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6 de novembro de 2024

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Henrique Lima, de líder comunitário a vereador

Henrique Lima é o atual presidente do Podemos jovem, em Serra. Com 3.071 votos recebidos nas urnas, o morador de Feu Rosa assume uma das cadeiras na Câmara Municipal de Serra. / Foto: Divulgação.

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Política/Eleição Vereador
Por: José SalucciJornalista e diretor do Merkato.

Eleito a vereador no município de Serra, no último domingo (06), com 3.017 votos, distribuídos em exatos 70 bairros serranos, o político de 34 anos de idade, sendo o segundo vereador mais jovem na lista dos 23 eleitos, em 2024, Henrique Lima começou a experimentar o poder em tempos de liderança estudantil em sala de aula.

O atual vereador eleito é formado em Técnico Segurança do Trabalho, ex-líder comunitário de Feu Rosa, também já atuou como Conselheiro Municipal de Saúde, Conselheiro Municipal de Segurança e Conselheiro Municipal da Cidade. De quebra, quando jogou pelo América Futebol Clube, time do bairro em que foi criado, Feu Rosa, sagrou-se campeão Serrano. Na ocasião, exerceu outra liderança: organizar o time em aspectos administrativos.

Conheça agora, leitor, a história de um líder em diversas instâncias, inclusive, atual presidente jovem do Podemos, em Serra. A partir de primeiro de janeiro, de 2025, Henrique Lima irá compor a membresia da Câmara Municipal de Serra, uma nova caminhada de liderança.

1 – Henrique Lima, parabéns pela vitória! Antes de entrarmos no assunto da campanha, gostaria de saber o que os seus nove (09) anos de trabalho na Vale puderam contribuir à sua formação política?

Na verdade, minha veia política vem da infância. A minha vó é uma das fundadoras da Associação de Moradores de Laranjeiras, Leia Márcia, e meu avô também é um dos fundadores desse bairro, seu Ademir Antônio Lazari (em memória). Ambos lutaram para construir o bairro, e minha vó foi coordenadora de Área, da Fames – Federação das Associações de Moradores da Serra. Então, eu cresci nesse meio.

Já na profissão de Técnico Segurança do Trabalho, eu dava treinamento, fazia um trabalho junto com os supervisores, liderava as equipes. Essa profissão, ela tem uma visão à frente do que as pessoas estão vendo, então a gente precisa prever o risco, e trazendo isso para a política, a gente precisa enxergar aquilo que as pessoas não enxergam, para preparar o mundo e os ambientes públicos, para melhorar a vida de toda a população.

2 – O senhor exerceu a liderança de presidente da comunidade de Feu Rosa, aos 29 anos de idade; o que essa experiência pôde formar em seu caráter para se tornar um político?

Eu fui líder comunitário na pandemia, isso é um desafio que aumenta o sarrafo na trajetória. Mas dentro das minhas propostas, conseguimos alcançar muitos resultados positivos: regularizar, em cartório e na Receita Federal, a Associação de Moradores do bairro, que estava há 20 anos inativa; no fim do meu mandato, entreguei a associação com mais de 10 mil em dinheiro no caixa; conseguimos acabar com o lixão de 35 anos no bairro, eram retirados mais de 100 caminhões de lixo no mês; conseguimos reformar uma área em Feu Rosa chamada Chácara Mar Azul, calçamos a rua que faltava e construímos uma praça no local. Também conseguimos calçar toda a margem do córrego Irema, conseguimos trocar a iluminação para lâmpada led e conseguimos passar a coleta de lixo que não havia nessa localidade.

Outra coisa muito importante, conseguimos trazer para Feu Rosa o Centro de Referência da Juventude (CRJ). Hoje, se tornou um CRJ com investimento de mais de 2 milhões em dois anos, para atender nossos jovens em contraturno, com diversas atividades. O CRJ poderia ter ido para outro bairro, nossa gestão articulou a ida desse equipamento para Feu Rosa.

Entre outras atividades de trabalho, conseguimos fazer doação de sangue, dentro da Associação de Moradores, mais de 70 bolsas em um dia; também doação de cadeira de rodas, 40 no total, em uma ação conjunta com uma instituição. Também destaco a abertura do Núcleo da CDL, em Feu Rosa, conseguimos fazer campanha para o comércio, fizemos um diagnóstico do bairro: número de alunos, número de moradores, de ruas, de CNPJs ativos.

E, por fim, tivemos um trabalho muito grande com a economia solidária, um trabalho com as senhoras, uma parceria feita com a Aderes, onde a gente fazia toda a questão logística para ajudar, principalmente, o trabalho delas na pandemia, que era de confecção de máscaras. E, queria destacar que, trabalhamos junto as igrejas do bairro, colocamos o “Programa Qualificar ES” em algumas igrejas, com o propósito de ajudar a qualificar nossos jovens.

3 – Cite três características que aprendeu a desenvolver nesse tempo de liderança comunitária.

Em primeiro lugar, a empatia, me colocar no lugar do próximo. Em segundo, a resiliência, a gente não pode desistir daquilo que acreditamos e de onde podemos chegar.

Por fim, a gratidão, por tudo que a gente passou. O resultado nas urnas revela nosso trabalho. Feu Rosa me deu 2.193 votos nessa última eleição, isso é reflexo do nosso trabalho. Tivemos 122 votos em Vila Nova de Colares, reflexo do nosso trabalho em Feu Rosa, e 102 votos em Jacaraípe, destaco esses três bairros.

