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3 de dezembro de 2024

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Caravana de Lutas completou a 10ª edição com ciência, magia e amor

Caravana de Lutas em sua 10ª edição no Parque da Cidade, Serra. / Foto: @jairotfotos

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Terceiro Setor/Esporte e Inclusão
Por: José SalucciDiretor do Merkato

O Caravana de Lutas é um projeto itinerante que tem se destacado na Grande Vitória por semear sonhos e inclusão social através de diversas modalidades esportivas, uma verdadeira caravana mágica, que por onde passou fez da terra seca um oásis.

A 10ª edição do projeto, que aconteceu em outubro, já alcançou cerca de 2.000 pessoas (de todas idades). Na ocasião, o Parque da Cidade, que está localizado na divisa entre os bairros Parque Residencial Laranjeiras e Valparaíso, Serra, receberam a magia do esporte e a benção da Caravana, em um mês que se comemorou o dia da criança e a conscientização à saúde da mulher com o Outubro Rosa.

Com tantas datas significativas, a 10ª edição do mundo mágico esportivo do Caravana de Lutas, um projeto fundado pela Associação de Intervenção Familiar do Espírito Santo (Interfami), tendo como presidente, Eduardo Freitas, só poderia ter trazido mais uma vez um resultado extraordinário para a sociedade e o sentimento de realização de trabalho para toda equipe envolvida na efetivação dessa ação social. O presidente da interfami, relatou mais uma experiência vivida.

“Essa edição foi uma realização de um sonho. Poder ter levado o Caravana de Lutas para a Grande Vitória, vê as crianças serem atendidas, principalmente, no mês de outubro, que é o mês das crianças e, também onde a gente participa da campanha do Outubro Rosa. Ali, nós tivemos muitas mulheres sendo atendidas, mulheres que venceram o câncer, e outras que estão lutando, travando uma batalha na vida, e indo, lá, no tatame, calçando as luvas para lutar como uma referência da luta contra o câncer”, expressou o empreendedor social.

Eduardo Freitas, presidente da Associação de Intervenção Familiar do Espírito Santo (Interfami), com as crianças do projeto.  – “A nossa equipe multidisciplinar esteve acompanhando de perto, eu vejo que nós fizemos um trabalho onde eu me orgulho muito”, disse o presidente. / Foto: @jairotfotos.

Profissionais

Esse espírito transformador e encantador que o Caravana de Lutas possui em sua característica funcional de projeto, passa por diversas mãos, os professores de cada arte marcial, mas também dos profissionais de saúde: psicóloga, assistente social e fisioterapeuta.

Além do aparato esportivo montado para receber os beneficiários no tatame, são os profissionais da saúde que apoiam toda a corrente ficar mais firme para o bom andamento do projeto, que sempre visa o bem-estar do público usuário. Fabiana Cristina França, assistente social, que participou de mais seis (06) edições anteriores, pontua o porquê a última ação do Caravana ter marcado a sua vida.

“A décima edição foi particularmente impactante para mim, pois tive a oportunidade de vivenciar o acolhimento de mulheres que passaram por câncer, incluindo uma pessoa muito querida, que foi acometida e curada de um câncer de mama. Ver o brilho no olhar dessas pessoas e saber que esse projeto acolhe todas as idades, é extremamente gratificante. É momentos como esses que me animam a continuar fazendo parte dessa Instituição, que é a Interfami, para continuar ajudando a contribuir com a equipe, fazendo a diferença na vida das pessoas”, explicou.

“Esse projeto tem impacto positivo de transformação e desenvolvimento social, pois oferece oportunidades de acesso ao esporte e à educação física para crianças, adolescentes e jovens de diferentes contextos sociais e econômicos”, disse Fabiana Cristina. / Foto: @jairotfotos.

Pamela Costa, 24, fisioterapeuta, pós-graduada em Fisioterapia Ortopédica e Esportiva, também comenta as lições de vida que o projeto proporcionou a ela.

“Participei de seis (06) Caravanas. Cada uma me marcou de um jeito, porque são lugares diferentes, com públicos diferentes. Uma que mais me marcou foi a que, a gente fez em Vitória, as crianças estavam muito engajadas, curtindo bastante as lutas, e no final, vendo todas elas recebendo as medalhas com tanta felicidade. Vê a oportunidade que o esporte deu a essas crianças, fazê-las se sentirem vencedoras, se sentirem verdadeiras lutadoras”, disse.

“O Caravana teve uma equipe muito profissional no que faz, ensina com carinho as crianças, todos são capacitados. Então foi isso que senti um acolhimento das crianças e dos próprios trabalhadores ali”, disse Pamela Costa, em pé, de óculos. / Foto: @jairotfotos.

