais, com o intuito de construir, formular e consolidar o Plano de Salvaguarda do bem cultural no estado do Espírito Santo.
E, para registrar a memória dessa cultura popular, que atravessa séculos, o Merkato, que cobriu o evento entre 31 de janeiro a 02 de fevereiro, preparou uma série de entrevistas com mestres, uma mestra, contramestres e contramestra.
Na estreia das entrevistas, Merkato apresenta Patrícia Aparecida da Conceição Ladislau, Mestra Ligeira, 45 anos de idade, com 32 anos de capoeira, natural de Cachoeiro de Itapemirim.
Ela vive de capoeira. Faz da capoeira o seu trabalho, o seu sustento de corpo e alma. Pra ela, capoeira é uma filosofia de vida. Formada em pedagogia, e cursando licenciatura de educação física, Mestra Ligeira se tornou Patrimônio Vivo em sua cidade, conheça a história.
1 – Mestra Ligeira, como conheceu a capoeira?
Um amigo me indicou. Ele disse que eu tinha tudo para ser uma excelente capoeirista, mas só que eu nunca tinha visto uma roda de capoeira. Então, ele me convidou para ir em uma roda de capoeira treinar, só que, quando eu cheguei lá, ele não estava presente, era o professor Bibop, aqui de Cachoeiro, já falecido. Mas mesmo assim eu iniciei a capoeira naquele dia.
2 – Quem te formou Mestra, e conte alguma vivência com outros Mestres?
Eu fui formada até Contramestra, pelo Me. Falcão, dentro da Associação de Capoeira Navio Negreiro, com o passar do tempo, comecei a ser aluna do Me. Timbó, que também formou o Falcão a mestre. E, hoje, eu estou ainda dentro da Associação Navio Negreiro. Me formei Mestra no dia 6 de julho, de 2024.
Tive contato com o Me. Beiçola, com ele, ganhei meu primeiro certificado na capoeira, em 1995, eram cursos, aulões, oficinas.
3 – Por que o apelido Ligeira?
Porque eu desenvolvi muito rápido. Eu pratiquei por pouco tempo, mais ou menos uns três meses eu peguei minha primeira graduação, e ministro aula desde a minha segunda graduação.
4 – Participar desse III Encontro do Plano de Salvaguarda da Capoeira do ES, o que tem a dizer?
É de grande fonte de enriquecimento, de conhecimento cultural. É uma troca de opiniões, onde vamos construir o melhor para a capoeira, deixar um legado para alguém, através desses fóruns.
5 – Mestra, você vive integralmente de capoeira, conte sua experiência?
Eu acho que deveria ter apoio mais direcionado a essa área, infelizmente, não tem.
Eu dei a sorte de estar em uma Prefeitura que apoia, que é no município de Presidente Kennedy, que lá, o profissional de capoeira, ele pode entrar através de processo seletivo.
Aqui, em Cachoeiro, não tem, mas ministro aula na quadra do IBC, um projeto social. Em 2021, eu recebi o título de Patrimônio Vivo do Município de Cachoeiro de Itapemirim, pela Lei Mestre João Inácio, por isso tenho esse apoio financeiro, através da Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura e Turismo (Semcult), para continuar na cultura, no caso, você tem que ter mais de 20 anos de prática de mestria.
E, eu sou a primeira mulher graduada como Contramestra, no Sul do Espírito Santo.
6 – Por fim, aglutinar a capoeira com outras graduações de nível superior, o que tem a dizer?
A graduação é a porta inicial pra qualquer um. O papel está acima de qualquer coisa. Você tem que ter um certificado, tem que se profissionalizar, senão a porta não abre.
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