Equipe do atual vereador eleito em Serra. / Foto: Divulgação.

4 – Agora vamos falar da campanha. Quais foram suas principais pautas defendidas durante os 45 dias de trabalho?

Ganhei a eleição falando da minha história, falando da realização de todo o meu trabalho. Minha proposta, primordial, foi me aproximar do movimento do espectro autista, o qual tem crescido em grande proporção em nosso bairro, cidade e país. Nós precisamos de preparar esse ambiente público para cuidar dos autistas. Então, nós com cinco pais atípicos em nossa equipe de trabalho, viemos da pré-campanha até o fim da campanha, defendendo essa pauta.

Eu também defendi o esporte, a cultura e turismo da cidade. Tive a oportunidade de ser presidente do time de futebol feminino de Feu Rosa, sendo campeão do torneio Outubro Rosa.

No âmbito da cultura, estruturei a escola de samba do bairro, estava há mais de quatro anos com resultados em último lugar, e nós, com dois anos de gestão, colocamos a escola na posição de vice-campeã da Liga B de Acesso, do carnaval de Vitória, em 2024.

E, em 2023, a CDL, a ETEC, a Pontual Freios, tiveram o Curso de Mecânico Diesel aprovado no MEC, já se formou a primeira turma, e um dos articuladores fui eu. Só tem esse curso na Serra, no bairro de Feu Rosa.

5 – Henrique, na história de Feu Rosa, um bairro com mais de 40 anos de formação urbana, apenas dois vereadores já tinham sido representantes da comunidade na Câmara Municipal, agora, você será o terceiro. Em minhas pesquisas nos bastidores, ouvi muito que você não seria eleito, que seu trabalho não era consistente. Qual a sua resposta diante dessas afirmações? 

Eu comecei a minha vida pública como chefe de gabinete: trabalhei para a Cleusa Paixão, meu primeiro trabalho após ter saído da Vale. Também trabalhei no gabinete de Guto Lorenzoni, e para Marcos Madureira, na Assembleia Legislativa.

Como já disse, fui presidente de Feu Rosa, o maior bairro da Serra, então, além de ter passado pelos conselhos de Saúde, de Segurança e da Cidade.

Então, eu provei que, eu sei ir às urnas, e na verdade, eu não tenho a ideia de resposta para ninguém. O que eu fiz na eleição foi falar pouco com o grupo político.

6 – No dia 1º de janeiro, de 2025, o senhor pleiteará por outras pautas políticas em seu planejamento, além das que já foram citadas aqui na entrevista?

Nosso primeiro passo depois de eleito é voltar nosso pensamento para a cidade, nós temos o segundo turno para disputar, a urna mostrou que temos um grupo político que vai influenciar diretamente no resultado, tenho certeza disso.

Quanto ao dia primeiro de janeiro, nos reserva a posse, que nos reserva organizar nossa vida no gabinete, para entender como é que nós vamos caminhar nos próximos quatro anos para termos resultados eficazes e reais para a cidade de Serra.

7 – O senhor é o segundo vereador mais jovem a ser eleito neste 2024, em Serra. O que tem a dizer, ou a pontuar sobre o novo modo de fazer política, que problematiza a antiga estrutura ideológica politiqueira?

A política é um cenário dinâmico, e é importante para quem almeja militar nessa instância, que esteja antenado nas informações e novidades.

Entendo que, o processo da última eleição trouxe à Prefeitura um processo de desburocratização muito grande, precisamos de ampliar isso e entender a cidade, para que isso se torne funcional.

Nós temos alguns processos, como por exemplo: a marcação de consulta online, a qual não rodou da forma planejada e esperada. Então, precisamos de criar dispositivos para que ela funcione. A tecnologia é algo muito importante, mas temos que entender se a ponta está preparada pra quê e como preparar a ponta.

Da mesma forma, cito o Orçamento Participativo. Uma lei de 1994, onde eu disse que, seria preciso que eu fosse eleito a vereador para corrigir a lei. O OP precisa de ser revisto, e, agora, nós temos uma bancada de vereadores que são oriundos de movimentos populares, e eu estou pronto para ajudar.

Nós temos que entender que, o líder comunitário lidera a comunidade, ele não manda na comunidade, ele precisa ouvir a população para indicação dessa obra, e isso tem acontecido cada vez menos, nós precisamos resgatar isso.

8 – Henrique, Merkato agradece por ceder a entrevista. Deixe seus agradecimentos e últimas palavras.

Gostaria de incluir a história dos meus pais. Meu pai, Jordan Barreto do Santos, foi motorista da ambulância da Prefeitura, minha mãe, Maria Lúcia Araújo Lima do Santos, foi professora no bairro Feu Rosa.

Agradecer ao presidente do bairro de Ourimar, o Jan Jão; a tia Nira, da tradicional Quadrilha Junina do bairro Feu Rosa; a Lina Mendes, liderança política; as diversas lideranças religiosas e comerciantes do bairro.

Também falar da minha equipe eleitoral, uma equipe formada por lideranças. Nós temos 3 ex-candidatos, um de 500 votos, um de 450 votos e o outro de 320 votos. Nós temos um líder comunitário, e eu que sou ex. Também temos na equipe a liderança de Jacaraípe, o Gabriel, que é advogado, um misto de jovens e adultos. Quero dizer com isso que, temos lideranças que sabem pensar, e, hoje, nós estamos aí com 3.017 votos.


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