Outra profissional engajada no projeto é a psicóloga Patrícia França Neto Freitas, 47 anos, que também é palestrante. A moradora de Novo Porto Canoa/Serra, participou de oito (08) Caravanas, e conta sua história com o projeto.

“Quando eu penso na vivência da Caravana, é muito profundo. Eu vi o projeto sendo pensado, sendo escrito e desenvolvido. Estive na equipe de organização, quanto atendendo as pessoas que vivenciam as lutas. É importante o trabalho em equipe, a compreensão, a escuta, o Caravana de Lutas formou uma grande família, sem muito intempéries relacionais, foi muito grandioso”, disse.

O estilo do projeto, ainda que em uma única edição nos bairros em que passou, não seja possível evidenciar uma transformação imediata na vida do beneficiário, deixa a marca do poder do amor e de um incentivo ao sonho e a instrução à saúde. O simples fato de terem o contato com uma inclusão social, o sentido do Caravana de Lutas se torna efetivo para a sociedade e no desenvolvimento do ser. A assistente social, Fabiana Cristina, retoma a fala sobre essa abordagem.

“Como assistente social, eu vejo o projeto Caravana de Lutas como uma ótima iniciativa para promover a inclusão e a igualdade social. Esse projeto tem impacto positivo de transformação e desenvolvimento social, pois oferece oportunidades de acesso ao esporte e à educação física para crianças, adolescentes e jovens de diferentes contextos sociais e econômicos. Embora uma edição não possa pontuar uma transformação imediata na vida do público alvo, que são crianças e adolescentes em vulnerabilidade, o fato de terem o contato com uma inclusão social é extremamente importante”, explica.

Momento de palestra em uma das edições do Caravana de Lutas, especialmente para as mulheres. / Foto: @jairotfotos.

Uma das práticas de inclusão do Caravana de Lutas está na aproximação ao público PCDs – Pessoas Com Deficiência. Para tal tarefa desafiadora, não basta apenas ter a força de vontade e amor, que, claro, fundamentais para se exercer uma direção altruísta ao público-alvo, porém, mais do que isso, é necessário preparo profissional e eficiência na hora de cumprir o real motivo do projeto: incluir. A psicóloga Patrícia narra um caso vivido em uma das edições que participou.

“O olhar do psicólogo ele é diferente. A gente trabalha sem julgamento, respeitamos a subjetividade e a potencialidade de cada ser humano, a gente tem fé no indivíduo. Fazer uma pessoa portadora de alguma deficiência experienciar alguma coisa, porque às vezes a família tem medo, os professores”, disse.

A psicóloga exemplificou o argumento e pontuou a sensibilidade que deve vir da parte do profissional. “Em uma das ações do Caravana chegamos a ter no tatame, em uma escola, mais de 20 crianças atípicas e PCDs. Por exemplo, os autistas, alguns não gostam do toque, ficamos por perto mediando a situação. As famílias que ficam com medo da reação, se o filho (a) vai conseguir praticar. Então, o psicólogo traz esse olhar, não colocar o ser humano em uma caixinha, acreditando que ele tem potencial. Eu, como profissional, trabalho essa questão de ter fé no ser humano e não só olhar para a suas inabilidades”, explicou.

Projeto Caravana de Lutas

A metodologia de trabalho do Caravana de Lutas é ofertar ao público oito modalidades de esporte de luta, são eles: judô, jiu-jitsu, karatê, boxe, muay thai, wrestling, kickboxing e capoeira.

Na ocasião, os instrutores de cada arte marcial, em um tatame montado, recebem o público, que na maioria das vezes são crianças, adolescentes e jovens, mas idosos também já foram atendidos. Esse momento oportuniza as beneficiários a terem contato com a saúde, com o bem-estar e, claro, poder sonhar com a pratica de alguma dessas artes marciais e, até quem sabe, ingressar em uma carreira profissional; é assim que nascem os novos campeões.

Segundo informou o presidente da Interfami, Eduardo Freitas, o Caravana de Lutas, de acordo com o planejamento de trabalho, prioriza a execução de suas atividades em bairros que se encontram em risco de vulnerabilidade social.

“A Interfami está cumprindo o chamado dela. Vê as crianças recebendo seu lanche, seu kit, material para treino, brinquedos, foi um dia de muita diversão e atividade física, e voltado pra saúde. Essa décima edição, a gente conseguiu montar uma mesa de frutas, além do lanche, foi algo transformador para a equipe e todos que participaram do Caravana de Lutas”, disse com satisfação.


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